30- Mantenha a boca fechada.

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Enquanto isso, Ben chegava  no horário de sempre ao salão de jogos naquele domingo, para a sua felicidade, no dia anterior Leon não apareceu no cassino, e isso foi o suficiente para que o garoto ficasse aliviado. Ele definitivamente não queria vê-lo e lembrar de tudo o que acontecera entre eles.

Assim que adentrou o bar porém, sentiu um clima estranho, diferente de qualquer outro dia em que estivera alí. Todos estavam muito calados, pensativos e visivelmente incomodados com algo.
Os cumprimentos dirigidos a ele foram quase insignificantes, e até mesmo as meninas do bar, sempre muito simpáticas, pareciam aéreas e apenas sorriram discretamente para ele.

"Algo aconteceu".

Ben pensou.

Após atravessar a porta e chegar ao salão, notou que as mesas não estavam arrumadas, o costumeiro jazz não estava tocando, Millo e Mika pareciam tão distraídos que mal notaram que ele havia chegado.

Se aproximou de ambos, vendo Robin, a recepcionista sempre tão alegre, com o rosto ligeiramente choroso, sentada no primeiro degrau das escadas.

- O que aconteceu nesse lugar?_ Ben perguntou, se dirigindo a Millo.

O grande homem, sentado ao lado de Mika em duas cadeiras dispostas lado a lado, levantou o rosto. Respondendo ao garoto parado a sua frente:

- Huy foi assassinado, e o chefe está na delegacia.

Ben imediatamente se lembrou daquele nome.

" O cara de cavanhaque que quase me bateu quando estive aqui da primeira vez."

- Ele foi morto?_ Ben questionou Millo.

- Sim, nessa madrugada.

Millo respondeu, mostrando um rosto tenso, e com vincos de preocupação marcando sua testa.

- E por que Leon está na delegacia? O que ele tem a ver com isso?_ Indagou Ben.

Ben podia imaginar que Huy não era um cara de boa índole, e não era surpreendente que tivesse sido morto. Mas o que Leon podia ter com esse assunto, deixou ele apreensivo.

- Isso não interessa a você, não vai ter expediente hoje. Pode dar o fora._ Millo falou de modo seco, áspero.

Ben o fitou por alguns instantes, conectando as pontas daquelas informações. Se movendo em direção a saída, fez uma observação que não podia ser mais impertinente para os ouvintes da mesma.

- Chefe Leon um assassino hein?! Espero que apodreça na cadeia.

Ao virar se para sair, ouviu os passos rápidos e pesados se aproximarem, em um flash, seu ombro foi puxado, e um soco forte atingiu seu rosto.
Momentaneamente desnorteado, olhou para a frente, em seguida tendo seu pescoço agarrado por um Millo enfurecido.

Millo o imprensou contra a parede, apertando seu pescoço cada vez mais forte, o suspendendo, como se ele fosse um mísero boneco de pano.

Ben tentava tirar as mãos do homem de si, e mesmo que o garoto tivesse força bruta também, e fosse conhecedor de vários estilos de luta, o tamanho e força muscular de Millo eram infinitamente maiores.
Ele estava sendo sufocado, e seu ar já diminuía consideravelmente. Ouviu ao longe Mika e Robin correndo na direção dos dois, gritando, tentando tirar as mãos do grande homem do garoto, mas nada adiantava.

Mesmo com a visão embaçada, devido ao oxigênio que não conseguia chegar ao seu corpo, Ben via o rosto desfigurado de raiva de Millo, as veias do pescoço saltando. Enquanto o homem lhe apertava mais e mais, passou a gritar loucamente com o garoto.

- Tô cansado de você! O que você entende? O que você sabe?

Tendo seus braços puxados por Mika e Robin, Millo não soltava o garoto, furioso, continuou a gritar:

- Quando você saiu da sua bolha de menino rico pra fazer algo por alguém? Nunca né? Leon é mais homem do que você jamais será, seu merda!

Mika passou a puxar com mais força o braço esquerdo de Millo, falando com ele:

- Millo pare! Solte o! Você vai mata lo desse jeito! Por favor!

- Não! Ele não pode! Não pode falar assim do chefe! Miserável!_ Millo bradava.

- Solte ele! Ele vai morrer! Millo! O Leon jamais aprovaria isso! Não piore as coisas pro chefe._ Mika falou.

Ben sentiu seu corpo sucumbir, e lentamente tudo apagou a sua frente. Nesse instante Millo soltava o corpo do garoto, que caiu ao chão, desmaiado.
Millo respirava de forma agitada, puxando o ar com força pelas narinas. Mika e Robin se abaixaram, checando o estado de Ben, e ao se certificarem que o garoto estivesse apenas apagado, o levaram até o armazém no segundo andar. Após colocá-lo na cama, Mika pediu a Robin que vigiasse Ben, descendo em seguida para falar com Millo.

Ao encontrá-lo de cabeça baixa no salão, segurando o próprio rosto, Mika se sentou ao lado do grande homem e se pôs a falar:

- Você não podia ter feito isso, sabe o quanto está errado?

Millo respirou fundo, mas sem olhar para Mika, respondeu:

- Eu sei que fiz merda, ok?! Mas não dá pra ouvir o desrespeito que esse moleque diz, e ficar calado! Eu perdi a cabeça.

Mika afagou a cabeça de Millo, mas não tão delicadamente, havia um misto de  força e carinho, no seu ato.

- Olha pra mim Millo._ O ruivo disse.

Millo levantou o rosto, seus olhos estavam vermelhos, sua expressão vazia.

- Desculpa._ ele falou.

Mika passou a mão levemente no rosto do homem, alisando com o polegar a bochecha com uma leve barba por fazer.

- Não é a mim que você deve desculpas. E você sabe disso._  Mika disse, enquanto o olhava de forma séria.

Cerca de uma hora depois, Ben despertava sobre uma cama desconhecida. Olhou para o teto e teve certeza de que não estava em casa, depois ao olhar ao redor e se deparar com Robin o fitando em silêncio, se lembrou imediatamente do que acabara de acontecer, dando um salto da cama.

- Eu vou matar aquele filho da puta!_ gritou.

Mas foi segurado pelos ombros por Robin, que falou:

- Calma aí bonitinho, antes de qualquer coisa, vamos conversar.

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