LORENA...
Tudo aquilo era difícil pra mim. Eu que sempre julguei Alessandra por matar quem a fazia mal agora estou pagando com a minha própria língua. As cenas me atormentam, mas foi mais forte que eu. A imagem do John naquele dia, o padrasto do Ian passando a mão em mim, e agora a imagem do homem morto com um tiro na cabeça, e eu não matei ele por me defender, eu matei ele porque eu quis.
Alessandra: Vai tomar banho, vou levar um café pra você
Eu assenti e subi pro meu quarto, tomei um banho rápido, me agasalhei e caí na cama, ouvi os passos da Alê e fechei os olhos rapidamente, não quero conversar sobre isso agora e sabia que ela ia querer arrancar de todo custo. Ela suspirou negando e desligou a luz novamente, fechando a porta e seus passos ficaram distantes. As lágrimas voltaram a rolar sobre meu rosto enquanto eu chorava baixinho, depois de um tempo eu finalmente dormi.
[...]
Eu desci as escadas devagar procurando Alessandra com os olhos
Cida: Boa tarde dorminhoca -sorriu- Alessandra está tomando café lá perto da piscina, sinto que vocês têm algo a conversar, não tem?
Lorena: Temos sim -sorri fechado-
Cida: Seu café também está lá, converse com ela
Lorena: Ok, obrigadaAlessandra realmente estava lá, tomava café e mexia no celular.
Lorena: Bom dia -me sentei na outra cadeira-
Alessandra: Boa tarde -deu um gole em seu café sem me olhar-Peguei o iogurte e despejei um pouco no copo. Esperava que ela falasse algo, mas ela não abriu a boca em momento algum.
Lorena: Eu conheci ele em uma balada -comecei e ela me olhou bloqueando o aparelho em sua mão e prestando atenção em mim- nós ficamos, ele era um cara simpático, galanteador, eu não me importei em ficar outras vezes com ele já que não sabia com o que ele realmente trabalhava -torci a boca- estávamos nos conhecendo melhor, ambos não queriam nada sério apenas ficávamos por atração. Nós iríamos jantar, mas ele lembrou no meio do caminho que havia esquecido a carteira, e por mais que eu insistisse em pagar ele não deixou e voltou pra sua casa, uma mansão
Ela ouvia tudo sem esboçar nenhuma reação.
Lorena: Ele quis que eu entrasse pra conhecer a casa...eu entrei! Ele me deixou na sala e subiu pro seu quarto buscar a bendita carteira, sua mãe muito simpática me cumprimentou, em seguida o seu padrasto -ela arqueou uma sobrancelha- não, não era especificamente o pai, Ian não tem uma boa relação com ele e eu não sei o porque, mas esse padrasto era alguém que o Ian amava muito, eles eram muito apegados. O velho parecia um cara tranquilo, mas bastou a esposa sair pra terminar o jantar e ele se mostrou o oposto do que imaginei -engoli seco- ele me encarava demais, eu já estava incomodada, ele se levantou e se sentou ao meu lado, grudado em mim e antes que eu saísse ele me apertou, passava a mão em meu rosto, na minha coxa, chegou a passar a mão na minha..-ela assentiu entendendo- eu só conseguia lembrar do John, estava estática, ele me empurrou no sofá e montou em cima de mim, quando ele tentou me beijar eu não pensei direito e dei uma coronhada na cabeça dele, o velho caiu meio atordoado no chão, eu levantei e saquei aquela arma que você me deu e...dei dois tiros no peito dele
A essa altura eu já chorava enquanto minha irmã me encarava com seu semblante frio de sempre
Lorena: Foi horrível! A mãe do Ian apareceu na sala gritando desesperada, o Ian desceu com arma e eu saí correndo da casa, os seguranças me procuravam mas eu consegui sair, eles só perceberam depois que eu estava no carro...acelerei e sumi do local, saí da cidade o quanto antes e achei que ele nunca ia me encontrar novamente, mas ele encontrou e mandou um dos seus homens atrás de mim. Ontem eu recebi mensagens anônimas de ameaça, coisas do tipo "estou te vendo", "você vai morrer", entre outras, eu percebi que ele me perseguia e saí da boate de propósito, me escondi num beco e quando ele passou eu dei um tiro em sua cabeça, ele caiu morto, eu matei ele porque eu quis.
Indaguei limpando as lágrimas e fungando
Lorena: O Ian vai me buscar até no inferno, Alê, ele quer se vingar de mim a todo custo e eu tenho medo, muito medo de morrer a qualquer momento! -ela continuou calada- Fala alguma coisa pelo amor de Deus!
Alessandra: Você não veio pra cá pra descansar, você veio porque estava fugindo -ela disse após algum tempo em silêncio-
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Warrior | L.S
General Fiction"Nem sempre eu fui assim, fria, calculista, sem sentimentos, sem felicidade. Na verdade eu já fui uma menina feliz, amorosa, mas deixei de ser quando tiraram tudo que eu tinha: A minha família, a minha inocência. Dizem que o pouco faz muita gente fe...