Capítulo 15

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Nate: Estou escutando. – Disse, folgando a gravata. Tinha uma caneta na mão, uma agenda aberta na outra.


Haviam duas pessoas a sua frente. Duas mulheres. Uma era Julia, ele já a conhecia. A outra era do turno da noite, Margareth, ambas escolhidas dentre os outros empregados para representa-las.


Nate: Vamos começar com uma estimativa. Temos 220 funcionarios, todos na mesma faixa de idade. – Começou, escrevendo na agenda – Em media quantos homens e quantas mulheres.


Margareth: Por volta de 150 homens e 70 mulheres, senhor. – Respondeu, e ele assentiu, anotando.


Nate: Quantos optam por ficar? – Perguntou, olhando-as.


Julia: Precisamos saber o que o senhor está oferecendo em troca primeiro. – Disse, óbvia.


Nate: Podem me chamar de você. – Ele puxou a gravata do pescoço, empurrando de lado e abriu o colarinho. Inferno. – Bom, precisamos saber qual a demanda. Eu posso redirecioná-los para minha firma. Para trabalhar em escritório, nós temos diversas vagas. – As duas se entreolharam – E nós estamos pulando o processo seletivo aqui, direto pra fase de treinamento.


Margareth: Mas...


Nate: Mas é importante lembrar que cada pessoa tem seu perfil ideal. Por idade, por nível de escolaridade, por porte físico, e por desejo também. – Disse, girando a caneta – Tenho contatos pela cidade inteira, em todos os ramos de operação. O que eu estou oferecendo é a oportunidade de sair dessa mansão e ir trabalhar em algo que lhes dê gosto. Eu só precisaria fazer uma ligação. – Simplificou – 220 ligações, no caso, mas não importa. Só preciso saber qual o perfil da pessoa, onde ela se encaixa, pra poder remanejá-la melhor. – Explicou.


Julia: E se ela preferir ficar? – Perguntou, quieta.


Nate: Bem, as maquinas de controle de ponto estão operando normalmente. – Disse, se recostando – Mandei confeccionarem uniformes padrão, para que os funcionários parem de se vestir... Assim. – Ele apontou as roupas com babados e toucas que elas usavam – Se vestirão normal, terão entrada e saída normal, hora extra, insalubridade, plano de saúde, férias, tudo conforme a lei. O salário não será alterado, apenas o contrato de trabalho será refeito, para caber na lei. Sem mais esse teatro de "lady" não sei o que, ou de baixar a cabeça, ou de... Vocês sabem.


Margareth: Lady Archibald sabe disso? – Perguntou, receosa.


Nate: Tomará ciência quando chegar o momento. As decisões daqui cabem a mim. Já devia ter feito isso anos atrás. – Comentou, revirando a caneta.


Julia: Ela não vai aceitar. Clarence também não. – Apontou.


Nate: Os dias de Clarence como funcionaria dessa casa estão por fim. – Garatiu – Minha mãe não que aceitar ou deixar de aceitar nada.


Margareth: Quem cuidará da casa, no lugar dos que forem? – Perguntou, quieta.


Nate: Haverá um novo processo seletivo, dessa vez não-racista e não-misógino, para repor o quadro de funcionários demitidos. – Explicou, simples.

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