ROAD LOVE

Capítulo 36

boa leitura!

POV LAUREN

Eu aguardo aqui sem saber por quanto tempo estive sozinha. Como posso me curar se não consigo sentir o tempo? O amor é sempre uma surpresa. Quando começa, quando termina... e sobretudo, quando não termina.

Minha avó sempre me dizia que nada de bom acontece depois das 2h da madrugada. Ela estava certa. Sempre que você tiver a oportunidade de estar fazendo qualquer coisa que não seja se lamentar, faça. Não siga meu exemplo.

Ontem a festa foi maravilhosa, me acabei de dançar, beber, cantar... Tudo isso pra quem não queria nada, foi um grande avanço. Só que mais um ano eu passei sentindo falta do que eu poderia ter tido e não tenho. Mais um ano me encontro no alto desse penhasco olhando para a cidade iluminada e desejando que minha antiga vida voltasse.

— Sabia que ia te encontrar por aqui. - ouço uma voz grave atrás de mim — Não apareceu no bar hoje. - se senta ao meu lado, olhando a vista

— Digamos que eu esteja dando um tempo dessas drogas.

— Com um cigarro de maconha na mão? - ironiza

Olho para o cigarro em meus dedos e sorrio de leve, negando com a cabeça

— É natural. Deveria provar.

— Estou bem assim, mas obrigado. - sorri de volta — Te liguei hoje, você não atendeu, então torci para que estivesse aqui.

— Obrigada por ter me mostrado esse lugar. Eu tinha um canto só meu em Miami, em seis anos não consegui encontrar um aqui até você aparecer. - dou um trago, assoprando a fumaça em seguida

— New Orleans tem muita coisa escondida. Você iria se encantar mais ainda se descobrisse todas elas.

Ross era o barman do bar que eu sempre vou desde que me mudei para cá. Foi o meu primeiro ponto onde gastei boa parte do meu tempo e da minha grana. Descobri que ele era uma pessoa maravilhosa e manter uma amizade com o cara foi pra lá de bom. Além da Diana, Ross era a Verônica na versão masculina.

Ficamos um bom tempo só apreciando aquela vista. O cigarro estava de volta a minha rotina, mas sempre fumava longe da Emeraude. Digamos que ela seja uma pessoa com um pouco de frescura e se soubesse esse meu lado, talvez não concordaria, e o que eu menos quero é alguém me dizendo o que eu deveria fazer. De novo.

— Você já se apaixonou, Ross? - pergunto, quebrando o silêncio

Ele me olha por alguns segundos, suspira e sorri de lado, voltando a olhar para frente

— Claire. - começa. — Parceira na aula de biologia e a menina mais gata da escola inteira. Custou muito conseguir chama-lá pra sair. Ela era popular e eu apenas um nerd. Um dia eu arrisquei e bom... - sorri abobalhado — Estamos juntos até hoje.

— Pelo menos deu certo com você. Garoto de sorte. - digo, dando mais outra tragada

— Eu sei. - se gaba e eu reviro os olhos — Sua esposa não é uma Claire, né? - pergunta depois de um tempo, desviando seu olhar para mim

Respiro fundo, negando com a cabeça

— Não. Nos conhecemos na faculdade e uma amizade cresceu entre a gente. Ficamos algumas vezes, quando vi eu já estava envolvida. Digamos que ela seja encantadora demais... - suspiro, fitando-o — Diria até perfeita.

Ele solta uma gargalhada e eu o olho confusa

— Perfeita? Sério? Eu te conheço a tempo suficiente pra saber que esse não é um termo adequado à sua linguagem.

— Assim você me ofende. - solto uma risada baixa e ele me acompanha

Mas, ele tinha razão. Meus pensamentos sobre alguém nunca foram tão intensos assim, além dela, claro. Eu precisava trabalhar nisso se quisesse manter meu casamento instável.

— O que aconteceu? Por que não deu certo? - pergunta

— O que sempre acontece. A vida.

— Você ainda a ama, não é?

— Não consigo imaginar o dia em que não amarei.

— Não consigo entender o porquê se casou se a ama tanto. Você deveria ir atrás dela.

— Eu não posso.

— E por que não? Vocês adultos complicam tudo.

— Eu a deixei ir, Ross. - fixo meus olhos nos seus. — Foi melhor para nós duas, eu salvei a vida dela. Eu não poderia ser egoísta e pensar só no que eu sinto.

— Enche o cu de maconha e fala merda. - nega com a cabeça — O amor não deveria doer dessa forma. Qualquer coisa deveria ser melhor do que deixar as pessoas irem embora. Você deveria lutar por elas mesmo que não lhe restasse mais forças. É assim que funciona.

— Você não entenderia. Eu quase morri e temi que acontecesse com ela, também.

— Ela sabe disso?

— Claro, ela estava lá.

— Digo, que você temia essas coisas? Porque se você pensou dessa forma, deveria ter algo por trás disso.

— Não. - suspiro — Só fui cuzona como sempre e a mandei ir.

— Não deu nem chance dela fazer as próprias escolhas? Caralho, Lauren... achei que fosse mais inteligente.

— Por que você tem que ser tão otimista?

— Alguém tem que ser.

Viram o porquê gosto desse cara? Sempre as palavras certas, na hora certa. É por coisas assim que percebo que nunca estarei sozinha como eu realmente me sinto.