21- Quando estamos a sós.

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* Capítulo com conteúdo +16.

Naquela mesma madrugada, quando os primeiros raios de sol buscavam espaço entre as nuvens espessas para iluminar o céu, Millo entrava pela porta do seu pequeno apartamento, que ficava em um sobrado apenas duas ruas depois da White Moon.

Ele estava cansado, puxando o ar fundo em um suspiro, ele se virou para a sala estreita, encontrando os olhos de Mika, a observa-lo.

Aquele olhar encontrando o seu, foi o suficiente para lhe trazer um sorriso singelo aos lábios. Ele caminhou em direção ao rapaz, que se mantinha sentado no sofá marrom, já muito desgastado pelo tempo. Com uma das mãos, tocou aqueles cabelos cor de chamas, tão macios que mais pareciam flocos de algodão. Em seguida, falou de forma gentil:

- Por que não foi dormir? O céu já está clareando.

Mika afastou a mão que afagava seu desarrumado cabelo, e com um tom de voz mal humorado, respondeu:

- Estava na esperança de você vir pra casa hoje. Já faz algum tempo afinal.

- Desculpe, eu sei que você está chateado. _ Millo respondeu.

Mika se levantou, andando alguns passos pela sala.

- Misha ficou com o chefe?_ Mika questionou.

Millo seguiu até a parede que separava a sala da cozinha, onde Mika havia parado. O abraçando por trás, e colando seu queixo no alto da cabeça do rapaz ruivo, ele voltou a falar:

- Sim, ela vai ficar com ele todo o final de semana. Então, mude seu humor um pouco.

- As vezes isso me cansa, nós também temos uma vida! O chefe deveria contratar outra pessoa. Ou...não sei, talvez ficar sozinho._ Mika disse, de forma amarga.

Millo o virou para a frente, ainda o segurando firme pela cintura.

- Esse é o nosso trabalho, somos muito bem pagos pra proteger o chefe, esqueceu-se disso Mika?!_ Millo falou, mostrando um pouco de irritação transparecer na voz.

Mika percebeu, o respondendo usando um tom um pouco mais doce.

- Eu sei disso... Só acho que tudo tem um limite. Eu não sou como você, eu não idolatro o chefe, pra mim e Misha, aquilo é só um trabalho.

Millo se curvou, beijando a testa de Mika ao passo que dava uma ligeira risada. Se afastando alguns centímetros, lhe disse:

- Vamos mudar de assunto, ok?! Já faz um tempo que não durmo em casa. Vamos aproveitar isso de uma forma melhor, do que falar do chefe.

- Você tem razão._ Mika falou, devolvendo a risada.

- Vamos tomar um banho? Estou cheirando aquele cassino._ O grande homem, disse, puxando as mãos de Mika em direção ao banheiro.

A água quente escorria sinuosa pelos dois corpos nus, o vapor envolvia todo o espaço azulejado, deixando o ambiente nebuloso e aquecido, enquanto do lado de fora, um geada fria começava a cair sobre a cidade já clara pela luz do dia.

Com a esponja coberta de gel de banho, Millo a deslizava pela pele alva de Mika, a espuma, a quentura da água, deixavam aquele corpo ainda mais sensual, mais atraente.

Millo não se cansava de olhar, de admirar, de desejar Mika. Se lembrava vividamente de quando Bill apareceu no bar, a seis anos atrás, com os gêmeos ainda adolescentes. Buscavam trabalho e um lugar para ficar, Leon os deu muito mais do que isso, devolvendo a aquela família que não tinha nada, um pouco de dignidade.

Millo sendo um homem sem muita experiência em relacionamentos, calado e focado em estar pronto a servir o chefe, não demorou a se encantar com aquele garoto rebelde, de olhos cor de esmeraldas e cabelos cor de fogo. E logo, percebeu, que embora o garoto fosse terrivelmente teimoso e não levasse nada a sério, ele retribuía os olhares, e agia diferente quando estava perto de Millo.

Um pouco tempo depois, os dois já trocavam beijos e carinhos, até que sem sequer perceberem já eram um casal.

Agora, enquanto um banho lavava as frustrações e o difícil dia de trabalho de ambos, um momento de carinho e intimidade os unia como em raras ocasiões.
Não tinham tempo suficiente juntos, devido ao estilo de trabalho que tinham, ao compromisso de estar vinte e quatro horas a disposição do chefe. Fato que invariavelmente irritava Mika, e que geralmente era o principal motivo de discussões entre o casal.

Por esse mesmo motivo, cada vez que era possível estarem a sós, desfrutando apenas da companhia um do outro, ambos se dedicavam a aproveitar cada mínimo segundo.

Nos minutos que se passavam naquele banho quente, cada um mostrava a sua dose de desejo e gentileza. Millo acariciava e beijava os lábios rosados e quentes de Mika, saboreando o calor. Suas mãos, tocavam de forma firme e delicada cada mínimo espaço por onde passavam.

Sua boca escorregava sorrateira dos lábios de Mika para o pescoço, os ombros sardentos, deliciando se com o gosto da pele do amado. Na sequência, continuou seu percurso de beijos pela clavícula, até chegar nos pequenos seios, sempre escondidos por blinders*. Os beijou, como sempre fazia, porque Millo amava cada pedaço de Mika, e o fato do homem que ele amava ter nascido do mesmo gênero da irmã, não mudava nem um pouco o seu amor, nem o diminuía. Fizeram amor ali, em meio espuma perfumada, ao vapor, soltando os gemidos e sons que só os amantes apaixonados poderiam fazer; porque ambos se amavam, aceitando e desejando um ao outro, do jeito que eram.

Se Mika se via como um homem, se era essa a verdadeira identidade do seu ser, Millo só podia aceita-lo e ama-lo como tal.

Para Millo, Mika era o homem da sua vida, o único dono do seu corpo e coração, e ama-lo e cuidar dele, era tudo o que verdadeiramente fazia aquele grande homem feliz.

* Blinders/ tops que comprimem os seios.

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