Adorável Atração

CAPÍTULO 01

Nicholas P.V

Meus olhos ardem ao perceber que a luz do dia vaza pelos cantos da janela que está coberta por uma cortina de tecido saliente. Me sento no canto da cama e com dificuldade ergo meu olhar para o espelho colado na extremidade da parede em minha frente, e com um leve espanto, olho para o rapaz nu ao meu lado, deitado de bruços, de corpo definido e pele bronzeada, exibindo seus fios de cabelo escuro, e uma bunda que me fez latejar.  

Antes de finalmente me levantar, sinto meu celular vibrar por debaixo dos cobertores e logo ouço o toque padrão. Meio desajeitado e impaciente, eu acho o celular e logo atendo a ligação sem me dar ao luxo de saber quem teve petulância de me ligar.

— Alô? — Digo me sentindo meio grogue.

— Nicholas, cadê você, cara? — Gritou uma voz cheia de desespero. Me levanto com pressa e logo a sensação sonolenta se esvai e a preocupação toma espaço.

— Otto? É você? O que houve? — Eu já estava aflito. Escuto um suspiro trêmulo do outro lado da linha.

— Me diz que você não está transando com um cara enquanto uma reunião importantíssima está acontecendo nesse exato momento. — O silêncio invade ambas as linhas e logo me pego pensando. Que reunião? — Nicholas?

— Ele está dormindo. — Digo e atravesso o quarto em direção ao banheiro para tomar um banho quente. Estou cheirando a sexo.

— "Ele" quem?

— O cara com quem transei.    

— Céus, Nicholas... Vem para a empresa, agora! — Ele diz baixo, em um sussurro negativo. Acho que ele não está de bom humor...

— Então que tal você sussurrar coisas mais quentes? Tipo: Nossa Nicholas, como eu te quero dentro...

— Para de dar em cima de um hétero e vem trabalhar!

— Mas eu sou o dono da empresa.

— Então haja como um! — E então a linha do outro lado fica muda. Também te amo, Otto.

Olho para a tela do celular e já marcava 09:32. Droga...

Otto é meu melhor amigo desde a faculdade, e então ele trabalha comigo como vice-presidente de uma empresa que construímos juntos, o maior escritório de advocacia de Los Angeles, Moore & Cooper. Como chegamos em conclusão de quem seria o presidente e o vice? Simples, pedra, papel e tesoura.

Otto sempre foi essencial para mim, desde que ele começou a me ajudar, um adolescente perdido e perturbado. Na época ele era o mais velho, melhor dizendo, ele é o mais velho. Otto tem 36 anos e exibe uma vida pacífica com uma mulher linda, e um capeta como filho. Nunca vi a cria do meu melhor amigo, mas sei como se chama, e sei como adolescentes podem ser insuportáveis, e sei que o projeto de homem tem tatuagens pelo corpo, sendo que o garoto nem saiu do ensino médio, porque o mesmo repetiu um ano. Coitado do Otto e da Marina.

Saio do closet, terminando de ajeitar minha gravata azul. Me olho no espelho. Oh sim, o que eu vejo é irresistivelmente agradável, e...

— Sexy. — Me espanto e olho para trás. O rapaz de corpo atraente que não me lembro o nome acaba de acordar.

— É, eu sei. — Sorrio atrevido e o rapaz se levanta, exibindo seu encanto entre as pernas, com uma deliciosa ereção matinal. — Se eu não tivesse que trabalhar e você ir embora, você estaria de quatro nesse exato momento, senhor exibicionista.

— Você realmente precisar ir trabalhar e eu embora? — Pergunta enquanto tenta me provocar, passando os dedos entre os fios escuros. Com licença senhor tesudo, mas quem caça aqui, sou eu.

— Sim, vista-se. — Falo ríspido e o mesmo fecha a cara, me lançando um olhar debochado. — Não me entenda mal. Você é uma delícia, mas eu já estou atrasado.

***

Chego na empresa e vou andando direto para a sala de reunião, chegando lá, eu não encontro ninguém, apenas papéis e copos de cafés em cima da mesa. Otto vai me matar.

Saio da sala de reuniões e ando em direção a minha sala, mas antes eu paro em frente a minha maravilhosa e doce secretária.

— Nicholas? Doutor Otto vai lhe matar. — Diz a ruiva sem tirar os olhos do computador e me entregando um copo de café expresso.

— Por que você não me chama de doutor também? — Pergunto fingindo indignação e a ruiva me lança um olhar matador. Sorrio com a ousadia dela, e devo dizer que eu só permito que a Anna tenha essa intimidade comigo, já que ela trabalha direto para mim, e exceto o Otto, a Anna é a única em quem confio.

Entro no meu escritório e me deparo com Otto, me olhando sério e encostado no canto da mesa. Enquanto eu atravesso a sala, o seu olhar me segue furioso, até eu me sentar na minha cadeira e ele se virar novamente para mim.

— Gosta do que vê?  — Pergunto sínico.

— Não curto irresponsáveis. A reunião aconteceu com os sócios minoritários. Tem como você parar de foder Los Angeles inteira e focar no que é mais importante?

— Nem sempre sou eu quem fodo. — Otto me olha surpreso e incrédulo.

— Foda-se Nicholas, já foram dois dias seguidos que você chega atrasado, cara. Não pode...— Ele suspira frustrado após elevar a voz. É, fui um babaca.

— Foi mal, mas... Aqueles pesadelos não aparecem faz um tempo e você sabe, isso me deixa com uma puta felicidade.  

— Eu sei, e eu também estou feliz, mas você não pode faltar ao trabalho por causa de fodas. Mas esquece, vou buscar o Gabriel no colégio. Parece que ele bateu em um garoto... ah, esse dia está sendo estressante. Aliás, eu ainda devo buscar a Marina no aeroporto primeiro.

Antes que eu possa dizer algo, Otto se afasta e sai do escritório. O clima pesado ainda continua nos quatro cantos das paredes pintadas de um cinza-claro e então eu me levanto em direção a janela.

***

Depois de muitas horas revendo dois casos de separação de bens, olho para o meu relógio de pulso e já marcava 16:45, e então o meu celular toca e o número na tela é desconhecido. Não atendo e escolho deixar tocar, até que, quem quer que seja, pare, não estou no clima para transar. O celular fica mudo por alguns segundos e logo toca novamente. Inferno!

— Alô?

— Nicholas... — A voz do Otto ecoa trêmula pelos meus ouvidos... — A Marina sofreu um acidente grave e... vou precisar de um favor.

Meu corpo paralisou e minha mente parou nesse exato segundo. Como assim um acidente? Antes que eu possa falar ou perguntar por algo, a voz de Otto corta o silêncio:

— Preciso ir para Detroit, mas o Gabriel não pode por causa da escola, e este número é o dele. Daqui a pouco eu vou mandar ele para o seu apartamento. É só por um tempo. Toma conta dele, por favor, Nicholas.

O quê...