CAPÍTULO 03

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Gabriel P.V

Entramos um ao lado do outro, atraindo olhares. Na boate, Russ - My Baby estremece do piso ao teto. Lasers coloridos apontam para o corpo cheio de curva das mulheres que se esfregam sensualmente nas barras de ferros em cima de um palco vermelho. E uma plateia delirando em cada invertida que ganham, e sem poder tocar.

Patrick segue em direção ao palco, maravilhado pela mulher com o corpo seminu e tatuagem que envolve cada parte do seu tornozelo, até as costas exposta. Para um garoto de aparência inocente, ele é viciado no que se parece impuro e perigoso.

— Tem certeza, Gabriel? — Apollo me pergunta. Não, não tenho certeza e não sei se tenho clima, mas...

— Preciso tirar certas coisas da minha cabeça. Não quero deixar o acidente da minha mãe me consumir. Se não posso fazer nada, então eu não vou fazer. — Ele me olha incerto, mas assente.

Apollo segue até uma pista de dança, onde pessoas aglomeradas dançam juntas, me deixando sozinho logo na entrada. Obrigado, Patrick e Apollo. Sigo pelo caminho onde pessoas apenas passeiam, e me sento em um banco, de frente para um balcão. Não demora muito e um barman vem me atender.

— Boa noite, o que o senhor vai querer beber? — O barman de cabelo cacheado me pergunta enquanto limpa uma taça de vidro.

— Qualquer coisa forte, por favor. — Digo fazendo pouco caso e me viro para frente, observando o extremo da boate. De canto eu avisto o Patrick ainda observando a mulata tatuada, e no outro, Apollo se esfrega com uma mulher de cabelo preto e comprido na pista de dança.

Me sinto deslocado... Será essa a palavra certa para me definir nesse momento?

— Dramble. — O barman me empurra uma bebida que até agora eu não tinha conhecimento.

— Obrigado. — Ele me lança um sorriso e assente com a cabeça. Gentil por dinheiro.

Bebo em um imenso gole, e me arrependo. A bebida desce rasgando a minha garganta como se fosse Vodka, mas a grande diferença está no gosto doce do licor de amora, que eu devo admitir... é gostoso pra cacete. Talvez o gentil barman tenha pegado leve comigo.

Eu deveria estar em Detroit, não em Los Angeles, e isso simplesmente me enfurece ainda mais. Como eu disse ao Apollo, eu não posso fazer nada. Tão frustrante.

Morar com o melhor amigo do meu pai foi algo muito repentino, e eu não sei o que realmente pensar sobre o Nicholas. Chamá-lo de senhor deve ser realmente insultante, sendo que o cara é notavelmente mais novo que meu pai. Nicholas me parece meio surreal, o modo que ele fala e me olha é arrogante, e o modo em que ele anda e age, é simplesmente sutil. É como se ele exalasse elegância, sem precisar se vestir de acordo.

Não sei como descrever o Nicholas, mas o olhar que ele as vezes me lança brilha convencido e fátuo, mesmo na íris negra, e isso as vezes me intimida. É como se tudo ao redor dele fosse soberbo, e coisas como essas me irritam em alguém.

Sem eu perceber, já devo estar no quarto copo do tal Dramble, que a cada momento me estava sendo servido. Não reclamo, seja o que for ou do que for, a bebida é boa.

Em poucos passos, sinto alguém atrás de mim. Me viro e vejo Apollo sentado ao meu lado, e é nesse momento que me sinto mais alterado do que o normal, mas eu ainda continuo consciente o bastante para perceber que ele não está bem.

— O que houve? — Pergunto e empurro meu copo com bebida, e ele não rejeita, apenas engole sem nem ao mesmo olhá-la.

— Acabei discutindo com o Patrick de novo. Você sabe como ele é... ele ainda é de menor e parece que não percebe que ele ainda precisa de limites. — Apollo esfrega a mão no rosto e repousa na boca, olhando para o nada.

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