Capítulo 38

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Como que por tradição, Alfonso acordou primeiro na manhã seguinte. Piscou por um momento, se situando. A chuva da noite não parou; pior, só se intensificara. Ele olhou, e ela continuava encolhida em seu peito, dormindo quietinha.


Não fora um sonho.


Ele respirou fundo, deixando aquela realidade assentar em sua cabeça. Estavam mesmo ali. Ela realmente estava dormindo no peito dele. Tinha medo de se mexer e estragar tudo. Apenas ajeitou o edredom dela, deixando-a quieta.


Infelizmente, era o suficiente pra acordar uma federal, principalmente sendo que ela tinha dormido a noite inteira. Anahí pestanejou, alerta, então se apoiou nos braços e ele ergueu as mãos na defensiva. Ela piscou, os olhos azuis se situando, então relaxou.


Alfonso: Sou eu. – Ela assentiu, passando a mão no rosto.


Anahí: Eu dormi aqui? – Ele assentiu – Ótimo. Desculpe.


Alfonso: Não se desculpe. Nunca se desculpe. – Ela o olhou, quieta.


Anahí: Eu só não tenho dormido bem. Não durmo uma noite inteira desde... – Ela hesitou, tentando lembrar – Eu não sei.


Alfonso: Não precisa se justificar, Anahí. Você só dormiu. – Ele ergueu a mão, tocando uma mecha do cabelo dela, em um carinho.


Anahí: O que está fazendo? – Perguntou, meio acuada.


Alfonso: Carinho. – Disse, óbvio – Algumas pessoas chamam de cafuné. – A sensação dos dedos dele brincando com a raiz do seu cabelo era boa. Ela sorriu de canto, franzindo o cenho.


Um tiro à queima roupa, 

Outra cicatriz. 

Senti a dor a pele 

Por tudo que eu não fiz.


Anahí: Eu não curto esse tipo de coisa. – Ele ergueu as sobrancelhas, mordendo o interior da bochecha. Enquanto ela dizia que "não curtia", a expressão de satisfação no rosto dela a desmentia claramente.


Alfonso: Não? – Ela negou.


Anahí: Não. – Ele assentiu, os dedos ainda a raiz do cabelo dela em um carinho brando – Eu preciso levantar e tomar um banho e achar outro roupão. – Se organizou, olhando o roupão que só sobrevivera fechado pelo nó que ela dera no fecho, mas estava todo amassado. Ele sorriu ao ver a convicção dela cair.


Alfonso: Olhe, já não tem muito pra fazer no Texas em um dia normal, debaixo desse aguaceiro... Nem o parquinho da Beyoncé vai estar receptivo. – Ela tinha a cabeça tombada pro lado onde a mão dele lhe fazia cafuné – Você pode aproveitar e descansar mais um pouco. Ainda é cedo.


Anahí: Você sempre acordou cedo mesmo. – Lembrou, e ele sorriu, vendo ela deitar de novo em seu peito. Mordeu o sorriso, erguendo a mão do cabelo dela, que franziu o cenho – Pode continuar, eu não curto mas também não me incomodo. – Disse, tateando pra procurar o braço dele, trazendo a mão de volta pro seu cabelo. Suspirou, satisfeita, quando o carinho recomeçou.

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