CAPÍTULO 25

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Nicholas P.V

O único jeito que consigo fazer com que todo o caos ao meu redor seja parcialmente ignorado, é não pensar muito, não demonstrar muito, é não me deixar aprofundar ainda mais. Eu desconheço todas essas sensações, e isso me tira do sério.

Eu tenho vinte e oito anos, então por que diabos eu me sinto como se eu estivesse descobrindo tudo como um adolescente cheio de inseguranças? Irritante, tudo isso é irritante.

Depois de ter deixado o Gabriel no apartamento, eu segui dirigindo até Candy Hot Bar para me encontrar com Drake, que merda, era outro dos meus problemas. Eu não entendi a atitude que ele teve comigo pelo telefone e nem sei o motivo de antemão, o que pode se tornar uma dor de cabeça muito maior, e da qual eu já sinto.

Droga, mesmo eu não querendo, eu preciso de um momento para reorganizar as coisas, se eu continuar com tudo isso na cabeça, a tendência é apenas piorar. Céus...

E pensando em Drake, estou esperando ele faz mais de dez minutos sentado no local mais conservador, porque esse bar tem seu diferencial, ou talvez seja sua finalidade. Das mesas, cadeiras e balcão; bebidas e petiscos; das decorações; do teto ao chão. Tudo exala pura luxúria, acabando em encontros com muito menos pudores. E pela primeira vez, estar aqui se tornou desconfortável, talvez seja porque minha presença é definida num motivo completamente diferente – apenas um talvez – ou, pelo assunto inacabado de hoje a tarde.

Seja qual for o motivo, hoje tudo está me levando ao limite.

— Boa noite, Nicholas. Perdão pelo atraso. — Escuto a voz de Drake e viro minha atenção total para ele, que rapidamente se sentou em minha frente.

— Não precisa se incomodar, eu também não sou muito pontual, de qualquer forma. — Digo dando de ombros e seus olhos se focam nos meus no mesmo segundo.

Reparando bem, Drake está vestido estranhamente simples, como se quisesse chamar a mínima atenção. Ou realmente queira. Apenas uma calça jeans escura qualquer e camisa totalmente cinza com as mangas arregaçadas. Ele continua charmoso, mas a visão que ele me dava antes era de um homem muito mais vaidoso.

Apenas uma hipótese.

— Eu quero contratar seu serviço. — Drake foi direto, e talvez pela primeira vez a sua voz, sua expressão e seu olhar, me dão a impressão de seriedade, e apreensão.

— Serviço? — Pergunto ainda inerte.

— Sim, como advogado. — Ele não sorrir, mas me olha como se tivesse algo estranho em meu rosto. — Você está bem? — Seu tom saiu rouco e com resquício de preocupação.

— Não se preocupe comigo, acho que deveria realmente focar em se preocupar com você mesmo. — Respiro fundo. — Por que quer me contratar? — Pergunto um pouco áspero pela dor de cabeça que só fazia questão de aumentar.

— Desculpe se eu tiver te atrapalhado em algo no momento em que marquei para nos encontrarmos. — Drake diz baixo.

— Não se importe. — Digo indiferente e ele apenas assente.

— Olha, Nicholas... — Drake desvia o olhar. — Eu preciso conseguir a guarda definitiva da minha filha.

Encaro o Drake em silêncio.

— Acho que eu não entendi. — Sorrio ainda sem reação. — Você quer o quê, Drake? — Pergunto. Estamos apenas nós dois no canto esquerdo do bar, e por alguns segundos, ou sei lá, minutos, o silêncio reinou, me deixando escutar apenas a tal música ambiente, que agora jamais serei capaz de reconhecer qual é.

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