CAPÍTULO 37

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Nicholas P.V

Eu nunca cuidei de alguém, e isso nem mesmo já se passou pela minha cabeça. Mas eu não acho ruim. Eu olho para o topo de fios loiros e embaraçados sobre o meu peito e não acho ruim.

É estranhamente magnífico.

Realmente magnífico.

Céus, eu estou realmente ficando louco.

Quando eu estendo minha mão par tocá-lo, ele se remexe, esfregando os olhos e se sentando subitamente. E enquanto os segundos se passam, ele parece confuso, inquieto, e então olha para mim, com uma expressão que não consigo descrever.

— Bom dia. — Digo, um pouco baixo por saber que não falei uma palavra sequer desde que acordei.

— Bom dia. — Diz, me encarando ainda aparentemente confuso.

Eu me ajeito na cama, me sentando. Esfrego o meu rosto e abro um espaço entre os dedos para olhá-lo, porque ele ainda me encara.

— O que houve? — Pergunto, preocupado.

— Eu... Eu não sonhei com ela. Não dessa vez. — Diz, me encarando, e então pude finalmente perceber qual é a expressão que o domina.

— E o que você sente em relação a isso?

— Eu não sei. — Diz, ainda no seu estado. — Mas isso é bom? — Pergunta, aparentemente curioso.

Suspiro, olhando para o teto porque eu não sei o que pensar quando fito o azul dos seus olhos, ou quando percebo que o sol adentrando a janela iluminava num contraste perfeito os seus fios claros e o bronzeado incrível da sua pele. Oh, fazia um tempo que eu poderia realmente observá-lo e admirá-lo sem me preocupar se estaria sendo ou não um filho da puta insensível.

— Você está bem sobre isso? — Pergunto, deslizando com os dedos sobre meu rosto e parando em cima das minhas pernas.

— Eram pesadelos... Então eu talvez esteja. — Diz, mudando a direção do seu olhar.

Eu havia percebido esse tipo de atitude vindo dele faz um tempo. Desde que nos hospedamos naquele hotel em Detroit ele vinha parecendo inquieto, mas ao mesmo tempo que vinha sendo mais comunicativo, sendo mais ele mesmo, por mais que eu já saiba que seria impossível algo não mudar.

Ele está se esforçando, dando duro por si mesmo. E céus, eu sinto algo como orgulho sobre isso.

— Então não se preocupe. — Digo, o vendo retornar sua atenção para mim. — Mas agora você terá que escolher entre tomar café aqui dentro ou sairmos para comermos algo.

Ele sorrir, revirando os olhos e caindo para trás na cama.

— Escolhe você. Não sou eu quem vou pagar, de qualquer forma. — Diz, bocejando.

— Não me lembro de ter te dado permissão para escolher que não irá escolher. — Digo.

— Eu não estou com fome, então pra mim não faz diferença.

— Mas eu estou.

— Então vai comer somente você, oras.

— Mas se eu quisesse ir sozinho, eu não teria te perguntado.

— Não me lembro de ter escutado uma pergunta.

— Como não?

Ele se levanta rapidamente com um sorriso provocador no rosto, e quando eu menos percebo, um travesseiro voa na minha direção com força e acerta meu rosto.

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