CAPÍTULO 24

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Gabriel P.V

— O que ele te fez? Vamos Gabriel, responda! — Nicholas grita com uma raiva que chega a me assustar.

É a terceira vez que ele grita a mesma frase enquanto segura meu rosto, mas ver ele dessa forma, com o rosto vermelho e veias sobressaltadas na testa quanto no pescoço, ouvi-lo com a voz possessa, fez algo dentro de mim se apertar, e um nó se formar em minha garganta.

— E-Ele... Ele nã-o fez na... nada... — Eu finalmente respondi entre tantas lágrimas, me deixando sentir tão desleixado e patético.

O Nicholas não está entendendo.

— Como não fez nada? Porra, Gabriel! Ele abusou de você! Merda! — Nicholas me solta e se afastando, passa ambas as mãos no rosto.

Ele não está entendendo!

— Ni... Nicholas... Não...

Nicholas olhou para mim como se mandasse eu calar a boca. Droga, isso não deveria estar acontecendo. Está tudo errado. Eu não estou conseguindo explicar, ele simplesmente não me deixa explicar! Porcaria...

— Vamos, me diga o endereço e o nome completo do Apollo, eu vou foder com a vida dele. — Nicholas diz parecendo calmo, e já eu, em pânico com os olhos arregalados fitando o homem que parece querer explodir qualquer coisa ao seu redor. Merda!

— Não! — Me levanto da cadeira e paro de frente para ele, que me olha de cima com total insignificância. Droga, está doendo. — Eu já disse que e-ele não fez na-nada! — Grito, impondo o máximo de firmeza que pude na voz.

— Não tente defender aquele filho da puta, Gabriel. Eu sou um advogado, esqueceu?

Está aí um lado do Nicholas que eu nunca havia visto. Eu sempre soube o quanto ele poderia ser arrogante, egocêntrico e até mesmo, intimidador, mas vê-lo com tanta raiva e como se achasse que a vida das pessoas fossem coisas tão insignificantes, é algo novo. Eu não quero que ele aja assim. Está tudo dando errado. Quando pensei em contar o que havia acontecido, não era bem isso o que eu esperava...

— Nicholas, se acalma... cara. — Peço quase entrando em desespero. — Por favor, me... me escute.

Nicholas me olha transbordando algo que eu não sei, mas ele não diz nada, não se move, e não deixa de me encarar. Ele está péssimo e está me fazendo sentir ainda mais horrível.

Eu preciso tanto abraçá-lo.

Eu quero tanto acabar com isso.

Nicholas passa novamente ambas as mãos no rosto com uma certa força, e se vira de costas, indo em direção ao sofá e se sentando de frente para mim.

— Conte o que ele fez. — Sua voz estava firme, rouca e simplesmente fria. Respiro fundo, e mesmo com dificuldade para andar, eu vou até ele, e me sento no outro extremo do sofá, me encolhendo no canto enquanto seus olhos me cortavam.

— Você... Vo... — Respiro fundo, engolindo o choro, tentando dar um fim nos soluços e na respiração entrecortada. — Você não entendeu... Eu havia dito que... que EU fiz besteira... N-Não o Apollo...

Nicholas não dizia nada.

— Eu fui até a casa dele por... por conta própria, e e-eu dei o con-sentimento para... para irmos até o final... Então... e-ele não me a... abusou...

Nicholas ergue as sobrancelhas e se aproxima de mim, o bastante para que seu corpo se encoste no meu e que nossos rostos fiquem próximos.

— Você me disse que havia percebido que não era o que realmente queria, então como houve consentimento? — Sua voz ainda aparentava firmeza, porém, tinha algo de diferente que me aliviou por dentro.

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