Dirt Game ( Lgbtq+)

25- Fragmentos.

Tell me something, I need to know
Then take my breath and never let it go
If you just let me invade your space
I'll take the pleasure, take it with the pain

Os versos da canção, lentamente despertaram Ben, a música, tocava alta pela casa silenciosa. O garoto, se espreguiçou, esfregando o rosto diversas vezes.
Ao levantar, se deu conta de que havia dormido no tapete da sala, vestia apenas a cueca boxer azul e suas roupas estavam espalhadas pelos quatro cantos do ambiente.

O som alto vinha da direção da cozinha, e Ben entendeu que Kayko provavelmente estava tomando café da manhã. Se moveu preguiçosamente até o cômodo, encontrando o rato, preparando algo animadamente no liquidificador.

Assim que o viu, Kayko deu uma sonora risada, falando em seguida:

- Boa tarde meu camarada!

Ben, sentou se a mesa, apoiando o rosto nas mãos.

- Que porra de música alta do inferno! Você me acordou imbecil._ o garoto falou.

Kayko abaixou um pouco o volume, enchendo dois copos longos, com algo que parecia um suco. Em seguida, disse:

- Eu quis uma boa trilha sonora, para o seu despertar de ressaca.

- Muito gentil da sua parte. Mas desliga essa merda, minha cabeça dói pra caramba._ Ben, respondeu, esfregando as têmporas com os dedos.

Kayko não desligou, apenas abaixou um pouco mais o volume, se sentando logo a frente do amigo. Começou a beber o suco de cor amarelada, e logo em seguida, questionou Ben.

- O que rolou ontem? Você fugiu do salão?

- Quase isso, mas não importa. Você sumiu ontem, me largou naquela porcaria de lugar. _ Ben reclamou.

- Sumi nada, tentei te tirar de lá várias vezes, você quase me bateu, seu merdinha. Depois uma gata colou em você, e eu fui embora pra outro bar._ Kayko respondeu.

Ben, então se lembrou da garota.

- Onde ela está?_ perguntou.

- Ela acordou cedo, disse que tinha que trabalhar e foi embora. Ela deixou o telefone nesse bilhete. _ O rato disse, retirando um pedaço de papel, preso ao imã de geladeira, o entregando a Ben.

O garoto amassou o papel, sem se quer o olhar, o lançando para a lixeira mais próxima.

- Ei! Tá maluco?! Não vai gravar o número daquela gata?_ O rato disse, protestando.

- Não tô afim, vou tomar um banho, que é disso que eu preciso agora.

Ben respondeu, se encaminhando em direção ao banheiro, ouvindo que Kayko voltara a subir o volume do som.

Com os olhos fechados, o garoto sentia a água quente percorrer seu corpo cansado. As lembranças da noite anterior, não passavam de fragmentos espalhados por sua mente dolorida pelo abuso do álcool. Ele se lembrava vagamente de alguns trechos, e passou a revisitar, alguns desses quadros em sua cabeça.

As imagens dele e da garota desconhecida chegando em sua casa, dos beijos e das carícias, estendiam se a sua visão. Não lembrava se do rosto dela com exatidão, porém, tinha a certeza de que fizeram sexo, embora os detalhes da transa não estivessem tão claros.

Ele havia transado com uma garota que nem mesmo conhecia, e por mais que fosse possível pensar que foi uma aventura divertida, não foi essa a sensação que Ben teve. Ao lembrar vagamente da transa em si, ele só conseguia pensar e admitir, que não foi nem perto do que se pode chamar de bom.

E ao constatar essa sensação, uma certa repulsa pela tal garota, se apossou dele. Talvez por não conhece la. Ele pensou.

Sexo casual nunca foi um tabu para Ben, até porque, ele nunca havia de fato namorado por muito tempo, mas fazer as coisas assim, bêbado e com qualquer garota, não era como ele agia. Foi então, que o motivo pelo qual ele chegara a fazer o que fez, veio como um caminhão desgovernado, se chocando na sua mente.

"Leon".

Todas as cenas pré embriaguez, vieram com força total, lhe lembrando tudo de uma vez só.

O piano, a música, e o beijo.

"Filho da puta!"

Ben socou o vidro do box, tão forte, que sentiu seus dedos estalarem. Sua respiração ficou pesada de raiva. Ele bebeu para relaxar e esquecer tudo aquilo, mas de todas as memórias da noite anterior, aquela, era a mais clara, mais viva. Apenas fechar os olhos, já era o suficiente, para ver cada detalhe, tão nítido, como se estivesse acontecendo naquele momento.

"Droga!" " Droga!"

Ele repetia para si mesmo em voz alta, tentando espantar aquela sensação de raiva e vergonha.

Ele não conseguiu esquecer um detalhe sequer, tudo estava fresco, a sensação do corpo do outro junto ao seu, o toque dos dedos nos seus cabelos, e a lembrança predominante. O sabor do lábios de Leon.

Ben, não sabia o que fazer com cada uma dessas cenas impregnadas na sua mente, ele queria esquecê-las, apagá-las para sempre. E prometeu a si mesmo, que iria se livrar de todas elas, e jamais deixaria que alguém soubesse.

Após muito tempo de banho, Ben, deitou se na cama apenas usando um roupão, pensando que dali a poucas horas, estaria de volta ao salão, pagando aquela estúpida dívida.

*Acima a música que despertou Ben.