Capítulo 7

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boa leitura!

POV LAUREN

Depois que Karla me deixou sozinha sentada naquela árvore, eu perdi toda a vontade que já não tinha, de assistir aula. Não sei, algo me deixou extremamente incomodada, então decidi ir embora sem que ninguém me visse, depois pediria para Verônica cuidar dos meus materiais. Como eu estava sem o carro, fui caminhando até a cafeteria que eu costumava levar Taylor. Lá vende praticamente de tudo, minha irmãzinha amava ir lá.

Como sempre, fui muito bem recebida pelo senhor Miguel. Ele era cubano, dono do estabelecimento junto com sua esposa. Um amor de pessoa, educado, brincalhão e com muitas histórias para contar. Miguel era como um avô para mim.

— Menina Lauren, quanto tempo.

— Seu Miguel, já estava com saudades. - cumprimentei

— Sente-se, querida. Vou lhe trazer aquele croissant que você adora.

Enquanto ele ia até a cozinha, fui me acomodando na cadeira em frente ao balcão, olhando em volta. Aquele lugar ficava cada vez melhor e bonito. Sempre mantendo o clima flexível para jovens, adultos e até os mais velhos.

Seu Miguel sempre cuidou disso aqui muito bem e eu fico orgulhosa por tudo ter saído como ele planejou desde o início.

— Aqui, hija. - ele põe um prato com o croissant e um copo de achocolatado

— Tenho certeza que está maravilhoso. - dou um sorriso e começo a comer

— Cuidei para que estivesse. - senta ao meu lado — Mas agora, me diga o que se passa. Estou te achando meio para baixo.

Eu adorava toda essa preocupação dele comigo, como se eu realmente fosse alguém da família ou algo assim. Era bom conversar com seu Miguel, ele tinha os melhores conselhos.

— Você me conhece mesmo, né?

— Mais do que você mesma.

— Karla Camila, o nome dela.

Sorrio ao lembrar daquela maluca. O tempinho que passando juntas foi bom, mas como sempre eu estraguei tudo.

— Está apaixonada?

— O quê? - olho pra ele assustada - Não, claro que não. Eu só... Ela só me intriga muito. A conheci no ônibus, quando eu ia para a escola outro dia.

— Onibus, huh? A menina está mudada mesmo. - rimos

— Foi maluquice da Verônica, longa história. Acontece que não deu muito certo. - respiro fundo — Ela é bem arisca. Descobri hoje que ela vai estudar lá e ainda temos algumas aulas juntas. Até que estávamos indo bem, mas...

— Mas você estragou tudo, dando em cima da garota? - deduz

— Exatamente isso. - suspiro

Ele me estuda por algum tempo enquanto eu como o meu lanche.

— Se você quer mesmo essa moça, peça desculpas. Mostre que você não é essa idiota que mostrou ser. - ele toca meu ombro —Não a deixe escapar. Eu não a conheço, mas a forma que seus olhos brilham quando fala dela, tenho certeza que vale a pena. Nunca te vi assim por ninguém antes.

Esse cara sempre sabe o que falar, mas acho que ele entendeu errado. Não sou e nem vou ficar apaixonada por ela. Eu só quero sexo, certo? Ela parece ser quente demais na cama e é disso que eu estou precisando.

— Mas, e se ela não quiser olhar na minha cara?

— Azar o dela.

Ficamos horas conversando e ele aproveitou para me ensinar a fazer alguns bolinhos, disse que seria essencial quando eu casasse. Mulher adora comida e se eu souber fazer isso, não ficarei sozinha.

Nem percebi o tempo passar, era sempre assim quando eu vinha aqui, quando olhei para o relógio pregado na parede, era 18h da noite. Precisava dar sinal de vida a minha mãe e minhas amigas, já que não voltei para aula.

— Obrigada por tudo, seu Miguel. Mas, preciso ir agora, minha mãe deve estar uma fera. - faço careta

— Vá, querida. Não esqueça o que eu lhe falei. Ela já é sua.

Assinto com a cabeça e vou saindo de lá, não queria pegar nenhum transporte, eu gostava de andar à noite, me ajudava a pensar com clareza e consequentemente tomar a atitude certa. Eu iria me desculpar com a Camila. Vou mostrar que não sou tão ruim assim.

O que mais me deixou surpresa foi ver um carro tão conhecido por mim. Não era difícil encontrar um igual por Miami, mas seria coincidência demais.

Tirei todas as dúvida quando eu vi quem saia do carro.

Meu pai.

Mas o que ele estava fazendo aquela hora, por esse lado de Downtown? Me aproximei mais um pouco sem deixar que ele me visse, foi quando uma mulher loira, de óculos saia da casa e ia de encontro a meu pai. Eles se abraçaram e... deram um beijo?

Mas que porra era aquela? Eu só poderia estar louca, tomei achocolatado demais.

Eles entraram no carro, sorridentes e sumiram pela pista.

Quem era aquela mulher? A quanto tempo eles estavam tendo um caso? Ela sabia que ele era casado? É muita informação para uma noite só. Voltei para casa andando, atordoada com a cena que eu vi.

Caralho, a minha mãe. Como será que ela vai ficar quando descobrir?

Cheguei em casa e ela estava saindo da cozinha, enxugando as mãos, levando um susto ao me ver parada perto da porta

— Lauren, que susto! - coloca a mão no peito - Não tinha ouvido a porta. - eu continuava olhando-a sem expressão nenhuma no rosto, ela não merecia nada daquilo. — Filha, o que foi? - pergunta, preocupada

— Cadê o papai?

— Ele foi jantar com os amigos do trabalho, por quê?

— Nada. Nada. - ela franze a testa - Vou subir e descansar, o dia foi puxado hoje. - dou um beijo em sua testa e vou subindo a escada. Me viro quando a ouço

— Eu te amo. Saiba que pode contar comigo, filha.

— Eu te amo, mãe.

Continuo meu caminho, entrando no quarto e trancando a porta. Fui para o banheiro e fiz minha higiene. Vesti apenas uma cueca box e um top preto, para então me jogar na cama. Olhar o teto se tornou muito mais interessante naquele momento.

Passei a minha vida inteira achando que eles eram o casal perfeito. Idealizei aquele amor todo para mim um dia. Eu tinha orgulho e achava lindo a forma que eles se tratavam para então descobrir isso? Tinha que ter uma explicação, não tinha?

Minha mãe não merecia nada disso.

Eu só fazia sentir nojo daquele homem que chamo de pai. Ele desonrou a nossa família. A família que ele jurou proteger, amar, cuidar.

Queria poder saber o que fazer agora. Não posso deixar minha mãe fazendo papel de idiota, mas não quero vê-la magoada. Ela ainda o ama muito. Se Taylor estivesse aqui agora, ela saberia lidar com isso melhor que eu.

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