No Morro da Serra

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Dias

Meti o bicudo na porta e já entrei no barraco acompanhado dos mano. A irmã dela quando me viu ficou é pálida.

Dias: vasculha essa porra todinha - falei com os vapores - e você Luisa, vai fazer um favor pra mim - peguei ela pelo o braço e arrastei pra perto do telefone fixo.

Luisa: o que que ta acontecendo Dias? você está me machucando - colocou a mão na barriga, a puta tava grávida também. 

Dias: o que que tá acontecendo? Por causa da tua irmã, minha mulher e a minha filha tá no hospital então eu acho bom você me falar onde que a vagabunda da Ágata está.

Luisa: eu não sei cara, ela sempre fica na casa da minha mãe.

Dias: então você vai ligar pra lá e descobrir porque se não eu vou ter que meter um tiro na sua cara - ela me encarou chorando mas começou a discar o número.

Luísa: oi mãe, bênção...a Ágata com a senhora?...não, era só pra saber mesmo, vou ligar aqui pra ela...beijos - desligou o telefone - ela não tá lá na minha mãe.

Dias: então dá o seu jeito, e anda logo que eu não tenho o dia todo nesse inferno. - joguei o celular em cima dela

Luisa: ela falou que ia sair por uns dias e se eu tentasse ligar pra ela, tinha que ser ne outro chip. - murmurou

Wandin: achamos um celular aqui - apareceu com um pocket tijolão na mão. 

Dias: me dá aqui - peguei o celular da mão dele - você vai ligar pra ela agora e vai por essa porra no viva voz, tá me ouvindo? - falei segurando no cabelo dela. Ela só assentiu com a cabeça discando o número. 

Ágata: oi irmã como você tá? Tudo bem aí?

Luísa: cadê você Ágata, por que que você sumiu? - falou me encarando. 

Ágata: não dá pra te contar agora Luísa, mas tudo vai ficar bem. Se perguntarem de mim aí, fala que eu viajei, sei lá.  Inventa uma desculpa - na hora eu puxei o celular da mão da Luísa.

Dias: escuta aqui sua desgraçada do caralho, eu acho bom você aparecer nesse morro antes que eu meto pipoco na cara da sua irmã. 

Ágata: o que você fez com ela Dias? Ela tá grávida poxa, não machuca ela não. - senti o desespero na sua voz.

Dias: você pensou nisso quando foi com a Maria Cecília? Não né sua filha da puta.  Por sua causa, ela tá entre a vida e a morte no hospital sua vagabunda dos inferno. - comecei a gritar nervoso enquanto a Luísa me encarava assustada

Ágata: eu não sei do que você está falando Yuri. Eu não fiz nada com essa menina não - mentiu.

Dias: deixa de ser mentirosa garota por que te avistaram na rua do condômino dela. Eu vou te dar só o papo, você tem até hoje a noite pra aparecer nessa porra aqui, porque se não eu vou meter bala na sua irmã e não só nela, na sua mãe também. Eunão posso sair do morro mas já tem gente palmeando o barraco da sua mãe pra mim, então pense bem antes de tentar qualquer coisa.

Ágata: não faz nada com elas Yuri, por favor.  Elas não tem nada a ver com que eu fiz.

Dias: a Maria Cecília também não, mas mesmo assim você foi atrás né, puta do caralho! Já te passei a visão, abraça o papo se quiser - desliguei o celular

Luísa: você vai matar ela? - me olhou aterrorizada

Dias: matar? Eu vou esquartejar a tua irmã e botar cada pedaço do corpo dela em algum canto da favela pra servir de exemplo pra quem queira mexer com a minha família. E se eu fosse você, começava a orar pra ela aparecer logo, por que se não tu vai junto - peguei ela pelo o braço levando pra fora da casa.

Luisa: o que você vai fazer comigo? Me solta!! - começou a gritar e o povo tudo da rua olhando.

Dias: Wandin, sobe com ela e deixa lá na boca - taquei ela dentro do carro - eu vou colar lá na casa da Julia pra ver o que que tá rolando.

Wandin: ja é chefe - fez o toque comigo e saiu.

Entrei dentro do barraco da Julia e escutei só a voz do Felipe tentando conversar com ela. Parei na porta e fiquei observando os dois.

Felipe: não chola titia - passou a mão no rostinho dela - eu olei plo papai do céu plotejer ele hoje.

Julia: obrigada meu amor, a tia te ama demais viu - deu um beijo na testa dele.

Felipe: papaaai - gritou vindo pro meu colo - eu tava com xaudade.

Dias: o pai também tava campeão - dei um beijo no pescoço dele e me sentei ao lado da Julia. - conseguiu alguma notícia dele?

Julia: não estão deixando ninguém entrar lá - enxugou as lágrimas - ele vai sair preso já cara. Como que vai ficar minha filha sem o pai Yuri? - me encarou com os olhos inchados.

Dias: ou, relaxa. Assim que ele estiver melhor, vamo tirar ele de lá. Eu te prometo viu - beijei a testa dela - cadê a Julinha?

Julia: tá dormindo lá no quarto - prendeu o cabelo - tem noticias da Maria? 

Dias: Heloá já nasceu, depois de 6 horas de parto - dei um sorriso - ela vai ficar na incubadora por um tempo.

Julia: e a Maria, como que ela tá?

Dias: tá internada ainda, a situação dela é complicada. Perdeu muito sangue e teve uma hemorragia. - passei a mão no cabelo do Felipe tentando controlar o a tempestade que continha dentro de mim.

Julia: vai ficar tudo bem, relaxa. A Maria é forte e eu sei que logo logo ela tá aí - acariciou meu rosto - fiquei sabendo que foi a Ágata que provocou aquilo tudo.

Dias: e a safada ainda teve a coragem de meter o pé do morro achando que eu não ia descobrir.
Julia: e você deixou por isso mesmo? - me encarou surpresa

Dias: mas é claro que não né Julia. Já mandei o papo pra ela que se não colar aqui no morro até de noite, a irmã e a mãe vão pro saco.

Julia: você vai matar elas de verdade?

Dias: sim, de qualquer jeito a Ágata vai cantar pra subir porém tá na mão dela se poupa a família ou não - Julia nem falou mais nada. Pelo o que conheço, sei que ela não está a favor disso porém não tem argumento suficiente pra fazer com que eu mude de idéia.

Julia: você comeu alguma coisa já? - falou mudando de assunto

Dias: ainda não, nem tive tempo pra pensar em comida. Cabeça cheia de problema.

Julia: bora lá na cozinha que eu vou preparar algo pra vocês  comerem - saiu indo em direção a cozinha e o Felipe foi atrás.

Maratona 2/5