Capítulo 19➡Rebecca (Revisado)

435 44 1
                                    

Ando devagar pelas ruas calmas do bairro. Aqui não tem perigo de assalto, muito menos perigo de levar um tiro na cabeça enquanto perambula pela cidade.

Cumprimento algumas pessoas que já conheço de vista, pelo meu hábito de ir pegar o Tito à pé na escola, sinto-me extremamente bem nessa minha nova vida. Não é muito movimentado aqui. É um bairro exclusivo de condomínios fechados. Um mais luxuoso que o outro. Só tem gente rica, celebridades, socialites, pseudo-celebridades, jogadores de futebol e por aí vai , até o ar é diferente!

Passo de frente a escola do meu filho e dobro a esquina entrando na farmácia. Pego algumas coisas de higiene pessoal e compro meus anticoncepcionais, até porque é melhor sobrar do que faltar.

Pago tudo, e saio com as sacolas nas mãos. As ruas já estão mais calmas por ser sábado a tarde. As pessoas costumam sair pra algum lugar.

Por um breve instante tenho a impressão de que estou sendo seguida. Giro nos calcanhares olhando para todas as direções possíveis, mas, o máximo que eu consigo fazer é espantar alguns pardais que se encontravam na calçada da farmácia. Dou de ombros e sigo pela sombra das grandes árvores que estão espalhadas dando um ar mais arbóreo e refrescante.

Ando mais um pouco até parar de frente para uma loja de artigos para criança. Compro um tênis pro meu filho e logo volto meu caminho para casa.

Olho mais uma vez para trás e por instinto brinco com o anel de brilhantes em meu dedo. Meu peito está extremamente apertado.

Me perco em pensamentos enquanto ando rapidamente. Agora sim minha vida está entrando nos eixos. Daqui a um mês será meu casamento com o homem da minha vida, a Giovanna já me ligou antes da minha saida de casa falando que já sabia do noivado e que amanhã mesmo estaria na casa do Gabriel para organizarmos a cerimônia. Não quero nada escandaloso. Um evento pequeno apenas para os realmente mais próximos, não quero uma festa luxuosa, quero que seja tudo o mais discreto e íntimo possível. Apenas quero que esse seja o melhor momento da minha vida. Sorrio ao imaginar eu entrando na igreja, com a daminha de honra espalhando pétalas de flores, meu pequenino levando as alianças...

Sou tirada dos meus devaneios quando sou puxada para um beco pelos cabelos e uma mão forte tampa minha boca junto com um pano para não gritar.

---Te peguei sua cadela miserável... ---Poucos segundos depois eu apago e meu último pensamento é que ele me achou e que agora ele vai me matar.

***

Minha cabeça dói, e meus olhos estão pesados. Quando consigo abri-los me deparo com um lugar imundo. Todo bagunçado e com um ventilador de teto girando sobre minha cabeça. Tento me levantar mas percebo que minhas mãos estão presas na cama onde estou sentada.

---Olha se mio amore, não acordou...

---Marcus....---Pronuncio com nojo vendo a figura alta e musculosa chegar perto de mim.

---É amor pra você, bella!---Toca meu rosto e eu viro o mesmo. Escuto ele gargalhar.

---O que você quer? ---A bile sobe pela minha garganta e eu me seguro para não vomitar em seu rosto angular e tão bonito quanto a última vez que nos vimos. Que desperdício, um corpo tão belo para uma alma tão podre.

---Calma Rebecca não irei matar você. ---Senta-se na cama e encara minhas coxas expostas por causa do vestido que uso. ---Você está gostosa... ---Diz passando a mão na minha perna subindo para o meu peito e em seguida segurando meu queixo.

---Passa a mão em mim de novo e você estará morto! ---Ele gargalha.

---Não é que ela já virou uma singnora della máfia...--- Ergo uma sobrancelha. ---Gabriel te ensinou certinho...

Fico tensa ao ouvir o nome do Gabriel

---Afinal, que palhaçada é essa de noivado com o Ferrari Rebecca? ---Joga um copo de vidro que estava sobre o criado-mudo na parede, cacos se espalham pelo quarto.

---Não é da sua conta seu vagabundo! --- Ele me dá um tapa no rosto e eu cuspo em sua cara.

---Escuta bem o que eu vou falar para você sua vagabunda! ---Ele segura no meu pescoço. ---Você vai deixar o Ferrari, abandonar o coitadinho no altar...

---Eu nunca faria isso! Eu amo Gabriel e você não sabe nada sobre meu noivo! Ele é perigoso e vai comer você vivo quando descobrir que você me sequestrou! ---Corto sua fala gritando em alto e bom som. Minha voz ao menos treme. Pergunto-me de onde saiu tanta coragem.

---Gabriel é um bosta que se esconde por trás dos soldadinhos de chumbo dele! ---Diz baixo.---Gabriel sem Miguel e Raphael não passa de um moleque chorão, o cérebro dele não serve de nada sem a força dos outros dois. ---  Sorri de lado. ---Você vai fazer tudo o que eu mandar, e sem falar nada pro Gabriel.

---Não sou obrigada! ---Rosno.

---É sim. Testa minha paciência para você ver se eu não sumo com o seu bastardinho e você  nunca mais o verá novamente ele!

---Meu filho não... ---Meus olhos se enchem de lágrimas.

---Então faça o que eu mandei. Você tem até amanhã pra ir embora daquela casa... E nem pense em fugir, eu tenho olhos e ouvidos lá dentro um passo em falso seu, pode dar adeus a aquele pedaço de aborto que você chama de filho, sua vagabunda! ---Ele me dá mais um tapa e eu começo a chorar. Eu não posso fazer isso...

Não posso...

***

Ando pelas ruas desolada. Na mão carrego as coisas que comprei mais cedo. Tento controlar o choro constante. Pois estou de frente para o condôminio. Abro o portão com a minha chave e suspiro quando não vejo nem sinal do carro do Gabriel.

Entro em casa e deixo as sacolas no chão. Já é início da noite e tudo está escuro. Acendo a luz da cozinha vendo um bilhete do Gabriel na geladeira.

"Principessa, tive uma reunião de urgência na cúpula. Desculpa por não avisar. Quando chegar me mande Mensagem. Amo você.

Senhor Ferrari."

Meus olhos se enchem de lágrimas novamente e um choro silencioso logo se torna alto. Eu não posso fazer isso... Simplesmente não posso.

***

Senhores Ferrari- Gabriel (Revisado) Onde histórias criam vida. Descubra agora