𝙸𝚃𝙰́𝙻𝙸𝙰 - 𝙽𝙰́𝙿𝙾𝙻𝙴𝚂 𝟷𝟾𝟼𝟾

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ღ꧁ღ╭⊱ꕥ Tem dias em que era melhor não ter amanhecido; dias em que o céu nublado parece apagar a felicidade do mundo

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ღ꧁ღ╭⊱ꕥ Tem dias em que era melhor não ter amanhecido; dias em que o céu nublado parece apagar a felicidade do mundo. Meu silêncio chorava sua ausência. E, de repente, tudo virou um buraco, uma tristeza aguda, a maior de todas. A dor da sua perda era constante e sólida em mim.

Hoje, pensei nela com saudade e meu coração se encheu de tristeza. Mas não há nenhuma novidade nisso, porque pensei nela ontem, anteontem e todos os dias desde que ela se foi. Pensava nos momentos felizes, nos momentos tristes, no que eu deveria ter feito e não fiz, no que eu deveria ter dito e não disse. Por que somos assim? Por que deixamos tudo para amanhã, como se tivéssemos a certeza de que ele virá? O meu não veio.

Mas algo profundo me consolava. A sua lembrança continuava viva dentro de mim e seria eternizada em meu coração para sempre. Já havia se passado um mês desde sua morte. Eu havia resolvido tudo: as papeladas, o enterro, nossa casa. Humberto me ajudou no que pôde, discretamente, é claro, já que mantínhamos em segredo o nosso romance. Era doloroso pensar que ela não teve a chance de conhecê-lo, de conhecer nossa nova terra, de ver nossa vida mudar para melhor. Mas eu faria valer a pena por ela.

― Luna! ― gritou Angélica, entrando pela porta com urgência.

Disfarcei; odiava chorar, e odiava ainda mais quando me viam chorando.

― Ei! ― disse ela, com uma voz cheia de preocupação. ― Como você está?

― Estou bem.

― Luna? ― Angélica me puxou para um abraço caloroso.

― Estou bem! ― disse, tentando ser convincente, enquanto a levava até uma cadeira próxima. ― Já arrumei a venda da casa. ― Informei, secando meu rosto rapidamente. ― O senhor Fabrício irá comprá-la.

Ela assentiu, seus olhos refletindo um misto de tristeza e compreensão.

― Acredito que daqui a alguns meses já consiga ir para o Brasil.

― Você tem certeza, Luna? Não tem medo? Dizem que é uma viagem difícil. E agora que sua mãe se foi, eu pensei que desistiria dessa ideia.

Respirei fundo, sentindo o peso da decisão. Deixar minha Itália, meus amigos, principalmente Angélica, não era uma escolha fácil. Mas era o único jeito.

― Não há chances aqui, Angélica. Você, mais do que ninguém, sabe disso!

Angélica abaixou o rosto, envergonhada.

― Me desculpe, não foi isso que eu quis dizer.

― Eu sei! Tudo bem, digo isso por conta do príncipe. Você não gosta dele? Vai deixá-lo?

Eu tinha contado tudo para ela; Angélica era minha melhor amiga. Humberto a conheceu, e logo ficaram amigos também. No começo, ela tinha vergonha de falar com ele, até que ele a convenceu a deixar as formalidades de lado.

― Sim! Eu o amo, Angélica! ― disse, tentando sorrir através das lágrimas. Apesar da minha felicidade em ter Humberto comigo, a dor da ausência de minha mãe ainda era forte e doía em meu peito. ― E é exatamente por isso que ele virá comigo.

Dessa vez, não consegui evitar sorrir ao ver seu espanto.

― O QUÊ? ― exclamou, com os olhos esbugalhados. ― Eu não imaginava! Ele irá? ― Abraçou-me com uma alegria contagiante. ― Como?

― Conversamos e decidimos, essa é a única maneira de ficarmos juntos. Ele não pode casar comigo aqui; o rei jamais permitiria. Ele acabaria sendo preso ou algo pior poderia acontecer. ― Senti um arrepio ao pronunciar aquele pensamento.

― Então vocês vão fugir juntos?

― Sim! Eu o amo tanto, Angélica, de uma forma que jamais pensei que amaria alguém.

― Que romântico, Luna! Fico muito feliz por você.

― Mas é segredo, Angélica! Segredo absoluto, ninguém pode saber!

― Sim, mas é claro. Não se preocupe, minha boca é um túmulo. Não contarei a ninguém! ― disse, cruzando os dedos com um sorriso cúmplice.

Sorri, sentindo uma onda de alívio. ― Obrigada.

― Meu Deus! Quase me esqueci, ele te mandou um recado. ― Estendeu-me um bilhete com um brilho nos olhos. ― Um dos guardas me viu na feira e me pediu para te entregar.

Desdobrei o papelzinho com mãos trêmulas e li seu recado, o coração acelerando a cada palavra.

― O que é? ― Angélica perguntou, curiosa, inclinando-se para espiar.

― Ele quer me encontrar na clareira! ― exclamei, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo.

𝙰𝙺𝙰𝙸 𝙸𝚃𝙾 - 𝙵𝚒𝚘 𝚟𝚎𝚛𝚖𝚎𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚘 𝚍𝚎𝚜𝚝𝚒𝚗𝚘Onde histórias criam vida. Descubra agora