𝙸𝚃𝙰́𝙻𝙸𝙰 - 𝙽𝙰́𝙿𝙾𝙻𝙴𝚂 - 𝟷𝟾𝟼𝟾

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ღ꧁ღ╭⊱ꕥ Todo o continente se vê mergulhado em desgraça

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ღ꧁ღ╭⊱ꕥ Todo o continente se vê mergulhado em desgraça. A mudança dos tempos, daqueles dias em que o senhorio reinava, para este novo mundo capitalista, trouxe consigo uma maré de aflições. As vastas extensões de terra agora repousam nas mãos de uns poucos abastados, enquanto nós, míseros camponeses, nos afogamos em dívidas, buscando escapar da fome com empréstimos que só nos arrastam mais para o abismo.

As grandes propriedades agrícolas baixaram os preços de nossos produtos até o chão, forçando-nos a abandonar as nossas terras e nos lançarmos nas fábricas abarrotadas, onde nem mesmo há espaço para todos nós.

As cidades, agora, são um mar de desempregados, todos lutando por um pedaço de pão que parece estar sempre além de nosso alcance. Mesmo as pequenas propriedades que ainda resistem não conseguem mais prover o sustento que um dia nos foi garantido pela terra.

Minha família era uma dessas que sucumbiram à ruína. A fome espreitava a cada esquina, e ninguém se importava com nossas dores. Durante meses a fio, nosso único alimento era a polenta; carne de boi era um luxo distante, e o pão de trigo, uma relíquia que mal ousávamos sonhar.

Foi então, em meio à escuridão que nos cercava, que tomei uma decisão que muitos julgarão como pecaminosa. Roubei as joias do Príncipe Regente e as vendi no mercado clandestino. Não senti remorso algum, pois sabia que, no fundo, a culpa de nosso infortúnio recaía sobre ele e seus iguais, que se banqueteariam com luxos enquanto nós definhamos na miséria.

― Então, deu certo? ― Pergunta Angélica ao chegar ao nosso esconderijo.

Olho para ela, deixando meus pensamentos de lado, e entrego uma sacola com uma boa quantia em dinheiro. ― Aqui está a sua parte! ― Exclamo, sorrindo.

― Não, Luna! ― Recusa, assustada. ― Você fez todo o trabalho, não é justo! Eu não posso ficar com todo esse dinheiro. ― Ela diz, seus olhos arregalados, parecendo duas azeitonas verdes.

Reviro os olhos. ― Pegue logo! ― Digo, sem paciência. Sei o quanto Angélica e sua família precisam do dinheiro; mais do que eu, na verdade. Em casa, somos só eu e minha mãe, enquanto Angélica tem uma família de seis, com quatro irmãos ainda pequenos.

Deito-me na grama e observo as copas das árvores balançando suavemente ao vento. ― Além disso, se não fosse por sua informação, jamais teria conseguido as joias. ― Dou um sorriso travesso. ― E nem teria encontrado aquele bonitão!

― Bonitão? Que bonitão? ― Pergunta confusa, sentando-se ao meu lado.

― Bem, quando você disse que a carruagem era do Rei, você acertou. ― Informo, sorrindo. ― Porém, não era do contador de tributos, e sim do Príncipe Regente.

Angélica empalideceu. Pensei que teria um mal súbito. ― Você roubou o Príncipe? ― Grita desesperada, levando as mãos à boca. ― O Príncipe Regente?

𝙰𝙺𝙰𝙸 𝙸𝚃𝙾 - 𝙵𝚒𝚘 𝚟𝚎𝚛𝚖𝚎𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚘 𝚍𝚎𝚜𝚝𝚒𝚗𝚘Onde histórias criam vida. Descubra agora