FERNANDO FERRARI...
Ao pisar dentro do tribunal a primeira coisa que eu fiz foi olhar pra morena com as mãos algemadas, era ela, a minha filha, a minha Juliana. Ela não tinha reação, me olhava estática, as lágrimas desciam pelo rosto mas ela não dizia nada, apenas me olhava querendo saber se tudo isso era real, se eu realmente estava vivo, e estou.
Os burburinhos se iniciaram, afinal, eu sou um dos porquês (e talvez o principal) dessa história.
Rebecca tremia de tanto chorar, e Edgar a consolava ainda me olhando como se eu fosse um ser de outro planeta...eu não queria que fosse assim.
Juiz: Ordem no tribunal! -bateu o martelo e o silêncio reinou- Sente-se por favor, Sr.Ferrari.
Me sentei no local indicado e pude sentir o olhar furioso, surpreso e indignado de John sobre mim. Dayana me olhava...feliz?
Chris: Peço que incie seu depoimento.
O advogado me olhava encabulado, eu pedi sigilo ao juiz, ninguém sabia que estou vivo e nem que iria depor para minha filha.
Engoli seco e assenti, descendo o pequeno microfone a minha altura.
Fernando: Passei anos planejando como seria meu reencontro com vocês, meus filhos -sorri fraco- infelizmente não saiu da forma que eu queria, como eu imaginava. Mas estou aqui. Viajei quilômetros para vir aqui defender a minha filha, já que isso é o mínimo que eu posso fazer após tudo que a fiz passar, não só a ela como Rebecca e Edgar. Mas eu tenho uma explicação para isso tudo, sei que estão atordoados, jamais imaginavam que me veriam novamente, o plano do padrasto de vocês foi muito bem planejado, mas eu preciso que me escutem, por favor.
Fiz uma pequena pausa.
Fernando: A alguns anos atrás eu recebi a notícia de que minha mulher simplesmente queria o divórcio para se casar com ele, John Carter. Eu sentia que meu casamento já não era mais o mesmo, mas não imaginava que ela me trairia. Foi algo muito natural para eles, apenas chegaram em minha casa, tivemos uma breve conversa e ela me pediu o divórcio, sem ao menos se importar com o que eu sentia ou na situação que nossos filhos ficariam. John sempre foi um cara poderoso, eu não pude fazer nada além de assinar o bendito divórcio. -suspirei- Minha filha, Juliana, sempre foi mais apegada a mim do que a mãe, sempre andou grudada comigo para onde quer que eu fosse. Ao contrário de Dayana, que nunca simpatizou muito com a nossa filha.
Chris: Especifique.
Fernando: Dayana tratava nossos filhos com diferenças. Edgar e Rebecca eram os maiores tesouros da sua vida! Já a Juliana era como um "tanto faz". Minha filha sempre teve uma personalidade incrível, era uma menina engraçada, esperta, inteligente, forte! Sempre foi muito sincera, astuta e isso incomodava a mãe. Já a Rebecca -sorri- ela sempre foi uma menina doce, também muito esperta, uma menina amável, carinhosa, Dayana sempre a exaltou como uma verdadeira princesa, Edgar então sempre foi o orgulho de sua vida. Mas Juliana não, ela só brigava com a mesma, tudo que a Juliana fazia era motivo de estresse pra ela, e sempre ela mandava eu "dar um jeito" na menina, como se ela fosse um objeto.
Chris: Você diz sobre a sua filha com orgulho, eram realmente muito apegados.
Fernando: De fato. Mas da mesma forma que eu sentia amor pela Juliana eu sentia por Rebecca e Edgar, amo meus filhos na mesma intensidade, dei carinho aos mesmos na mesma intensidade, coisa que Dayana não fez! Pra falar a verdade, ela não amou nem a mim.
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Warrior | L.S
General Fiction"Nem sempre eu fui assim, fria, calculista, sem sentimentos, sem felicidade. Na verdade eu já fui uma menina feliz, amorosa, mas deixei de ser quando tiraram tudo que eu tinha: A minha família, a minha inocência. Dizem que o pouco faz muita gente fe...