CAPÍTULO 35

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Nicholas P.V

— Ei, Nicholas. O que você quer dizer com "vou passar um tempo fora"? — Anna pergunta alto depois de ter entrado dentro da minha sala com uma certa brutalidade. Viro meu corpo, encarando seus olhos que estavam vidrados nos meus.

— Eu. Vou. Passar. Um. Tempo. Fora. Oras, o que mais significaria? — Pergunto, indiferente.

— Não, Nicholas. Eu entendi a definição, mas agora me diz o porquê. Você está enlouquecendo? — Pergunta apressada e eu ergo uma sobrancelha, encarando sua postura de alguém que está prestes a me atacar.

— Eu acho que a minha saúde mental está em dia. — Digo, terminando de guardar minhas coisas. — Mas obrigado pela preocupação. — Sorrio para ela, que me encara indignada. Oh, eu já ia me esquecendo do meu celular.

— Nicolas, o Otto voltou a trabalhar a apenas uma semana, o que você está fazendo? Achei que quisesse voltar ao equilíbrio inicial das coisas aqui no Escritório.

— E eu quero. — Digo.

— Então porque você está saindo? Vingança? Férias planejada? — Diz, levantando o tom de voz, e quando percebe, se cala.

Mas eu apenas me viro, andando em direção a ela com calma, encarando sua expressão se aliviar aos poucos, e quando paro na sua frente, eu toco seu queixo, a centímetros do seu rosto, suspirando, sorrindo.

— Anna, não fale o que não sabe. Lembre-se, você é a secretária. E eu, apenas o dono que está tendo uma péssima semana, e que não tem paciência para dar satisfação. — Digo, um pouco calmo. — Otto voltou, então se ele também quiser manter o equilíbrio dessa porcaria, que ele faça sozinho. Eu sei que ele é capaz. — Sorrio um pouco mais.

Solto seu rosto com delicadeza.

— E faça o seguinte, mantenha isso em segredo. — Mando.

Sem esperar por alguma resposta, eu apenas dou as costas e caminho em direção a porta da sala, saindo por ela. Quando sigo em direção ao elevador, eu dobro num corredor e acabo me esbarrando acidentalmente no cara que acabei de proferir. E céus, mas que maldita coincidência.

Ele fica parado por alguns instantes, assim como eu, que quase derrubo os papéis que estavam em minhas mãos. Ao lado dele estava o Dylan, que nos encarava a todo momento, sem ao menos piscar. E enquanto eu arrumava os papéis, ambos ficaram lá, como meras estátuas.

— Boa noite, senhor! — Dylan me cumprimenta, sorrindo. Eu olho para ele, também sorrindo. 

— Oh, boa noite, Dylan. 

Quando vejo Otto abrindo a boca prestes a se pronunciar também, eu dou o primeiro passo, me desviando e olhando nos seus olhos.

— Nicholas! — Ele agarra meu braço, me puxando com força. De canto, eu observo o ambiente para ver se alguém nos olhava, mas a única pessoa presenciando essa cena patética estava ao lado dele, nos encarando com uma certa expressão de quem percebeu algo, ou melhor, sabe de algo.

— Se controle. — Digo, sério.

Ele me solta ao perceber o que fez, mas eu apenas me viro e sigo em direção ao elevador, indiferente. Quando paro de frente para as portas de ferro prestes a se fecharem, vejo que ele ainda me encara. Ignoro, e aperto o número do andar.

— Boa sorte, Otto.

***

Eu estive louco por muitas noites, sem conseguir dormir direito. Eu tentei organizar os meus pensamentos da melhor maneira que pude, e quando percebi, eu não tinha experiência com tudo o que eu sentia ou sobre tudo que rondava minha cabeça, então foram dias complicados, exaustivos, inquietos. Foram uma imensa confusão.

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