𝙸𝚃𝙰́𝙻𝙸𝙰 - 𝙽𝙰́𝙿𝙾𝙻𝙴𝚂 -𝟷𝟾𝟼𝟾

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ღ꧁ღ╭⊱ꕥ Fui encontrar Humberto no final da tarde, ansiosa para vê-lo

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ღ꧁ღ╭⊱ꕥ Fui encontrar Humberto no final da tarde, ansiosa para vê-lo. Sentia uma saudade intensa. Sonhava com o dia em que poderíamos ficar juntos sem medo, sem cobranças, sem precisar nos esconder. Sabia que Humberto renunciava a muitas coisas por mim, e isso só aumentava o meu amor por ele. Quando cheguei à nossa clareira, fiquei espantada ao ver que quem me esperava não era Humberto, mas seu primo, Diogo. Eu o conhecera na cidade, durante o incidente com Giuseppe, mas na ocasião não prestara muita atenção nele. Ele não se parecia em nada com Humberto: mais baixo, com cabelos negros penteados para o lado e um bigode horrendo. Seu uniforme, ao contrário do de Humberto, transmitia um ar de arrogância. Não gostei de vê-lo ali; qualquer que fosse o motivo, sabia que não era coisa boa.

― Buon pomeriggio! ― Cumprimentou-me. ― A senhorita deve ser a Luna, correto?

Não respondi, nervosa demais para falar.

― Eu a conheci na cidade, mas creio que não se lembre de mim. Meu nome é...

― Duque Diogo, primo de Humberto. Lembro-me do senhor ― disse, sem rodeios. ― O que o senhor quer comigo?

― Vocês já se tratam pelo primeiro nome? Interessante!

Enrijeci, o medo me arrepiando a espinha. Algo nele me dizia para ter cuidado.

― Desculpe-me, Duque, mas não estou entendendo. Pode ir direto ao ponto? Humberto pediu-me para encontrá-lo aqui. Aconteceu alguma coisa?

Um arrepio subiu pela minha espinha e meu estômago se contraiu de medo. E se o rei tivesse descoberto nossa fuga? E se Humberto estivesse em perigo, prestes a ser preso ou, pior, a ser executado?

― Sim, creio que aconteceu. ― Ele me observava dos pés à cabeça, me deixando cada vez mais nervosa. ― Agora eu entendo!

― Desculpe, mas não entendi. ― Respondi, a voz tremendo.

― Entendo por que meu primo quase perdeu o juízo. ― Ele sorriu de forma sinistra. ― Sei molto bella!

Seu tom e seu olhar me causavam repulsa.

― Se não me disser o que quer, eu vou embora! ― Declarei, irritada.

Odiava me sentir acuada.

― Calma! ― Ele levantou as mãos em um gesto de rendição. ― Você tem um gênio muito forte para alguém da sua classe. ― Tentou tocar meu braço, mas recuei rapidamente.

― Deveria ser mais calma e paciente, Luna. ― Ele sorriu, debochado.

― Estou indo embora. ― Disse, começando a me afastar.

― Não quer saber o que Humberto quer te falar? ― Ele perguntou, zombeteiro.

Parei no lugar, hesitante.

Não queria ficar, mas precisava saber o que Humberto queria me dizer. Por que ele não veio? Será que algo aconteceu? E por que mandou esse cretino para me encontrar? Não fazia sentido. Algo me dizia que algo sério havia ocorrido, então voltei e fui até o Duque. Precisava saber o que estava acontecendo.

― Boa menina!

Não disse nada, então ele continuou.

― Sabe, o Humberto não é uma pessoa boa, sabia?

Fiquei em silêncio, tentando entender até onde ele iria com aqueles joguinhos.

― Eu jamais teria a coragem de fazer o que ele fez com você.

Do que ele estava falando?

― Não acho correto! Independentemente de você ser uma pessoa... ― Ele me olhou dos pés à cabeça. ― Humilde! ― Sorriu. ― Mas brincar com seus sentimentos é horrível demais, até mesmo para ele.

― Do que você está falando? ― Minha voz saiu trêmula, um nó se formando na minha garganta.

― Estou falando de você! ― Disse rindo. ― Você realmente acreditou que um príncipe estaria apaixonado por você?

Ele continuou a rir, debochando de mim. Mas eu sabia que não era verdade, Humberto me amava, eu sentia isso.

― Ele realmente não está!

― Não é verdade! ― Minha voz saiu como um sussurro, quase inaudível. ― Nós vamos...

― Para o Brasil? ― Ele gargalhou. ― Sim, o Humberto me disse. Ele não acreditou em como você pôde ser tão estúpida a ponto de acreditar nisso.

Eu neguei com a cabeça, lágrimas começando a se formar.

― Como pôde acreditar nisso? ― Continuou a gargalhar.

Minha respiração ficou ofegante, o ar faltando.

― Você realmente achou que o príncipe, que tem tudo aqui, deixaria seu reino para trás só por sua causa? Uma camponesa sem eira nem beira?

― O que você quer? ― Falei com raiva.

― Não chore, bambina!

Não tinha percebido que estava chorando. Algo dentro de mim não estava certo. Sentia uma dor que jamais havia sentido antes.

Ele continuou sem piedade. ― Eu só vim limpar a bagunça que ele fez, como sempre. O príncipe sempre teve suas aventuras, e agora que irá se casar com a princesa, pediu para avisá-la para não o procurar e jamais falar que teve algo com ele. Jamais, você me ouviu?

― É mentira! Humberto jamais me abandonaria! Ele virá comigo!

― Ele é bem convincente, não é? ― Ele riu, aproximando-se de mim. ― Aposto que falou com você sobre uma estrela qualquer.

Olhei espantada para ele.

― Sim, sempre a mesma conversa, sempre o mesmo truque da estrela, sempre o mesmo lugar. ― Ele olhou ao redor da clareira, rindo.

Eu tentava puxar o ar, mas não conseguia.

― Olha! Eu odeio ter que fazer isso! ― Disse ele, com um brilho nos olhos que não condizia com suas palavras. ― Mas faz parte do meu trabalho.

Fiquei tonta, minha visão ficou turva e, quando percebi, estava no chão. Tudo rodava, minha visão estava embaçada, não sei se por conta das lágrimas que agora escorriam livres ou por conta do mal-estar que sentia. Não me importava, eu só queria entender o motivo. Por que ele tinha me enganado de forma tão cruel? Por que me enganar assim? Como se tivesse lido meus pensamentos, o Duque me deu a última flechada.

― Porque ele gosta de brincar com as pessoas, esse é seu passatempo.

Não olhei para ele, nem respondi, não podia.

― Bom, agora eu tenho que ir. E, antes que eu me esqueça, ele pediu para te entregar isso.

Jogou algumas moedas aos meus pés, como se fossem esmolas. Não me movi.

― Isso é para o seu silêncio, deve bastar.

Então ele se foi. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, mas já era noite quando consegui me levantar. Não me importei com as moedas; as deixei onde estavam. Só de pensar em quão sujas eram, sentia enjoo.

𝙰𝙺𝙰𝙸 𝙸𝚃𝙾 - 𝙵𝚒𝚘 𝚟𝚎𝚛𝚖𝚎𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚘 𝚍𝚎𝚜𝚝𝚒𝚗𝚘Onde histórias criam vida. Descubra agora