Capítulo 40

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Alfonso: Tivemos uma vez. – Lembrou, se aproximando e se sentando do outro lado do balcão – Apesar de ser chuchu. – Ela ergueu a sobrancelha, mordendo a azeitona.


Anahí: Se você não pode beber, nunca pensou em retirar isso daqui? – Perguntou, apontando a parede atrás dela. Dezenas de garrafas seguiam lá, enfileiradas nas prateleiras de vidro, a frente da parede luminosa.


Alfonso: Pelo contrário, cuido pra que continuem ai. – Disse, olhando a parede – É simbólico.


Anahí: Posso servir algo? – Alfinetou, e ele ergueu a sobrancelha.


Alfonso: Uma água com gás. – Aceitou. Ela sorriu, buscando o freezer debaixo do balcão. – Não esperava você hoje. – Admitiu.


Anahí: Não planejei vir. – Respondeu, buscando um copo – Me vi ociosa, e pensei porque não? Tomei um belo chá de cadeira aqui. Deu pra pensar um tempo. – Admitiu.


Alfonso: Pensar em...? – Ela serviu o copo dele.


Anahí: Tudo. – Ela hesitou um momento, olhando o taça dela – Eu me sinto bem, quando chego aqui, quando você chega, mas no caminho eu não consigo evitar essa sensação de que estou fazendo algo errado. – Ele a observou – Comigo mesma, com a memória de Joseph, até com você. Quando fui embora de Los Angeles me prometi nunca voltar, e olhe só onde eu estou agora. – Ela apontou pra a mesa de centro atrás dele.


Alfonso: Não dá pra seguir em frente olhando pra trás. – Ela o olhou, erguendo a sobrancelha – Não é original minha, a psicóloga é quem me diz isso. Mas ninguém está cobrando direitos autorais. – Ela sorriu, pegando a mão dele.


Anahí: Eu sei disso. No testamento dele, Joseph me deixou uma carta, me pedindo pra recomeçar minha vida. Mas eu me pergunto se não estou me atropelando. – Admitiu. Era bom falar isso em voz alta – Me pergunto o que ele diria, me vendo de volta nesse apartamento. – Admitiu.


Alfonso: Anahí, eu não quero substituir seu marido, ou fazê-la esquecer dele. Sei que nem se quisesse, poderia. – Disse, sincero – Nunca pretendi interromper o legado de Joseph. Apenas quero dar continuidade a ele. – Ela sorriu de canto.


Anahí: E qual seria o legado de Joseph, afinal? – Foi a vez dele sorrir.


Alfonso: Sua felicidade. – Ele apertou a mão dela – Ele reconstruiu você do meu estrago e conseguiu te fazer feliz. Se você conseguir ficar comigo, eu quero que continue sendo feliz. Quero continuar o que ele começou. – Ela assentiu.


Anahí: Obrigada. – Ele beijou a mão dela.


Alfonso: Você sofreu tanto. – Comentou, sem sorrir – Eu tenho sua lembrança viva na memória. A do primeiro dia, xingando no refeitório do colégio por causa do barulho. Você sofreu tanto de lá pra cá. Uma boa fatia por minha culpa, mas fora a mim, a vida foi tão dura com você. – Ela deu de ombros – Suas cicatrizes por fora são as menores. Por dentro você é coberta delas. Eu só queria ter certeza de que não há mais nada a sua frente, senão felicidade. Mesmo que eu não esteja nesse cenário.

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