Quando Ben acordou naquela manhã, vendo a lareira apagada e começando a sentir o frio da montanha penetrar em sua pele desnuda, constatou que Leon não estava ao seu lado, e logo as lembranças frescas da noite anterior vieram a sua mente.Todas as sensações, toques, expressões, e o prazer.
Ben nunca imaginou que poderia sentir uma luxúria tão lasciva e poderosa quanto sentiu com Leon. O quanto seus corpos se uniram tão perfeitamente, como se tivessem sido projetados para se completarem.
Levantou se procurando suas peças de roupa, e após vesti-las, caminhou até o pequeno banheiro, sentindo uma leve dor em seus quadris. Ao olhar seu reflexo no espelho de bordas escurecidas, encontrou um jovem descabelado, mas de expressão diferente, seu olhar estava mais vivo, mostrando um brilho que até então, ele jamais pudera ver. Aquela expressão parecia de certa forma, feliz.
Ao sair do cômodo, viu Leon de pé na sala, arrumando algo sobre a mesa, estava distraído, cantarolando baixo. Exibia uma trança lateral, e Ben, caminhando até ele, pôde admitir pela primeira vez o quanto gostava daquele visual, da trança em si, dos cabelos longos e lisos, tão negros quantos seus olhos estreitos.
- Bom dia._ Ben falou, parando ao lado de Leon.
- Bom dia, pensei que o encontraria ainda dormindo, mas que bom que já acordou._ o chefe respondeu, exibindo seu famoso sorriso, mas que dessa vez, era pintado com algo diferente.
- Fui até a vila mais próxima, buscar algo pra gente comer, não é nada requintado, mas imaginei que você estaria faminto._ Leon falou, mostrando um singelo café da manhã disposto à mesa.
Depois de comerem, passaram um longo tempo do lado de fora da casa, onde jogaram tiro ao alvo em garrafas de uísque vazias. Isso claro, utilizando armas de fogo do pequeno, mas imponente arsenal que Leon matinha na velha casa.
Ben sabia atirar muito bem, o general o havia ensinado ainda pequeno, sempre que o levava a contra gosto aos quartéis. Ele não teve dificuldade em empunhar um revólver calibre 45, e estourou várias garrafas sem muito esforço.
O jogo obviamente se tornou uma aposta, e o vencedor dessa vez poderia pedir qualquer coisa ao outro. Ben acertou oito garrafas de dez, e sentia uma vitória quase garantida, mas sabia, que Leon deveria atirar muito bem, e no fundo, naquele jogo, não fazia grande diferença ao garoto ganhar ou perder.
Leon segurou a mesma arma, recarregando o tambor com um novo conjunto de balas, o girou, travando o eixo em um clique. Ben colocou mais dez vidros vazios de bebida, e logo se colocou ao seu lado.
O primeiro estampido soou, fazendo ao longe pássaros gralharem e baterem as asas agitados. Porém, a garrafa permaneceu intacta, fazendo Ben sorrir, olhando Leon.
- Estou um pouco inferrujado, eu não atiro à muito tempo._ o chefe respondeu junto de um sorriso.
- Ok, vou fingir que acredito em você._ O mais jovem falou, antes que Leon voltasse a empunhar a arma, mirar e atirar.
Dessa vez não só o som do tiro perfurou o silêncio, como também o vidro, estourando a garrafa, fazendo estilhaços voarem longe. E um a um, cada recipiente foi alvejado e destruído.
O mais jovem observou atentamente cada gesto e cada expressão de Leon ao atirar, e concluiu que cada ato e cada músculo do seu corpo se comportava tão naturalmente na execução de tal tarefa, tal como se fosse algo programado em seu DNA.
- Parece que você blefou, não é mesmo?_ Ben disse.
- Talvez um pouco._ O chefe afirmou, se aproximando levemente de Ben, levando a mão desocupada a tocar o rosto do outro.
- Eu nunca erro um tiro, a menos que eu queira. Eu não posso me dar ao luxo de não saber exatamente quando e onde atirar._ ele disse por fim.
- Então você errou o primeiro tiro de propósito? Porquê?_ o mais jovem indagou.
O chefe sorriu, afagando o rosto de Ben, seus olhos brilhantes e calmos, ao falar:
- Eu errei? Será mesmo?
Seu sorriso se estendeu, e enquanto ele se afastava do garoto, andando em direção onde antes as garrafas estavam, Ben se perguntava o que ele queria dizer.
Leon passou pelos vidros agora quebrados, continuando seu caminhar, alguns passos depois, ele apontava o cano da arma para o centro de um antigo alvo desenhado em um bordo.E lá estava o buraco recém aberto por uma bala.
- Eu nunca erro um tiro, querido Benjamin.
E ali, Ben entendeu, que Leon, estava anos luz à sua frente em muitos sentidos.
Quando o final da tarde chegava, trazendo consigo os primeiros tons escuros ao céu, ambos entraram no maverick, pegando a estrada.
A pista quase vazia proporcionou uma viagem tranquila, e em um pouco mais de uma hora, Leon estacionava em frente a mansão onde o jovem vivia.
- Espero que tenha se divertido e que tenha ficado claro quem eu sou._ Leon falou.
Ben virou se no banco do carona, visualizando o rosto do outro, que matinha um sorriso de canto.
- De certo foram muitas descobertas._ Ben disse, deixando um ar dúbio no ar.
Leon chegou seu corpo mais perto, até que os joelhos de ambos se encontraram. Sua mão mais uma vez foi levada a tocar o rosto do mais novo, esfregando o polegar delicadamente na bochecha. Os olhos se focaram um no outro, e os de Leon, aparentava uma breve nuvem de algo que parecia tristeza ao começar a falar:
- Eu não quero, e não posso te fazer promessas, tão pouco posso pedir algo de você.
- Você está me dando um fora como se eu fosse uma colegial?_ Ben falou, rindo um pouco.
- Eu nunca poderia dar um fora em você, nunca. Mas você entende que eu não sou a melhor pessoa para estar ao seu lado. Você é um garoto rico, com uma família, e inúmeras possibilidades no futuro. Eu não tenho futuro, cada dia pode ser o último, e eu não posso arrastar alguém precioso como você para a minha lama._ Leon falou, fazendo Ben entender o que se passava naquele olhar.
- O futuro que me aguardava não foi escolhido por mim, então, eu não tenho um. Eu vivo na lama enfeitada de berço de ouro desde que nasci, não tenho família, nunca tive uma. Riquezas? Jamais tive nada que fosse meu. Então, se seu medo é me corromper, ou me levar ao fracasso, não se preocupe, eu já conheço a sensação._ Ben falou, tocando também no rosto do outro, enquanto fixava seus olhos nos dele.
Novamente Leon sorriu, desanuviando sua expressão. Seus lábios roçaram delicados nos dois mais jovem, distribuindo o calor entre eles.
- Eu gosto muito de você, Benjamin. Tanto que nem sei explicar, mas eu não vou pedir que me siga. Não posso.
Leon falou, sentindo a respiração quente do garoto suavemente tocar sua pele. Fechando seus olhos, voltou a falar:
- Eu quero você, eu desejo ter tudo que você é, cada mínino pedaço do seu corpo e alma, mas essa escolha deve ser sua.
Ben o beijou, sutil e doce, um tocar de lábios comportado, sem pressa.
- Deixe que eu decida o que quero.
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Dirt Game ( Lgbtq+)
RomanceNa cidade fictícia de Touran, jogatina, álcool e violência são mais do que palavras. Ben, um jovem arrogante e correto aprenderá que se sujar às vezes é inevitável. ✨2° lugar categoria Lgbtq+/ concurso Masterbook✨ ✨1° lugar categoria Lgbtq+/ concurs...