Quando sinto sua respiração quente e compasada na minha nuca, me viro com cuidado para não acordá-lo. Analiso seu rosto sereno enquanto dorme. Os lábios grossos entreabertos. Os cílios volumosos. O nariz fino. A barba perfeitamente alinhada. Os cabelos cantanho claro bagunçados caindo por sua testa. Passeio meus dedos levemente pelo seu braço musculoso, no seu peito traço a tatuagem tribal suspirando. Dou um selinho demorado em seus lábios. Passo a mão pelo meu rosto só então sentindo o mesmo molhado pelas minhas lágrimas.
E então o que era apenas um choro leve se torna soluços constantes. Me levanto da cama e vou até o closet, pego todas as poucas roupas que trouxe quando me mudei pra cá e arrumo tudo em uma mochila.
Vendo que tudo estava dentro dela, vou até o quarto do meu filho onde pego as coisinhas dele.
Fecho a porta e deixo as coisas do lado de fora do quarto do Gabriel.
Pego papel e uma caneta e com mãos trêmulas e uma dor enorme no peito,começo a escrever uma carta de despedida.
Cada palavra escrita me dói como se eu estivesse com uma faca atravessada no coração. Acho que nunca algo me doeu tanto quanto agora.
Quando termino o papel estava quase todo molhado. Deixo ela no closet, na parte em que estava minhas coisas e então tiro a aliança e coloco em cima dela.
O relógio marca quatro da manhã, daqui a pouco ele levanta pra malhar e eu não quero ir embora com ele acordado.
Junto as coisas no quarto, vou até a porta, olho pela última vez o amor da minha vida e fecho a mesma com cuidado sentindo-me desabar.
***
Ando pelas ruas no automatico. Por conta da hora elas estão pouco movimentadas. Chegando em meu destino o porteiro me deixa entrar direto, e eu subo quase que sem sentir até o apartamento luxuoso da minha amiga.
Toco a campainha inúmeras vezes até uma Chesca de cabelos bagunçados e cara amassada aparecer.
---Isso é hora Rebecca? ---Reclama. Mais eu sem forças apenas abraço ela o mais forte que posso e começo a chorar como um bebê. ---Ah meu Deus o que aconteceu? ---Afaga meus cabelos enquanto soluço em seus braços.
***
Depois de quase uma hora e o sol já ter saído, me sinto mais calma. Franchesca continua me analisando com cuidado a fim de encontrar algum traço do que pode ter acontecido. Seus olhos estão preocupados e com olheiras enormes.
---Está mais calma? ---Assinto. ---Então me conta agora o que aconteceu. ---Exige.
Eu sem titubear começo a narrar os acontecimentos dos últimos dias. Desde meu relacionamento inspirado em um conto de fadas da Disney até a parte onde me reencontro com Marcus e ele corta minhas asas exatamente como o miserável do Príncipe Sthephan fez com as asas da Malévola quando ela era apenas uma fada.
Ela parece não acreditar, pois a cada palavra que eu digo mais arregalados seus olhos ficam.
---.... E por fim, ele exigiu que eu saísse da casa do Gabriel, caso contrário pegaria o Casthiel.
---ESSE CARA É LOUCO! ---Anda de um lado para o outro na sala.---A gente tem que fazer alguma coisa... ---Diz pegando o celular.
---Ficou doida? Não pode falar isso para ninguém! Nem mesmo para Raphael. ---Tomo o celular dela.
---Mais a gente tem que avisar a tríade! ---Tenta justificar e eu balanço a cabeça negativamente.
---Chesca, nós duas conhecemos a tríade como ninguém, sabemos os pontos fortes e fracos daqueles três. E eu sei que o ponto fraco do Gabriel é a raiva, assim como o Miguel e o Raphael, qualquer um dos três, se pelo menos sonhar qual foi o verdadeiro motivo deu ir embora, começará a terceira guerra mundial, e não será nada bonito de se ver! Haverá sangue, tripas e entranhas! ---Digo exarcebada.
---Becca eu tenho que falar pelo menos pro Rapha... ---Diz chorosa.
---Não Chesca, você não pode contar nem pro Rapha, nem pro Gael, muito menos pro Gabe, eles não podem saber de jeito nenhum! É a vida do Casthiel que está em jogo.
O celular dela que continua em minha mão, começa a tocar e a foto do Gabriel aparece seguido por seu nome piscando.
---É ele! ---Digo arregalando os olhos.
---O que eu faço? ---Pergunta.
---Atende, e diz que não sabe de nada, de preferência faz voz de sono. ---Ela pega o celular, atende e coloca em viva voz.
---Alô... ---Diz com uma voz arrastada
---Alô Franchesca, desculpa por estar te incomodando essa hora. ---sinto sua voz chorosa, o que aperta meu peito.
---Não precisa se desculpar Gabriel, pode falar. ---Franchesca morde a cabeça do seu polegar, enquanto anda de um lado para o outro.
---É que a Rebecca sumiu, e deixou apenas uma carta falando que ia desaparecer sem deixar pistas, você sabe de alguma coisa? Sabe pra onde foi? O que aconteceu, pra ela me deixar tão próximo do casamento? Se você souber de alguma coisa, por favor Franchesca, pede para ela voltar! Eu não vou aguentar ficar sem ela.... ---Escuto seu fungado e me sinto a pior pessoa da história. Começo a chorar também.
---Não Gabriel, eu não sei de nada, mais eu juro que qualquer coisa eu te ligo. ---Minha amiga franze as sobrancelhas enquanto eu afundo meu rosto em um travesseiro.
---Ok. Obrigado. ---Diz com a voz entre cortada e desliga me fazendo desabar. O celular da Franchesca começa a tocar novamente.
---Fala Manu.
---Eu sei que a Rebecca tá aí, manda ela vir pra cá e correr com o Tito para o hospital!--- A voz dela está trêmula.
---O que aconteceu com meu filho? ---tomo o celular das mãos da Chesca.
---Ele está ardendo em febre, e perdendo sangue pelo nariz e boca, venha para cá imediatamente Rebecca!
***
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Senhores Ferrari- Gabriel (Revisado)
Romance"Em meio a dinheiro, drogas, prostituição e muito poder há espaço para amar?" INSPIRADO EM : RAZIEL, TRILOGIA SAINTS TRILOGIA FERRARI 1° livro: GABRIEL 2° livro: MIGUEL 3° livro: RAPHAEL