CAPÍTULO 06

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Nicholas P.V

Quando terminei o terceiro ano do ensino médio eu tinha dezesseis anos, e foi nessa idade que eu finalmente pude me livrar de um embuste, de alguém que destruiu a minha infância e minha adolescência. Na época, alguém importante também faleceu, Pedro, um senhor que cuidava de mim como se eu fosse um filho que ele nunca teve, e quando ele infelizmente se foi deixando para mim uma quantia enorme de dinheiro, eu decidi fazer jus a uma promessa que ele me fez fazer a alguns anos: Ir em busca dos meus sonhos.

Quando cheguei em Los Angeles, eu era apenas mais um garoto magricela com cabelo até a altura dos ombros com uma franja enorme que tampava meus olhos. Eu sempre fui taxado como "garotinha frágil", mas nunca realmente me importei. No dia que eu comecei a faculdade, mais precisamente no terceiro, eu conheci Otto.

Toda vez que eu voltava para o meu apartamento, eu iria andando e sempre optei pelos caminhos mais curtos, e eram eles becos escuros. Enquanto eu fazia a mesma rota, um homem se aproximou de mim com um papo estranho, e eu todo idiota não desconfiei. Ele olhava para os lados em todos os momentos, e em questão de segundos eu senti o meu corpo batendo contra duas caçambas de lixo, o Estranho veio com os punhos cerrados em minha direção, e quando eu fechei os olhos só sentia a brisa fria se debatendo contra minha pele, e quando eu finalmente abri os olhos, um cara loiro e de óculos estava me estendendo a mão, e vendo ele de baixo foi o suficiente para achar aquela visão espetacular. Seria ele o meu segundo herói? Desde desse dia eu passei a andar lado a lado com ele, sempre admirando e seguindo seus passos, Otto era aquele que eu almejava alcançar algum dia.

Mas agora eu não entendo.

Otto terminou a faculdade, conheceu uma mulher por quem se apaixonou e construiu uma família com base nos seus esforços. Uma casa enorme em um dos melhores bairros, dono de um escritório enorme, estável e muito bem falado, tem um filho e... por que eu sinto que ele está pondo tudo a perder?

Quando ele me ligou falando sobre a morte de Marina, eu fiquei realmente chocado, talvez nem tanto pela morte, e sim por ele querer ocultar algo importante do filho. Eu entendo que ele queira contar pessoalmente, mas quando será esse pessoalmente? Porra... O garoto não merece isso.

Eu sinceramente sinto muito pela Marina e principalmente pelo Otto, porque eu sei o quanto ele a amava. Eu sei que está sendo difícil para ele, assim como está sendo difícil para mim esconder algo tão absurdo. Não quero tratar a morte da Marina com indiferença, mas não posso fazer nada em relação a isso, nunca fomos tão próximos, mas o que eu não posso tratar com indiferença e nunca tratarei, é o Otto. Não sei como resolver algo como isso, mas vou fazer o que me foi pedido.

Vou deixar que Otto conte ao Gabriel sobre a morte da mãe.

Me levanto da cama e atravesso o quarto em direção ao banheiro. Me olho no espelho e nossa... mesmo com olheiras e rosto inchado eu consigo ser irresistível. Escovo os dentes e me jogo debaixo do chuveiro, desligo o aquecedor e deixo que a água fria me banhe. Enrolo uma toalha no quadril e saio do quarto, até chegar na cozinha.

Silêncio...

Olho meu relógio no pulso e já são oito horas. O garoto está dormindo? Ou... Não! Não acredito que ele teve a ousadia de sair de madrugada. Maldição.

Ando em passos rápidos e pesados em direção ao quarto de hóspedes, bato na porta várias vezes e nada. Droga! Com quem você acha que está brincando? Haha... Ok...

***

— Dr.Moore, o senhor se lembra que o Dr.Cooper fez um processo seletivo para estagiários? — Perguntou Lira, secretária do Otto.

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