capítulo 23➡Rebecca (Revisado)

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*Um mês depois:

Um pouco mais de um mês se passou e a dor que sinto desde que parti continua intacta. Não há nada no mundo que me faça esquecê-lo, ou muito menos deixar de sentir o vazio que se instalou na minha alma desde que fui forçada a abandonar o amor da minha vida. Cada dia tem sido uma tortura, dormir e acordar sem Gabriel tem sido meu lupping infernal. Pago um preço caro demais por ter feito escolhas tão fodidas no passado.

Marcus ágil como meu carrasco, e eu sou apenas uma condenada a viver sua pena, longe de tudo aquilo que sonhou, sendo torturada ao ver que eu não era insubstituível, e mesmo se fosse, a posição que Gabriel ocupa não o deixaria passar o resto da sua vida chorando por que o deixei. O Ferrari é um chefe, e chefes precisam de postura intacta e imponente.

Me levanto da cadeira desconfortável do hospital e ando pelo corredor. Pego um copo de água e bebo. Sinto-me quase uma morta viva.

Meu filho está internado a quase um mês. Sua doença ainda não foi descoberta, e isso a cada dia me aflige mais. Mesmo com todos os exames feitos, o médico se detém ao dizer a real enfermidade do meu pequeno.

Volto para o quarto onde na TV passa um programa de fofocas qualquer. Me sento novamente na cadeira desconfortável e me perco em pensamentos.

---Gabriel Ferrari,---Começo a prestar atenção na TV. Uma foto dele aparece na tela. E eu penso quanta sorte eu tive de tê-lo só para mim. --- nesse último final de semana anunciou seu noivado com Agatha Milano, famosa modelo italiana. É meninas, e existem rumores que eles se casaram depois de amanhã! Isso mesmo em dois dias! ---A apresentadora prossegue falando como os dois são abençoados por nossa senhora da beleza e uma série de baboseiras que me recuso a ouvir.

Abaixo minha cabeça e olho para os meus pés calçados nas sapatilhas gastas. Tem sido dias difíceis.

---Senhorita Romani? ---Uma enfermeira com quem fiz amizade nesses últimos dias aparece na porta.

---Olá Mel. ---Respondo com um sorriso fraco no rosto.

---O Dr Gusttavo te espera, os resultados dos exames do Casthiel saíram. ---Mel parece apreensiva, mas não me deixo abalar. Sou o porto seguro de Casthiel, tenho que continuar firme independente da tempestade.

Olho para o meu filho que dorme tranquilamente e suspiro. Dou um beijo em sua testa pálida e sussurro.

---Vai ficar tudo bem meu amor...

***

---Dr Gusttavo? ---Mel chama e ele responde.

---Entre Melissa. ---A voz grossa ecoa através da sala ampla.

Mel me olha encorajadora e então eu giro a maçaneta abrindo a porta. O homem loiro ja meio grisalho de olhos azuis me olha e da um sorriso fraco. Levanta-se da cadeira e arruma o jaleco que cobre parcialmente suas roupas de grife elegantes e seus músculos pretuberantes. Doutor Gusttavo é um dos envolvidos na empreitada doida dos Ferrari.

---Como está senhorita?---Estende sua mão em minha direção e eu o cumprimento de forma firme.

---Estou bem senhor... ---Maneio a cabeça.

---Pode se sentar. ---Diz e eu me sento a sua frente. Minhas mãos estão trémulas. Ele mexe sem pressa em algumas papelas, acho que são os exames de Tito. ---Eu pedi para que a melissa te chamasse porque saíram os novos resultados dos exames do seu filho. ---Tira os óculos de grau.

---O que ele têm Doutor Gusttavo? ---Minha voz sai em um fio estridente. Engulo em seco controlando minha ansiedade.

---Tenho duas notícias. ---Anuncia.

---Fale logo Dr Gusttavo, por favor...---Sinto meus olhos se encherem de lágrimas.

---Rebecca, infelizmente o caso do casthiel é muito delicado. Ele tem uma doença chamada LLA. ---Começa.

---LLA? O que diabos é isso?---Corto ele.

---Leucemia linfoide aguda. ---Meu queixo cai.

---Meu filho tem câncer? ---Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

---É uma doença que ataca o sangue e diretamente o sistema de produção de glóbulos brancos. Baixa a imunidade e é extremamente complicada de tratar. No caso do Casthiel está diretamente ligada à condições genéticas, ou seja, alguém da sua família ou da família do pai dele possue a mesma condição. ---A voz dele mais parece um borrão.

---Ele tem chances de cura não é? ---Falo em meio aos soluços.

---O caso dele é delicado. Está no último estagio da doença, apenas um transplante pode salvar a vida dele. ---Explica.

---Eu doou ! Eu quero meu filho vivo!---Uma ponta de esperança me surge.

---Infelizmente você não poderá Rebecca. ---Engulo em seco mais uma vez.

---Por que? ---Puxo meus cabelos para trás.

---Tem que ser um doador do sexo masculino, que tenha o mesmo tipo sanguíneo e que de preferência tenha parentesco próximo. Como o pai, tio, avô ou irmão. Caso contrário, a medula não será aceita pelo organismo do Casthiel e poderá ocasionar em problemas que o seu filho não vai suportar. Ele está debilitado, sinto muito, não podemos errar.

---Ele não tem nada disso...---Suspiro desesperada. ---Meu filho vai morrer! ---Minha garganta trava.

---Não Rebecca, faremos de tudo para salvar a vida do Casthiel, mas você tem pouco tempo. Precisa encontrar imediatamente algum doador do sexo masculino.

***

Saio desesperada por entre os corredores do hospital. Me escoro na parede e me deixo deslizar pela mesma ate o chão. Puxo meus cabelos para trás e um grito de desespero escapa pela minha garganta.

---Rebecca? ---escuto Uma voz conhecida e passos pesados vindo correndo em minha direção. Olho para cima e pulo nos braços do homem a minha frente. ---O que aconteceu?

---Meu filho vai morrer Rapha! O Casthiel vai morrer...

***

Senhores Ferrari- Gabriel (Revisado) Onde histórias criam vida. Descubra agora