Fitando o chão impecavelmente branco, em contraste com o tom marrom de seus sapatos de couro já gastos, Makino aguardava sentado nas cadeiras nada confortáveis do corredor da pericia forense.Os legistas já haviam confirmado a causa da morte pelo corte na garganta, assim como também afirmaram que a língua do homem havia sido cortada com ele ainda vivo.
O requinte de crueldade ao qual Guinlé passou, certamente foi agoniante, e uma das piores cenas que o detetive já havia visto em toda a sua carreira na polícia.Mas havia um fato sobre tudo aquilo que estava fazendo a mente de Makino ferver. Um detalhe que para todos que o viram, não passava de um ato mórbido e afrontoso, mas que para o detetive, trouxe uma enxurrada de dúvidas e questões a serem pensadas.
Aquele objeto de aço e marfim. Aquela faca, tinha muito mais a dizer do que poderia parecer. Sim, a principio o detetive encarou aquilo como um recado para a força policial, e de fato, ele entendia que não deixava de ser. Todavia, para ele, aquilo tinha um outro e estranho significado.
Poucos naquela cidade sabiam quem era Leon, era possível contar nos dedos de uma única mão quem conhecia a sua história. Nem mesmo seus seguidores mais próximos podiam dizer algo sobre a vida do jovem.
Mas Makino o conhecia muitíssimo bem, e com tal conhecimento, ele podia afirmar, sem qualquer resquício de incerteza, que o jovem jamais usaria aquela faca para cometer um crime.
Tentando se despir de toda a culpa que o fazia supor Leon como o único suspeito para aquelas mortes, tentando enxergar aquele caso com novos e imparciais olhos, Makino se pôs a pensar.
Ele tinha a plena convicção de que o jovem era capaz de tudo para preservar sua posição, dinheiro e poder, ele também sabia bem que matar alguém para manter tudo isso não era um problema. Makino já havia feito uma linha precisa e perfeita para sustentar suas suspeitas, no entanto, ele, conhecedor real da vida e trajetória do rapaz, não podia desconsiderar um detalhe pertinente sobre aquela faca, não um que mudava em muito todas as suas certezas.
Aquela faca carregava consigo uma antiga e quase tocante história, história essa que foi plenamente vista e partilhada pelo detetive.
Seu velho amigo Leon, trouxe aquele objeto de sua terra natal, fora um presente dado por seu pai, em seu aniversário de quinze anos. A bela faca era passada de uma geração para a outra, e como o velho amigo considerava o pequeno oriental seu próprio filho, este foi contemplado com o ítem quando chegou a idade da tradição.
O mais velho explicou lhe toda a história daquele objeto, dando ênfase em o quanto era importante que o jovem cuidasse dela, para que no futuro, ele repetisse o ato com seu filho.
Makino não só participou daquela conversa, como também achou o gesto deveras significativo. Na época, ainda sentia orgulho e alegria nos almejos utópicos e sociais do amigo, ainda enxergava nele e em todos os seus atos uma grandiosidade esplêndida.
Essa visão idealista e sonhadora que o detetive tinha de seu amigo, pouco a pouco deu lugar a um olhar mais crítico e realista, muito em parte pelo seu ingressar na polícia.
Ele tentou persuadir o amigo a abandonar aqueles ideais loucos, tentou faze lo largar tudo aquilo, mas não obteve qualquer sucesso, e ele creditava isso, a aquele garoto chamado Taro.Ele sabia que o amigo faria tudo para proteger e cuidar daquele menino, ele via o amor paternal e o cuidado sem igual que ele dava ao pequeno; a recíproca era verdadeira, e por isso, Makino sabia que o jovem, por mais sujo que pudesse ser, não usaria algo com tamanho significado entre ele o homem que o criou, para realizar um ato criminoso.
O jovem Leon não mancharia um presente tão importante. Disso, Makino tinha certeza.
Revisando todas essas informações, o detetive chegava a bifurcações perigosas, pois a certeza em que trabalhava até então, ganhava uma notória ranhura, tão grande que ele não poderia ignorar.
Se não era Leon a cometer aqueles crimes, quem seria então? E porquê?
Indagou a si mesmo se Asako, que se matinha discreto demais nos últimos tempos, poderia estar envolvido. Começou a pensar em várias possibilidades, várias nuances, por isso, decidiu olhar todos os registros dos crimes, novamente e atentamente, buscando agora uma nova abordagem.
Uma que o levasse ao verdadeiro assassino.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dirt Game ( Lgbtq+)
RomansaNa cidade fictícia de Touran, jogatina, álcool e violência são mais do que palavras. Ben, um jovem arrogante e correto aprenderá que se sujar às vezes é inevitável. ✨2° lugar categoria Lgbtq+/ concurso Masterbook✨ ✨1° lugar categoria Lgbtq+/ concurs...