Nicholas P.V
Eu tenho aquela sensação sobre ter estregado algo mesmo sabendo que eu seja inocente. Mas na verdade, eu talvez tenha sim, alguma relação com essa coisa errada. Céus, eu fiz algo errado, mas eu não consigo achar o ponto.
Talvez eu tenha sentido mais além.
Eu presenciei pela primeira vez depois de tanto tempo, as coisas desmoronarem ao meu redor. Estou certo de que nem tudo são flores ou qualquer coisa boa, não tem como ser, mas o inferno começa quando você não consegue ver ao menos uma brecha sequer. Gabriel e o Otto estão vivenciando isso, e cada um de uma forma intensa, de uma maneira diferente.
O caso é, eu não sei, e nem consigo lidar com a situação em que ambos se encontram.
Eu me sinto um maldito espectador observando a vida deles caírem diante seus olhos.
Quando Gabriel empurrou o Otto e subiu as escadas correndo, a única coisa que pude ouvir além da chuva, foram seus passos apressados, seus soluços desesperados e sua voz gritando por uma pessoa que nunca vai escutar, ou responder.
Gabriel chora. Gabriel chora muito e eu não sei o que fazer por vê-lo em desespero. Algo dentro de mim se remexe em desconforto, e então eu olho para o homem que apenas continua com a cabeça baixa e provavelmente se culpando por toda essa merda. Não fode, Otto.
Eu não sei o que é perder alguém que se gosta para a morte, perdi pessoas, mas eu não gostava delas, porém... eu não me lembro o que senti quando eu perdi o homem que cuidou de mim. E eu não faço a mínima ideia de como seja a sensação, ou o que se passa na cabeça de alguém que se sente culpado por esse acontecimento, muito menos na cabeça de alguém que acabou de descobrir de uma forma abrupta, inconsequente.
Mas é desconfortável perceber, ver e sentir o sofrimento.
Eu fui até a cozinha praticamente correndo. Enchi um copo de vidro grande com água e voltei para a sala, segurei o pulso do Otto e o puxei até se sentar no sofá. Seu corpo estava fraco, assim como seu choro, e posso ter a absoluta certeza que seu cansaço físico e mental são enormes.
— Toma um pouco de água e se deita. Vou atrás do Gabriel. — Digo entregando o copo em suas mãos, e ele fracamente segura sobre suas coxas.
— Acha que eles vão me perdoar? — Sua voz vem arrastada, quase sem sonoridade.
— Eles? — Pergunto meio confuso e ele assente com a cabeça.
— Gabriel e Marina. Não pude salvar ela, então ele acabou perdendo a única pessoa que ele gostava da nossa família. — Ele diz praticamente em um sussurro. Sinto meu peito apertar com esse comentário. Eu não sabia que ele se sentia assim em relação ao Gabriel.
Eu encosto seu copo contra o sofá e subo meus dedos pelo seu rosto, acariciando a pele inchada e vermelha. Retiro seus óculos e ponho em cima do sofá.
— Descansa. — Acaricio um pouco mais o seu cabelo, e vejo ele fechar os olhos lentamente diante a leves espasmos que seu corpo recebia. Sua respiração fica lenta e quase regular. Pego o copo de sua mão e ponho em cima da mesa de centro. Admiro um pouco mais a sua expressão calma e menos perturbada, e me estapeio mentalmente por não ter ficado ao seu lado desde o início, porque talvez as coisas teriam sido diferentes.
Não queria ter que deixá-lo lidar com tudo isso sozinho, mas dessa vez eu estou aqui, porém, Otto, agora não é apenas para você, e por você. Eu agora preciso cuidar de mais alguém.
Eu comecei a subir os degraus da escada, e de repente eu percebi o silêncio instaurado em cada canto desse lugar, e a única coisa que retumba o ambiente é o som forte da chuva sob o teto. Entrei no corredor estreito, vendo no final do caminho uma porta aberta iluminando um espaço pequeno de um grande lugar. Eu apenas fui até lá, para presenciar algo sufocante.
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Adorável Atração
RomanceLucyPrtAlvz Início: 14/04/2019 ROMANCE HOMOERÓTICO *** Sexy e atraente, Nicholas sabe o impacto que causa nas pessoas ao seu redor, sabe também que é um dos mais cobiçados, deixando explícito sua arrogância e sendo o egoísmo quente em pessoa. O qu...