CAPÍTULO 28

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Gabriel P.V

Não era comum eu dormir mais de uma vez durante o dia, mas o cansaço que eu comecei a sentir não parecia ser físico, mas mesmo assim, não deixou de ser cansaço. Quando eu cheguei no apartamento fui direto para o quarto sem pestanear, e quando eu me deitei na cama, foi um dois para dormir. Comum ou não, ainda me sinto indisposto.

Eu olhei no meu celular a alguns minutos atrás, e percebi que a noite já havia caído a algum tempo. E merda, eu realmente não queria dormir por muito tempo até o ponto de anoitecer.

Mas...

Quando eu e Nicholas saímos do shopping e fomos até o estacionamento, as coisas que ele havia me dito me pegaram de surpresa, e tudo aquilo me fez pensar até que minha cabeça de merda começasse a doer e eu me exaustar.

Ele havia me dito que os meus amigos me aceitariam, e eu não deveria me preocupar com nada do que eles me dissessem, nem eles, nem ninguém. Eu não sou idiota, as coisas não são tão fáceis como ele sempre faz parecer, mas sabe, eu fiquei feliz em escutar aquilo vindo dele, e então ele me fez pensar, realmente pensar.

Se eu recapitular tudo o que eu sentia e tudo o que eu vivi, essas últimas semanas que nem chegaram a virar um mísero mês, parecem insanas! Deus, é tudo tão louco quando percebo.

Estraguei esse ano fazendo tudo o que eu sempre quis, principalmente nos meus fins de semanas que para mim sempre foram sagrados, e droga, eu me afundava em tudo o que me atraia – de bebidas a garotas. Depois eram os treinos, porque lacrosse era meu tipo de obsessão. Colocava tudo que remetia a diversão em primeiro lugar, e por último, claro, a escola.

Eu sei que eu não estava certo, mas, mesmo assim, eu vivia em pé de guerra com meu pai e me desculpando sempre com a minha mãe. Eu sei, era deplorável.

Mas eu sinceramente não me lembro o que se passava na minha cabeça, e porque eu fazia coisas erradas sabendo que eram erradas. Não é como se tudo realmente tivesse mudado, e eu me pergunto se isso tudo é por ter vindo pra cá. Se é possível ou não, eu não faço ideia, mas eu gosto dessa nova realidade.

Eu gosto dessa nova realidade que inclui o Nicholas.

Eu não sei se deveria me sentir estranho estando com ele, mas se for de um jeito ruim, eu não me sinto! Eu gosto das nossas discussões idiotas, eu gosto do jeito que ele rir e quando é genuíno, gosto do jeito que ele fecha os olhos. Eu gosto do jeito que ele me envolve, que me abraça, que me beija, o calor, os toques. Eu gosto de estar dentro dele e de estar com ele. Eu gosto do jeito que ele faz eu me sentir, como se eu fosse único. Que merda! Eu gosto das vezes que ele me olha como se houvessem algum tipo de devoção...

É como se eu estivesse enlouquecendo. Minha cabeça não para de pensar nele... Eu gostei quando estávamos no shopping sentados numa mesa e com a ideia de que aquilo poderia ser um encontro, e mais ainda em perceber que meus melhores amigos estavam, de alguma forma, em paz com tudo aquilo.

Por que a realidade tem que ser tão fodida? Não sou idiota, eu sei que Nicholas não deve nem imaginar um pedaço do que eu imagino, e até mesmo pra mim isso é tão porra louco...

Meus relacionamentos foram todos de merda, com garotas que realmente se interessavam mais com o que eu tinha na carteira. Mas eu não sou hipócrita, eu sei que eu não era atencioso e na maioria das vezes, até me esquecia que namorava. Só parecia fútil, carnal até demais. E mesmo que o que eu tenha atualmente também seja intensamente carnal, eu sei que é mais do que realmente parece, pelo menos para mim.

Mas também não é como se estivéssemos em um relacionamento, eu sei. Talvez eu apenas quisesse que ele prestasse atenção em mim como presto atenção nele. Porra, ele não precisa gostar de mim.

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