Capítulo 09

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A pista começara a esvaziar depois da última música. Ele caminhou com ela até o centro da pista, e ela se virou pra ele. Uma música lenta começou, com batidas cadenciadas. Esperou, e ele sorriu de canto, olhando-a.


Anahí: O que agora? – Perguntou, esperando.


Alfonso: Você me avisou que, se eu tocasse em você, me daria ordem de prisão. – Lembrou. Ela revirou os olhos.


Anahí: Pode fazer isso agora. – Alfonso sorriu, pondo a mão na cintura dela, que o tocou no ombro. O toque era estranho, depois de todos esses anos.


Alfonso: Obrigado por ter aceitado. – Disse, e ela deu de ombros. Madison, que sorria pra um convidado, os viu na pista de dança e franziu o cenho.


Madison: Mas que diabo está acontecendo? – Perguntou, vendo um Christopher que observava a cena como se visse um cavaleiro do apocalipse passar na sua frente.


Alfonso: Eu fiz isso? – Perguntou, os dedos passando por um relevo no braço dela. Ela assentiu – Eu sinto muito.


Anahí: Eu sou grata que tenha feito. – Ele afastou o rosto. – Eu nunca teria ido embora se você não tivesse me agredido. Ficaria lá até você esgotar a ultima gota de mim que sobrasse. – Ele suspirou – Pare de dizer que sente muito. Essa noite devia ser comemorativa.


Alfonso: Eles se casaram há dez anos. – Ela franziu o cenho – No civil. Mas fico feliz de que tenham conseguido chegar até essa cerimonia.


Se afaste de mim e faça logo antes que eu minta pra você.

Seu céu fica cinza, e eu caminho debaixo da tempestade.


Anahí: Problemas? – Perguntou, se distraindo sem perceber.


Alfonso: Ela estava tentando engravidar. Um erro, na minha opinião. – Disse, embalando-a. – Todos os meses, quando dava errado e a menstruação dela vinha... Era ruim. – Resumiu, pensativo – Mas era pior quando não vinha.


Anahí: Como assim? – Perguntou, olhando-o.


Alfonso: Os remédios alteravam os hormônios dela. Ela tinha atrasos, mas pra eles cada atraso significava que tinha dado certo. E eu esperava. – Ela o olhou, quieta – Então duas, três semanas depois, vinha. Deus do céu. – Ele suspirou – Todos os meses, por dez anos inteiros. Eles nem tinham se recuperado direito da menina ainda. O único consolo que ela tinha era que podiam tentar de novo, e o ciclo recomeçava de novo. Enfim. – Ele sorriu de canto – Temi que fosse demais, mas aqui estamos.


Anahí: Você não se enfureceu? Quando percebeu que eu havia ido embora? – Ele riu de leve.


Alfonso: Como nunca na minha vida. – Disse, sorrindo – Mas Madison tem uma mente bem subjetiva. Na mente dela, eu devia aquilo a ela. Parte da coisa foi como uma vingança.


Anahí: Você não fez nada? – Perguntou, desconfiada.


Alfonso: Eu quis. – Disse, sincero – Mas eu fiquei... Atordoado. Eu queria encontrar você, trazer você de volta. Eu nunca havia me sentido daquela forma antes, acho que me desesperei. Eu não conseguia pensar em outra coisa. Quando entendi que você estava em Cambridge, e que não voltaria... – Ele hesitou, olhando-a – Bem, acabou agora.


Se afaste de mim, escapa, vá, já não devo te ver.

E entenda que ainda que eu peça que você vá, não quero te perder.


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