6- Um lugar estranho.

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Kayko deu algumas batidas leves no portão de ferro, do outro lado, uma voz com um forte sotaque russo respondeu:

- O que quer?

- Quero dançar. _ Kayko respondeu.

Ben não entendeu aquela resposta, mas no mesmo momento em que Kayko disse essa frase estranha, o portão foi aberto. Do lado de dentro, um sujeito ruivo e já com uma idade avançada sorriu ao ver Kayko.

- Como está a pista de dança hoje? _ perguntou Kayko.

O sujeito deu uma batidinha no ombro do rato respondendo:

- Fervilhando, como está seu gingado hoje?

- Melhor do que nunca, vou arrasar!_ Kayko disse.

Ben entendia cada vez menos aquela conversa, Kayko se virou, deixando o ruivo fechar o portão atrás deles.
Na frente dos garotos, havia um longo corredor, Kayko tocou seu braço, indicando que seguissem em frente.

Depois de andar alguns metros, chegaram a uma porta de vidro escuro, era possível, mesmo antes de entrar, ouvir um burburinho de vozes vindas lá de dentro. Kayko empurrou a porta indicando com a cabeça para que Ben entrasse.

Ao passarem para o lado de dentro, imediatamente Ben percebeu que aquilo era um bar, um balcão enorme estava disposto, com muitos bancos a sua frente, várias prateleiras com todos os tipos de bebidas estavam na parede atrás do balcão.

Haviam algumas mesas espalhadas, e o lugar estava relativamente cheio, no balcão algumas garotas serviam bebidas, usando roupas muito provocativas. O lugar era escuro e havia uma mistura de cheiros que variavam entre cigarros e cerveja barata.

" Um bar? Então é isso?"

Ben pensou.

- É isso? Um bar pulguento? Pra esse lugar que você vem?_ Ben perguntou.

- Em parte sim. _ disse Kayko.

- Tanto mistério pra isso? Você é um idiota. _ Ben disse rindo.

Enquanto andavam por entre as pessoas, Kayko parou Ben por um momento, apontando para o lado direito.
Ben olhou na direção apontada, enquanto acompanhou Kayko, que caminhou em direção a uma porta dupla preta, que estava bem no meio da parede, do lado direito ao balcão.

- Você está pronto?_ disse Kayko, com um sorriso travesso no rosto.

- Pra que imbecil?

Ben respondeu, já se arrependendo de ter ficado preocupado com aquele rato estúpido e ido até aquele bar no meio do nada.

Kayko apertou uma espécie de campainha, e ambos esperaram durante um pouco de tempo.
A porta abriu, um pequeno espaço para que ambos entrassem, uma bela e jovem garota loira os recepcionou, dando risinhos e segurando Kayko pelas mãos, ela disse com um tom de voz, um pouco meloso e estridente.

- Kay, querido! Oh meu bem, pensei que não viria hoje. Esse lugar já estava um saco sem você!

- Sua bobinha, você sabe que eu sempre venho.

Ben achou aquela cena engraçada, Kayko sempre tão safado, estava bastante desconcertado com aquela garota.
Quando ela se afastou, mandando beijinhos pelo ar para Kayko, só então, Ben pode se dar conta de onde estava de verdade.

A sua frente, várias mesas estavam dispostas. Algumas mesas de sinuca, algumas de mahjong e todas as outras, mesas de Black Jack. O lugar era amplo e muito bem iluminado, embora estivesse com muitas pessoas ali, havia um silêncio tenso e diferente, um jazz tocava ao fundo, numa melodia cadenciada e constante.

"Então é jogatina" "Esse lugar é uma espécie de cassino".

Ben pensou.

Kayko continuou caminhando entre as mesas, acenando para algumas pessoas. O ambiente era composto em sua maioria esmagadora por homens jovens, Ben podia até mesmo reconhecer alguns rostos da universidade. Parando em uma mesa Kayko riu e puxou Ben para se sentar.
Era uma mesa de Black Jack, mais dois caras estavam sentados nela.
Kayko apresentou os rapazes dizendo seus nomes, mas Ben não prestou nenhuma atenção nisso. Ele estava mais interessado em observar tudo aquilo.
Após perguntar se Ben iria jogar, tendo Ben negado imediatamente, o rato e os outros dois começaram a primeira partida.

No início, eles apostavam valores insignificantes de dinheiro, mas depois que um outro sujeito se juntou a mesa, as quantias foram ficando maiores e Kayko passou a ficar mais empolgado.

" Por isso ele sempre precisa de dinheiro".

Pensou Ben, sem acreditar o quanto Kayko era ruim naquele jogo.

As horas passavam, e Kayko perdia cada vez mais. Os dois rapazes que estavam na mesa quando o rato e Ben chegaram, já haviam desistido e ido embora. Quanto mais Ben observava, mais ele entendia o porquê de Kayko não ganhar. Kayko não conseguia perceber as jogadas, ele jogava as cartas a esmo, sem pensar antes. Então, em dado momento, Ben notou, que fora nenhum talento que Kayko tinha, o sujeito com quem ele estava jogando, claramente estava contando as cartas.
Ben não entendia de cassinos, mas ele conhecia muito bem Black Jack, e ele sabia que aquela atitude em um jogo a sério, não era justa.
Disfarçadamente, ele sussurrou no ouvido de Kayko.

- Esse cara está te roubando, vamos embora.

- O quê? _ disse Kayko.

- Ele está contando as cartas, você não vai ganhar dele. _ Ben falou.

- O que vocês estão cochichando? Se querem namorar se mandem daqui! _ O cara de cavanhaque na mesa, disse irritado.

Ben, era o tipo de cara calmo e tranquilo, mas que tinha um pavio bastante curto. Ele pegou as cartas das mãos de Kayko, em um movimento suave e as jogou na mesa, dizendo:

- Estamos saindo, você está roubando meu amigo.

Ben se levantou, esperando que Kayko fizesse o mesmo, mas Kayko continuou sentado. O homem se levantou também, visivelmente irritado, ele também jogou as cartas na mesa dizendo:

- O que você falou moleque?

Ben respondeu, a voz tranquila e direta.

- Você está roubando. Quer que eu repita? Você está roubando.

Puxando a barra da camisa de Ben, Kayko falava entre os dentes.

- Cala a boca Ben.

- Como assim Kayko? Esse cara tá te fazendo de bobo! _ Ben disse, sem entender porque Kayko não estava puto com a situação.

- Garoto, acho que você quer muito me irritar né?! Que tal levar um soco nessa cara bonita? _ O sujeito já disse essa frase empurrando a cadeira para o lado, deixando claro que iria partir para cima de Ben.

- Me dê o seu melhor coroa.

Imediatamente o sujeito partiu na direção de Ben, Kayko se levantou rápido, tentando argumentar com o cara.

- Ei! Ei! Deixa pra lá, é a primeira vez dele aqui. Nós vamos embora!

- Muito tarde pra isso Kay.

Quando o punho grande do sujeito já estava a milímetros de atingir o rosto de Ben, e ele fechou os olhos esperando o impacto do golpe, ele deixou de ouvir os sons que estavam a sua volta. Em meio a esse estranho silêncio, uma frase sobressaiu.

- Quanta energia desperdiçada.

Dirt Game  ( Lgbtq+)Onde histórias criam vida. Descubra agora