Luan não me olhava, apenas encarava meu pai, ele não queria olhar pra mim e nem se eu quisesse ele me perdoaria.
Eu não merecia o perdão dele.
Juiz: Eu quero ouvir o que a réu tem a dizer sobre tudo isso. Sente-se por favor Sr.Ferrari, obrigado pelo testemunho.
Meu pai assentiu e me deu uma última olhada, se sentando em um dos bancos a frente.
Chris: Conte sua versão da história, Juliana.
Eu assenti e respirei fundo antes de inciar.
Alessandra: Quando eu tinha uns 5 anos por aí, a Dayana se separou do meu pai pra ficar com o John. E foi todo esse inferno que o Fernando falou. Eu sofri muito com a ausência dele, eu, a minha irmã, o meu irmão, mas eu nunca demonstrei. Passei anos morando com eles, mas a minha adolescência foi algo que...-meus olhos marejaram novamente- eu não gosto de lembrar.
Chris: O que aconteceu?Eu apertei os olhos e as cenas vieram na minhs mente, mais uma vez eu não segurei as lágrimas e comecei a chorar compulsivamente, todos me olhavam atentos.
Alessandra: Eu nunca contei isso pra ninguém...eu tenho nojo, vergonha! -solucei-
Chris: Faz um esforço, vai ser melhor pra você! -sussurrou-
Alessandra: Um dia, após encontrar o Fernando, eu cheguei em casa e dei a ele a mesma desculpa de sempre: estava fazendo um trabalho com uma amiga. Daí eu subi pro meu quarto, Becca pro dela, Edgar e Dayana haviam saído, só tinha nós e o John.Meu peito se apertou e John me olhou desafiador.
Alessandra: Eu estava no quarto, praticamente nua! A porta se abriu e eu achei que fosse a minha irmã, mas era o John! -solucei- ele...ele veio me olhando com uma feição estranha, eu fiquei com medo, tentei me afastar mas foi inútil! Ele...ele me jogou na cama e...
Meu pai me olhou com os olhos marejados, esperando pelo pior.
Alessandra: Ele me estuprou!
Eu tornei a chorar. Sentia vergonha de falar isso dessa forma, eu nunca contei a ninguém, estava sentindo nojo de mim mesma. Senti vergonha por dizer isso e Luan ter que ouvir.
Olhei em sua direção e ele me olhava sério, mas com os olhos brilhando, uma lágrima caiu mas ele limpou rapidamente antes que eu visse. Ele ainda sentia algo.
Alessandra: Quando eu percebi o que ele ia fazer eu fiquei em choque, e quando isso acontece eu fico sem ar -engoli seco- a minha asma atacou. Eu tentei gritar, pedir socorro, mas não conseguia! Depois de tudo eu acabei desmaiando, ele me levou ao hospital com a desculpa que eu não me alimentei direito e passei mal, ele subornou o médico...ameaçou que se eu contasse algo aos meus irmãos ou a Dayana ele os mataria. Ele não fez isso só uma vez, foram várias. E não foi só comigo, quando tínhamos fugido minha irmã contou que também aconteceu com ela.
Todos olhavam assustados.
Alessandra: Meu único refugio nisso tudo era o meu pai, e nem pra ele eu podia falar. Quando o John me disse que descobriu tudo e que estava prestes a matar ele, eu corri desesperada pra tentar salva-lo, mas quando eu cheguei só deu pra escutar o grito e o tiro, meu pai estava "morto". Eu gritei, chorei, mas isso não me faz uma louca, eu estava sofrendo porque eu praticamente vi o meu pai morrer e anos depois eu descubro que, tecnicamente falando, meu pai foi morto pelo cara que eu amo! O único louco dessa história é o John!
Eu respirei fundo pra não me exaltar.
Alessandra: Depois que meu pai morreu o John foi até lá e me buscou, eu voltei pra casa, em choque. No dia seguinte ele me mostrou uma foto, um cara jogado no chão, sangrando, mas estava de bruços, não aparecia o rosto, mas ele me mostrou a foto com o maior prazer. Eu acreditei que era o meu pai. Subi pro meu quarto desesperada. Minha irmã não comia, não falava, meu irmão chorava muito, e naquele dia eu percebi que eu não podia falhar, eu tinha que ser forte por eles, eu me senti responsável pelos meus irmãos. Pra mim, eu não tinha mais mãe, o meu pai tinha morrido, era só eu e eles agora, decidi fugir e eles toparam ir comigo mesmo achando uma loucura. Eu fiz coisas que não me orgulho apenas pra salvar meus irmãos.
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Warrior | L.S
General Fiction"Nem sempre eu fui assim, fria, calculista, sem sentimentos, sem felicidade. Na verdade eu já fui uma menina feliz, amorosa, mas deixei de ser quando tiraram tudo que eu tinha: A minha família, a minha inocência. Dizem que o pouco faz muita gente fe...