Adorável Atração

CAPÍTULO 34

— Você é um menino durão, Gabriel. Você é durão...

Gabriel P.V

Meu corpo lateja por cansaço, assim como meus olhos, que mesmo pesados, me forço para abri-los. Escuto alguns bipes soarem onde quer que eu esteja, e quando tento me movimentar enquanto minha visão embargada se torna limpa, eu sinto algo tocar minha mão direita.

— Gabriel? — Ouço a voz alta do Patrick.

— Gabriel! — Escuto a voz cansada do meu pai.

Quando abro totalmente os meus olhos, e quando a névoa diminui, eu olho para a sala de um quarto de hospital em silêncio. Apollo e Patrick na minha frente, ao lado da cama desconfortável. Meu pai em frente aos meus pés, me fitando preocupado, e talvez, feliz.

E quando minha memória se torna cada vez mais clara, meu corpo estremece e uma vontade súbita de chorar se apossa em mim, mas, eu apenas engulo. 

Me ergo, me sentando na cama quando vejo uma médica entrar pela porta, vendo Apollo e Patrick abrindo espaço para que ela fique na minha frente.

— Bom dia, Gabriel! Como você se sente? — Pergunta, sorrindo enquanto fita seu prontuário.

— Enjoado. 

— O que mais? — Sua voz vem soando suave, e eu apenas balanço a cabeça, confuso. 

— O que houve? — Pergunto ainda baixo, ignorando qualquer outra coisa. Ela me encara por alguns segundos, em silêncio. Mas no momento em que ouço a voz do meu pai prestes a se pronunciar, ela responde.

— Você ficou submetido a hipotermia aguda, e estava na segunda etapa quando você foi encontrado a dois dias atrás quase sem consciência alguma. Você acabou ficando por observação depois de ter sido exposto ao frio por um tempo muito prolongado. — Ela pausa por alguns segundos. — Consegue entender perfeitamente o que eu digo? — Pergunta.

Por mais que eu não tenha dito, sinto minha cabeça levemente bagunçada e tonta, mas eu apenas aceno com a cabeça, confirmando algo que não entendi. Me sinto cansado.

— Posso ir embora? — Pergunto prestando atenção na minha voz dessa vez, apenas para ter a certeza de que ela esteja estranha, diferente.

— Vamos fazer mais alguns exames agora que esteja acordado, para em seguida darmos alta se estiver tudo realmente correto. — Ela diz, com um sorriso ameno estampado no rosto enquanto pede licença e anda em direção a porta, mas antes de se retirar do quarto, ela me encara. — E não se assuste com as máquinas ligadas, são apenas para uma melhor monitoração. Descanse mais um pouco, é importante nesse momento. 

E ela sai, fechando a porta.

Me sentindo ainda meio desorientado, olho para o lado apenas para sentir quatro braços me rodeando com força. Confuso, vejo Apollo em pé na minha frente e Patrick se sentando ao meu lado, com sorrisos tristes estampados em suas expressões preocupadas.

— Sentimos muito. — Apollo sussurra, e eu o encaro.

Eu não sinto vontade de falar, ou conversar. Eu também não consigo chorar, por mais que me sinta transbordando em extremo peso.

Me sinto algo como bomba-relógio.

Eu arranco alguns fios grudados em mim e passo os dedos no meu cabelo, cansado. Estive dormindo por dois dias? Parece ter sido por muito mais tempo. Olho novamente em minha volta, vendo a sala em silêncio.

— Podemos ir embora? — Pergunto, me dirigindo ao meu pai.

— Ma...

— Eu quero ir embora. — Digo, mas quando tento me levantar, sinto os meus músculos enfraquecerem ao ponto de me fazer voltar para o mesmo lugar. — Inferno...