01|Uma Proposta Irrecusável

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---Eu juro que mato o Uriel!---Minha amiga rosna enquanto anda em círculos dentro do pronto socorro. Minha cabeça doi.

---Se acalma Chesca, eu estou bem. ---Garanto, mas ela parece não me ouvir já que continua bradando sem parar.

---Me acalmar?--- Ela pergunta depois de várias frases sem nexo, que a mesma disse. ---Só esse mês eu te trouxe cinco vezes no pronto socorro... CINCO VEZES Rebecca! ---Passa as mãos pelos cabelos cacheados volumosos, sua marca registrada.

---Ches... ---Ela olha pra mim com um olhar reprovador o que me faz calar.

---Não acabei ainda!--- Bufo. ---Isso tudo está fazendo mal para o Casthiel. Você não vê? Você não sabe  o quanto seu bebé sofre quando tudo isso acontece?---Suspira .---Porque você não deixou esse homem de vez? ---Senta-se na cama segurando uma das minhas mãos.

---Porque eu tenho medo de morrer! ---Digo desabando em lágrimas. ---Tenho um filho pequeno... Eu... Eu... Não posso me dar ao luxo de sair do meu apartamento, a dona Dora me faz o favor de deixar o aluguel de graça... Mal tenho dinheiro pra comprar leite pro Tito, o salário de domestica não da para quase nada... Eu não tenho pra onde ir!---Termino meu desabafo Fungando. Realmente eu não tenho para onde ir, ao menos tenho a quem recorrer, se não fosse Chesca eu não sei o que seria de mim e do meu filho na rua.

---Vocês vão morar comigo. ---Meu queixo cai.

---Não Chesca! Você já me ajuda demais...

---Xiiiiii---Reviro os olhos. ---Você vai e pronto! ---Aponta o dedo para mim. ---Você já está de auta, vamos embora daqui, você pega suas coisas e as do Casthiel e os dois vão morar comigo.... Porque EU ESTOU MANDANDO!---Diz a última parte baixo e eu engulo em seco.

---Tá bom espertinha mais como vou sustentar o Tito sem emprego?---Ela bate com a mão na testa.

---Isso é o de menos, sei quem pode te ajudar. ---Reviro os olhos, minha amiga é a melhor...

***

Suja, é assim que eu me sinto quando tiro a roupa no banheiro, no mínimo chique, da Chesca.

Depois de sair do hospital vinhemos diretamente para cá. O Casthiel não parou quieto um segundo, sempre correndo pelos cantos da casa.

Olho meu corpo, agora magro, no espelho. Marcas roxas pelo meu rosto e corpo, ossos saltados, cabelo terrível... Me sinto um lixo, e o pior que meu psicológico está tão machucado quanto meu mísero corpo esquelético.

Decido não me torturar mais, entro debaixo do chuveiro e deixo a água fria levar meus pecados.

***

---Vem Tito, está na hora de comer!--- Chamo meu pequeno que aparece correndo segundos depois. Prendo meus cabelos longos e negros em um coque soltinho. ---Ta com fome, querido?

---Muita Mamma! ---Ele diz alisando a barriguinha vazia.

Casthiel é meu maior presente, não sei se estaria viva se não tivesse meu pequeno. Engravidei cedo demais, exatamente aos dezoito, assim que isso aconteceu fui morar com o Uriel.

No começo é sempre lindo como um mar de rosas, mil bilhetes, poesias, flores e telefonemas pra conquistar o coração da gente. Mas, com o passar do tempo logo se perdeu o encanto , e junto com isso veio as agressões, essas quais começaram na época em que eu ainda estava grávida do Tito.

Estava perdida, sozinha no mundo, até que eu conheci Franchesca Cerqueira e Emanuele Tomazzinni ,essas quais viraram minhas irmãs.

Quando estou terminando de dar uma mamadeira pro Casthiel, a Chesca aparece na cozinha com um tablet em mãos.

Senhores Ferrari- Gabriel (Revisado) Onde histórias criam vida. Descubra agora