Capítulo 12

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Nate: Qual o seu nome, Julia, não é isso? – Perguntou, sentado na mesa de reunião da biblioteca. Ia pouco ali, umas 3 vezes por semana, pra ver a mãe e Victorie.


Julia: Sim, senhor. – Disse, olhando pra baixo.


Nate: Julia, eu não sei qual o tratamento dispensado ou as ordens dadas aqui, mas por favor, olhe pra mim quando estivermos conversando. – Ela ergueu o olhar – Não é melhor?


Julia: Temos orientações pra manter o olhar baixo, senhor. – Disse, restrita.


Nate: Sente-se, por favor. – Ela hesitou. Mas que porra acontecia naquela casa? – Se sentir confortável, é claro.


Julia: Prefiro... Se não for incomodar... Ficar de pé. – Ele assentiu – Madame Clarence acredita ser melhor dessa forma. – Ele estralou o pescoço, revirando uma caneta nas mãos. Joanne, a governanta, nesse caso "madame Clarence", eram os olhos e os ouvidos da mãe ali dentro.


Nate: Bem, não é Madame Clarence quem está aqui agora, sou eu. – Ela assentiu – Estive longe dessa mansão muito tempo, e precisei de um choque de realidade pra entender o quanto isso foi errado. Ao contrário de alguns erros da minha vida, esse é um dos que posso remediar. Estou aqui agora. – Ela esperou.


Julia: Precisa de algo de minha assistência, senhor? – Perguntou, solicita.


Nate: Fiz uma breve sondagem entre seus colegas e, entre os poucos murmúrios que consegui, seu nome foi o que mais ecoou, o que trouxe você aqui como representante deles. – A garota o olhou. Era negra, jovem, como a maioria dos empregados ali – Embora eu não seja cego, gostaria de ter um panorama do outro lado da moeda antes de qualquer coisa. Acredito que você pudesse me dar esse panorama. Esclarecer minha mente.


Julie: Perdão? – Perguntou, olhando-o.


Nate: Estive longe por anos. – Repetiu – Minha culpa. E tenho uma ideia geral da situação dessa mansão. Porém acredito que seria de melhor ajuda escutar de quem esteve aqui durante minha ausência detalhes que eu não tenho como saber, antes que eu comece a agir. – Explicou.


Julia: Acredito que Madame Clarence saberia esclarecer esses detalhes melhor, senhor. – Desviou, evasiva.


Nate: "Madame Clarence" dirá o que "Lady Archibald" a instruir e eu não tenho interesse nisso. – Dispensou – Porque você se sujeita a isso? Todos vocês? – A outra hesitou, olhando-o.


Julia: Nós temos dividas a pagar. Famílias. É um bom salário. Se vocês querem brincar de casa de engenho, bem, não é agradável, mas engolir o orgulho paga as contas no final do mês. – Desaguou, e ele assentiu – O senhor não é diferente. Nunca soube o que era uma conta que não pudesse ser paga, ou um filho doente precisando de ajuda medica. Quando isso acontece, participar desse tipo de teatro se torna aceitável.


Nate: Ninguém nunca considerou levantar uma denúncia? – Perguntou, simples.


Julia: Somos pagos bem o suficiente pra que as denúncias sejam caladas antes de serem feitas. – Garantiu. Ele apertou a ponta do nariz. – E isso é tudo o que eu vou dizer. Eu não sou uma conquistadora ou revolucionaria, senhor. Sou uma empregada. – Ele assentiu.

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