Adorável Atração

CAPÍTULO 11

Nicholas P.V

Subia os andares pelo elevador, com o Gabriel ainda fraco em meus braços. Toda vez que eu rodava meu olhar pelo seu corpo, a ânsia em ver os hematomas se sobressaia pela minha cabeça. Abri a porta do apartamento e sem esperas eu guiava o Gabriel até entrar no seu quarto. Parece que ele curte viver em um amontoado de roupas. Deitei o Gabriel na cama e ele ainda tampava o rosto com as duas mãos. Me sentei ao seu lado no canto da cama, observando cada gesto em um silêncio perturbador.

- Gabriel, fale comigo. – Digo calmo. Ele está tão sujo de terra... Céus.

- Me desculpa. – Ele disse baixo, sem se dar o luxo de tirar as mãos do rosto. Continuei observando ele da mesma maneira.

- Me pede desculpas por qual motivo? – Pergunto enquanto eu me ajeito em sua cama. Gabriel tira sua mão esquerda de cima do rosto e passa entre os fios claros do seu cabelo.

- Desculpa por ter olhado você... você e o Drake... – Gabriel diz com a voz meio embargada. – E eu acho que perdi o troco do dinheiro...

Dinheiro?

Comecei a rir e ele me olhou com uma sobrancelha erguida, de olhos vermelhos e rosto inchado, marcado por verdes e vermelhos. Não posso deixar de imaginar o quão lindo ele fica até com o rosto inflado pelo choro. Então quer dizer que ele contemplou por vontade própria a minha tentativa frustrada de uma finalmente noite prazerosa?

Curiosidade em saber o que acontecia ou como acontecia?

- Gabriel, foda-se o Drake. Diga-me, o que diabos aconteceu e quem fez isso com você. – Perguntei meio áspero enquanto olho fundo em seus olhos, que agora estão livres de suas mãos. Céus, os olhos dele cintilam um azul tão mórbido e uma expressão tão confusa e sexy.

Mesmo não sendo hora e muito menos o momento, conter pensamentos impróprios e obviamente inconvenientes é sem dúvidas uma luta lasciva.

Porém, jamais irei admitir agressões. Nunca. Não dessa vez.

- Gabriel, estou esperando. – Digo sem tirar minha visão dos olhos dele, que em algumas vezes ousavam em se desviar para qualquer canto. Céus, tão problemático. – Gabriel?

- Dá para você sair da porcaria do meu quarto e parar de fingir que se importa? – Gabriel pergunta e fecha os olhos com força, puxando consigo o edredom, se embrulhando dos pés ao topo da cabeça e se virando de costas para mim. Porcaria? Assim como o apartamento ao todo, o quarto tem uma estrutura e design de interior impecável!

- Gabriel, eu não vou te pressionar. – E eu realmente não iria por pressão nele, mas que ele esteja ciente que não vou deixar nada disso de lado, afinal eu sou um advogado, aquele que tem o dever de defender e proteger qualquer coisa que surge ao meu interesse. – Mas antes eu vou sair para comprar algo para você jantar, e quando eu voltar, tenha ao menos tomado um banho.

- Eu não tenho sete anos. – Ele falou em sussurros.

- Cale-se. Tenho em mente que você esteja cansado, mas você precisa lavar suas feridas, e o seu rosto ao menos. – Digo me levantando da cama mas ainda encarando aquele corpo coberto pelo edredom. – E sangue, você está sujo de sangue.

Dou as costas e vou até a sala, onde pego as chaves do carro e do apartamento. Saio do elevador e vejo Carlos me olhando preocupado.

- Carlos? – Chamo.

- Sim, doutor Nicholas? – Ele diz vindo em minha direção.

- Eu já disse, me chame apenas de Nicholas. – Céus... É constrangedor um homem da idade dele me tratar tão formalmente, sendo que ele trabalha aqui à tanto tempo quanto moro. Eu que deveria ser mais formal.