Adorável Atração

EPÍLOGO

Às vezes eu paro e penso: "como a minha vida se tornou isso?" ou melhor, "como ela chegou a isso?"

Não que eu esteja reclamando, longe de mim. Na verdade, é muito pelo contrário. Quando eu penso sobre a minha vida, eu automaticamente me lembro dele, porque ele se tornou uma parte essencial dela.

E por mais idiota que seja, quando falo ou lembro sobre ele, às vezes um negócio começa a cutucar os meus lábios e um sorriso todo besta começa a crescer. É quase como uma maldição!

Mas eu não estou reclamando...

Eu meio que amo tudo isso...

O Nicholas tem uma maneira estranha de dobrar as pessoas, e eu sei que alguns podem não apreciar isso, mas se eu for honesto comigo mesmo, eu sei que acho esse detalhe extremamente cativante.

Ok, isso me irritava às vezes, eu confesso.

Mas eu nunca tive experimentado tal necessidade de estar tão perto de alguém ao ponto de querer tê-lo de todas as formas. Mas com cada beijo, cada toque e cada palavra proferida pelo Nicholas, eu acabo ansiando por mais.

Ele não me julga.

Não espera algo que eu não possa dar ou ser.

E naquele dia, aquele lá em que eu me confessei a ele, se tornou o meu dia preferido. Foi o dia em que prometemos ser um do outro. Foi o dia em que ele colocou uma pulseira no meu pulso enquanto eu dormia. Um objeto de um ato tão simples, mas que carregava algo somente nosso.

E sentimentos são difíceis, mãe.

Mas eu os sinto dentro do meu peito.

E às vezes parece inexplicável....

É como se me esquentasse por dentro...

Quando eu acordei naquele dia, a primeira coisa que eu senti foi raiva e dor. Raiva porque os meus quadris estavam doendo enquanto ele dormia todo tranquilo. Mas quando eu raparei nos seus traços e no seu rosto calmo, e em como aquele homem não parecia carregar uma personalidade egocêntrica, eu percebi que eu realmente gostava dele. Porque os seus defeitos são engraçados, e às vezes irritantes, mas as suas qualidades são muito melhores e maiores que isso.

Ele não faz eu me sentir uma pessoa comum.

É como se ele trouxesse à tona o melhor de mim.

Eu havia deitado o meu rosto no seu peito para escutar o seu coração bater, porque eu estava curioso e me pareceu algo confortável para se fazer, e realmente era. Porque mesmo dormindo, ele passou o seu braço pelo meu corpo e me trouxe para mais perto do seu, como se a nossa proximidade ainda não fosse o suficiente. Porque não era. Nunca é.

Passamos o dia inteiro deitados na cama. Eu perguntei sobre a sua infância e ele me contou. Ei, mãe, aquilo não foi terrível o que fizeram com ele? E pensar que ele aguentou toda aquela barra com dez anos de idade me fez sentir terrível, porque eu não sei se eu teria toda aquela força e coragem para enfrentar algo tão doloroso como a própria rejeição da sua única família.

Mas eu sinto pena deles. Porque eles acabaram perdendo alguém que é muito mais do que apenas um cara que gosta de outros caras.

Só que agora, nesse exato momento, aquilo não importa mais, porque ele tem a mim. E eu quero ser a sua família. Eu quero ser alguém com quem ele possa contar em todos os seus malditos momentos.

Porque eu quero ver ele sorrir.

Quero escutar as suas risadas.

Suas piadas toscas e os seus trocadilhos idiotas.

Eu quero ouvir cada murmúrio e sussurro seu, cada sílaba, cada palavra. Eu quero ouvir o meu nome sendo chamado por ele. Quero ouvir os seus deslizes quando elogia a si próprio ou quando me chama de algo que só faz sentido para nós dois.

Eu quero que ele precise de mim também.

Ele tem uma confiança incrível, e eu amo isso nele, porque ele dificilmente se deixa abalar, mas quando se abala, ele vem até mim, me abraça e ficamos assim. E eu sei que eu não deveria, mas eu gosto de ser o seu conforto quando o seu dia todo dá errado.

Às vezes ele se sente inseguro em relação a nós dois. Tem vezes que eu também me sinto. Tem vezes que nós dois sentimos.

Mas quando nos enfrentamos cara a cara, ou quando conversamos, nós percebemos que somos dois idiotas que pensam demais em coisas insignificantes, e então tudo fica bem, porque sabemos que gostamos realmente um do outro, e a cada dia nós temos cada vez mais certeza.

Ei, mãe...

Eu sei que somos dois homens.

Eu sei que a senhora não se importa.

Mas eu também sei que é um pouco surpreendente já que sempre conversávamos sobre meninas. Mas sabe o que é mais maneiro nisso tudo?

É que eu me joguei de cabeça sem me preocupar com o que alguém pensaria sobre mim, vivendo a minha própria vida sem procurar uma aceitação além da minha, descobrindo e escolhendo algo por mim mesmo, enquanto muitos pensam que não.

E eu nem havia percebido.

As coisas são naturais e incríveis quando envolve o Nicholas. E eu sei que me apaixono cada vez mais por isso. Que me apaixono cada vez mais por ele.

E dessa vez eu não estou ajoelhado na sua lápide para contar sobre o papai ou no quanto ele ainda sente a sua falta, nem do Drake que virou amigo do Nicholas e que eu talvez esteja com um pouco de ciúmes disso, nem sobre o Apollo que foi para uma faculdade que ele nem gosta, e muito menos sobre o Patrick, que atualmente está namorando seriamente uma menina inteligente demais pra ele.

Eu estou aqui para contar sobre a minha história com o Nicholas.

E se somos capazes de amar alguém de um jeito romântico, mãe? Eu não faço ideia. Mas toda vez que eu encaro os olhos dele, eu sinto que eu realmente posso amar.

Ou talvez, sem perceber, eu já esteja amando.