CAPÍTULO 22

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Gabriel P.V

Sentado em um banco da praça de alimentação com o fone tocando no último volume Dead or Alive, sem realmente me preocupar se em algum momento meus tímpanos iriam estourar, ou se alguém ao meu redor conseguiria escutar o ritmo denso dá música, me preocupando em ficar apenas observando o passear de todos aqueles empregados que trabalham em alguma área dessa porcaria de escritório gigante, porque... porra! Mesmo sendo a segunda vez estando aqui, a estrutura desse lugar ainda me deixa surpreso que nem um idiota, e ainda mais surpreso por perceber que o meu pai e o Nicholas foram aqueles que fizeram esse grande feito.

Depois da loucura que fiz com o Nicholas em pura manhã, ainda por cima, dentro da sua área de trabalho com uma quantidade enorme de pessoas circulando do outro lado da porta, e depois de dizer a única coisa que fazia minha mente pairar em confusão, Nicholas simplesmente ficou calado, e droga, como aquilo me irritou! E só de me lembrar, ainda irrita...

Eu não entendo, por isso que sinto tanta raiva! Primeiro ele faz um monte de jogadas para querer transar comigo, e depois que transou, ele vai apenas continuar com aquela cara que exala indiferença para qualquer coisa que está no seu campo de visão? Ele estava agindo do seu jeito normal, até ele manda eu me vestir e esperar fora da sua sala, já que segundo ele, tinha muitas coisas pendentes a fazer.

Mas merda, não foi sobre ele querer trabalhar que me irritou, e sim o modo frio que falou comigo como se estivesse me jogando de escanteio.

Eu me sinto sendo jogado de escanteio! E isso faz algo dentro de mim pesar. Não sei dizer se é raiva, frustração, ou sei lá... Medo.

Depois de quase uma hora perambulando sem rumo dentro de um lugar em que todos me olhavam como um bicho de zoológico, e mais uma hora jogado em um banco, eu me deixei pensar sobre o que eu não queria, e sobre o que eu tinha me deixado rejeitar por muito tempo.

Quando em algum momento eu parar de me envolver com o Nicholas, e talvez daí, eu sinta atração por outro cara, meus pais aceitariam? Meu pai aceitaria? Mamãe aceitaria? Droga... Eu não quero ser abandonado por coisas como essas... e eu não quero que o amor dela diminua com isso...

Eu sinto falta dela. Droga, eu sinto muita saudades, mesmo sabendo que eles voltarão depois de amanhã. Talvez eu esteja sendo tolo de mais, pensando de mais, me preocupando de mais. Só não estou acostumado a ficar tanto tempo longe da minha mãe, mesmo que isso pareça mimado da minha parte. As vezes eu me pego pensando sobre eu ter nascido quando ela estava no auge da sua carreira, e eu me sinto tão culpado por ter feito ela frear uma parte tão significativa da vida dela apenas para cuidar de uma criança idiota como eu.

Eu não posso e não quero mais ter que fazê-la se preocupar, mas por que fazer as coisas de um jeito certo parece uma ideia tão distante?

Jogo minha cabeça para trás, batendo com uma força considerável contra a parede. Tédio. Tédio. Tédio. Tédio! Já que Nicholas está agindo que nem um idiota, eu não preciso ficar aqui.

Com a ideia de mandar um foda-se para o Nicholas, me levanto da cadeira e saio do prédio sem olhar para trás, e indo em direção a um dos muitos táxis estacionados em frente a calçada. Depois de entrar dentro de um e indicar o endereço do Apollo, e depois de quase quinze minutos, eu desço do carro pedindo para que o homem espere eu pegar o dinheiro, e ele com toda aquela expressão de quem se mostra incrédulo e provavelmente com raiva, apenas assentiu com a cabeça.

Caminhando em direção a casa do Apollo vejo ele se despedindo de alguém. Forço a vista para tentar reconhecer de longe, mas o que eu vejo é apenas o tom ruivo do cabelo. Quando o suposto cara já havia se distanciado o bastante, eu apressei os passos antes que o Apollo tranque a porta, e por sorte, ele me vê.

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