Capítulo 27

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Anahí se desarrumou e se banhou pra dormir com a expressão séria aquela noite. Séria como ela não ficava desde que voltara com a morte de Joseph vingada. Se deitou e demorou a dormir, pensativa. Dormiu pra acordar pouco depois, com a coluna trincada em dor. Gemeu, respirando fundo, e chamou por Ian, incrédula por estar sentindo aquilo outra vez.


Terminaram no hospital de novo. Ela se resumiu a dizer que não houve repouso, abandonou os tratamentos e sofrera vários traumas nos últimos meses. Quando o medico insistiu em um detalhamento dos traumas ela ergueu a camisa do pijama azul marinho, mostrando as cicatrizes, e aquilo encerrou a conversa.


Encerrou a conversa mas deu origem a uma bateria de exames. Endoscopias, exames de imagem, chapas da coluna dela, do trauma no nervo, mas não havia nada nas cicatrizes, exceto as cicatrizes. Examinaram cada parte do seu corpo, examinando tudo o quando era possível e pediram exames de sangue, fezes e urina, o que quase a fez perder a paciência. O "basta" veio quando tentaram fazer ela fazer uma ressonância, o que exigia que ela abrisse mão de qualquer objeto de metal, como brincos, piercings, anéis... E alianças. Tentaram fazer ela tirar a aliança do dedo pra poder entrar na maquina, e o inferno se deu ai.


Anahí: Eu já disse que não! – Avisou, se sentando. O fato de conseguir se mover plenamente, apesar de que com dor, a deixava confiante. Ainda era letal, não mais uma aleijada – Eu só preciso de um remédio pra dor, que inferno!


Ian: Ela não vai tirar o anel. Há motivos. – Explicou, negando com o rosto – Dispensamos esse exame. Por favor, só chequem o nervo. – O medico se afastou, suspirando.


Dessa vez fizeram uma ultrassonografia nela. Ela virou o rosto, ignorando a imagem da barriga dela vazia. Ninguém entendia aquilo, só ela. Não era uma ultrassonografia uterina, e sim uma de abdomen, procurando por trauma nos órgãos vindos das facadas, mas o útero estava ali e estava vazio. A paciência dela estava acabando.


Por fim, voltaram pra coluna. Chapas e chapas foram feitas. Mais uma ultrassom. Os médicos pararam pra analisar, e ela parou, passando a mão no rosto, largada na mesa. Ian passou a mão pela barriga dela, olhando.


Ian: Você mesma costurou isso, não é? – Ela piscou, sobressaltada, e olhou, vendo ele tocar os pontos tortos – Não é possível, eu nunca vi uma sutura tão mal feita.


Anahí: Eu estava em Nova York, e não tinha tempo pra um pronto socorro. – Resumiu, impaciente. – Vamos amanhecer nesse inferno?


Ian: Perdoo você por ter deixado a carta. – Ela o olhou – Seu castigo por ter sido irresponsável e ter metido a cara sozinha foram essas facadas. – Disse, satisfeito.


Anahí: Ora, Ian, você sabe aquecer o coração de uma mulher. – Disse, irônica. Ele deu de ombros.


No final não era nada demais. Só exigia um pouco de repouso. Ela exigira demais de um trauma recém cicatrizado, e agora tivera apenas um episódio. Ela avisou que ia viajar no dia seguinte, e o médico avisou que a pressão do avião podia causar um novo desconforto. Ela avisou que ia mesmo assim. O medico receitou um analgésico, porém afirmou que a fisioterapia nesse caso pouco podia fazer; a lesão já havia sido tratada. Repouso era a chave. A cadeira de rodas devia ser usada, se possível, por uns dias, pra poupar a coluna. O andador também. Com o repouso não haveriam mais recaídas, a lesão fora controlada. Ela recebeu o analgésico na veia e suspirou de alivio, agradecendo.

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