ღ꧁ღ╭⊱ꕥEu já estava com câimbra ajoelhada junto àquela árvore. Angélica havia me garantido que a carruagem do Rei Vítor Emanuel II passava ali todas as quintas-feiras para recolher o tributo das províncias vizinhas. No entanto, até o momento, nada da tal carruagem. "Se essa carruagem não aparecer, juro que mato a Angélica!", resmunguei alto, lançando um olhar ao céu. Era minha segunda tentativa só naquela semana, e se não desse certo desta vez, eu desistiria. Minhas mãos estavam cheias de bolhas, adquiridas cortando madeira para bloquear a estrada. Enquanto esperava, repetia para mim mesma que não havia mal em fazer aquilo. Eu não era uma pessoa má, nem uma ladra sem escrúpulos; era uma sobrevivente. Faria o que fosse necessário para garantir minha passagem para fora daquele país. Além disso, não era justo. Por que alguns tinham tanto, enquanto outros passavam fome? Eu só estava nivelando as coisas, por assim dizer. E roubar do contador de tributos não era bem um roubo, afinal, ele nos havia roubado primeiro.
Escutei um barulho, o som da roda de madeira em contato com o chão de terra, chamou minha atenção. A carruagem estava se aproximando da estrada, e eu me preparei para o ataque. Era tudo ou nada, pensei, sentindo a adrenalina correr pelas veias. A carruagem parou exatamente onde eu havia planejado, logo abaixo da minha árvore de emboscada. "Sou ótima nisso, tenho que admitir!", exclamei vitoriosa, enquanto observava o sucesso do meu plano.
Então foi aí que o vi pela primeira vez:
Ele era imponente, com uma estatura que dominava o ambiente. Seus cabelos curtos, como a tonalidade da areia do mar, emolduravam um rosto de traços marcantes, com um queixo definido. Ao desmontar do cavalo, permaneceu junto à porta da carruagem com uma postura rígida, uma reserva típica de um líder ou militar. Bonito, caramba, quem eu estava tentando enganar? Ele era de tirar o fôlego.
― Está bem! ― pensei, reafirmando meu foco. Estou aqui por uma única tarefa e um único objetivo: recuperar o meu dinheiro. Volto minha atenção para a estrada quando escuto um dos guardas chamando por ele.
― Príncipe Humberto! ― grita o homem.
Devia ser o guarda real, constato. Eles sempre usavam as mesmas roupas, eram tão iguais que mal se conseguia distinguir um do outro.
― Alteza, é uma árvore caída! Está a bloquear a passagem. ― Inquiriu o guarda.
― Precisamos retirá-la para seguirmos viagem. ― Completou o outro.
Humberto! Então esse era o nome do Príncipe. Entorto o nariz assim que escuto a palavra "Príncipe". Todos nós, colonos, tínhamos uma certa aversão ao Príncipe e a tudo que ele representava.
― Então vamos retirá-la, soldado. ― Respondeu o Príncipe, alegremente.
Que estranho, ele não se mostra como um Príncipe; suas roupas eram simples, seus modos, não enfadonhos como os dos demais. Se o visse nas ruas, poderia jurar ser um de nós. Talvez fosse sua consciência o reprovando; deveria se sentir culpado, com tudo que acontece conosco. ― Dou de ombros.
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𝙰𝙺𝙰𝙸 𝙸𝚃𝙾 - 𝙵𝚒𝚘 𝚟𝚎𝚛𝚖𝚎𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚘 𝚍𝚎𝚜𝚝𝚒𝚗𝚘
RomancePor que Liana teme entregar seu coração? Por que Vera teve seu filho retirado de seus braços ainda recém-nascido? Será que sonhos têm a ver com vidas passadas? A existência de almas gêmeas é real? Akai Ito - Fio vermelho do destino descreve a busca...