Capítulo 23

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A primeira dor a voltar foi a tristeza. Ainda era cedo da manhã, a mansão ainda estava em silencio, só se ouvia o mar. Ian estava acordado, em sentinela, e ela aproveitando a sensação, até que foi voltando aos poucos. Aos poucos, de uma tristeza leve, um vazio, onde até então não havia nada. Foi aumentando, até se potencializar na perda em si. Ela permaneceu quieta, e aos poucos foi aumentando. A dor da perda foi aumentando, como se tornasse a correr pelas veias dela, e era tudo o que ela sentia.


Ian viu a respiração calma dela começar a se tornar mais sofrida, mais agitada, e olhou o relógio. Faziam oito horas, pouco mais. Madison dissera que dera a ela uma dose fraca, por isso levaria menos tempo. Ainda assim, não a interrompeu. Ela ficou daquele jeito por um bom tempo... Até que ele viu uma lagrima solitária correr pelo canto dos olhos dela, e soube que havia acabado.


Ian: Eu estou bem aqui. – Ela assentiu, então gemeu. A dor nas costas estava voltando.


Anahí: Por favor, me tire aqui. – Ian assentiu, se levantando.


Madison: Bom dia. – Anahí abriu os olhos e ela suspirou, em um lamento – Já?


Ian: Eu vou levá-la embora. – Disse, e Madison assentiu.


Madison: Me deixe só checá-la uma ultima vez. – Pediu, e Ian assentiu, quieto.


Ian deixou, e Madison prendeu o aparelho de pressão digital no pulso de Anahí, enquanto abria a pálpebra dela, iluminando os olhos azuis ainda brilhantes pela lagrima com uma pequenina lanterna vinda de uma caneta. Os reflexos estavam bons. Olhou a pressão, e estava um pouco alta. Era o esperado, ela estava sentindo dor. Madison assentiu, soltando-a, e Ian se aproximou.


Madison: Sei que não vamos nos ver por um bom tempo agora. – Anahí a olhou, quieta – Só saiba que tem alguém a recorrer, a qualquer momento, se precisar. Eu estou aqui por você. – Lembrou.


Anahí: Obrigada. – Murmurou, quieta.


Ian a carregou, levando-a de volta pro carro. Ela não disse nem uma única palavra ao longo do caminho, nem quando ele se desviou do caminho de casa. Ian a levou pro hospital, onde mentiu, dizendo que ela "rolara da cama no sono", e pediu chapas da coluna dela. O resultado apontou um breve dano por ela ter passado a noite dormindo no sofá, algo que custou um leve retrocesso no avanço que vinham fazendo, mas ela estava bem.


Ao chegarem em casa, ela pediu pela quiropraxista. Tomou um banho, e ele a deixou com a medica enquanto ele mesmo tomava um banho longo, se lavando da noite anterior, esquecendo o que vira e ouvira. Os gritos dela ainda ecoavam em sua cabeça, a imagem dela chorando, se arranhando, quase arrancando os cabelos, e depois... Nada. Quando saiu do banho ela, parecendo mais confortável em roupas limpas, agora com um vestido vermelho que ia até os joelhos, e pediu ajuda pra descer as escadas. Ele ajudou e a colocou de volta na poltrona. Os dois ficaram em silencio um bom tempo, mas não tinha como sustentar aquilo.


Ian: Quer me dizer o que aconteceu aqui ontem a noite? – Perguntou, por fim, sentado de lado no sofá, de frente pra ela. – Você tinha ido dormir. Estava bem.

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