boa leitura!
POV LAUREN
Se anos atrás alguém me dissesse que no futuro eu iria entrar em um ônibus, eu riria da cara dessa pessoa.
Se tempo atrás eu soubesse que iria conhecer a Verônica e ser amiga da mesma, com certeza eu mudaria essa rota e evitaria que essa catástrofe acontecesse.
Não me levem a mal, não tenho nada contra quem utiliza transporte público, não me achem uma patricinha mimada, porque não sou. Mas, quem não gostaria de ter um carro, para ouvir suas próprias músicas em volume alto, ar condicionado a hora que quisesse e evitar pessoas que desconhece o item chamado "desodorante" às 7h da matina?
Graças a meus pais, eu tive esse privilégio e apenas por perder uma porra de aposta, estou sendo obrigada a deixar esse meu conforto de lado por dois dias. Por malditos dois dias, tem noção? Na outra vida eu devo ter feito muita merda para ter que passar por isso agora.
Acordo com o som estridente do despertador e a todo custo tiro o travesseiro da minha cabeça, me livrando do amontoado de cobertor sobre meu corpo, para só então bater com a mão no objeto barulhento em cima do criado mudo, fazendo ele parar.
— Porra de escola maldita - resmungo
Coloco meus pés para fora da cama, obrigando meu corpo a se sentar, respiro fundo e passo minhas mãos pelo meu rosto, enfiando meus dedos pelos fios de meus cabelos e dou um leve coçada.
Olho para o lado e vou procurando meu celular pela cama, ao pegar vejo algumas mensagens do grupo da escola, uma de alguma garota que eu fiquei noite passada que nem faço questão de lembrar e várias das minhas amigas.
A que mais me irritou foi a mensagem de deboche da Verônica sobre a aposta idiota e de como eu teria que ir para a escola hoje. Só de me lembrar senti uma vontade imensa de chorar. Não basta ter que acordar cedo, tenho que enfrentar ônibus, provavelmente lotado.
Jogo meu corpo para trás, me deitando na cama e bato com o celular de leve em minha testa
— Isso é para você aprender a não se meter com essas coisas, Lauren. - reclamo comigo mesma
****
Já de banho tomado, barriga cheia e mochila nas costas, me despeço da minha mãe já que meu pai tinha saído mais cedo para o trabalho e sigo para o ponto de ônibus mais próximo da minha casa. Algumas pessoas já se encontravam alí, prontas para irem para seu respectivo destino.
Quase meia hora depois, avisto o transporte que teria que me levar para escola, estendo a mão para que ele parasse e respiro fundo antes de entrar.
Bom, pelo menos tem lugar para sentar - pensei
Pego o cartão de passagem que a Verônica me arrumou e passo pela catrata, procurando o melhor assento para mim. Nunca fui de me incomodar com olhares sobre mim, sempre recebi milhares deles, seja de desejo, obsessão, excitação, mas o que essas pessoas dentro do ônibus lançaram quando eu subi, não soube identificar.
Será que estava tão na cara o quão descontente eu estava? Ou será que eles também me acham uma riquinha idiota pela jaqueta de couro que eu vestia, que custava quase minha mesada toda? Ah, tanto faz também.
Vou caminhando até o fundão do ônibus, me sentando ao lado de uma garota que tinha seus pés apoiados no ferro, meio deitada e cabeça apoiada na janela. Ela estava dormindo. Nunca iria imaginar que alguém pudesse ficar tão a vontade quando várias pessoas desconhecidas pudessem lhe ver daquele jeito. E se sei la, dormisse de boca aberta? Roncasse? A vergonha seria na certa.
A escola não ficava muito longe de onde eu morava, mas aproveitei o momento para ouvir minhas músicas pelo fone de ouvido.
Enquanto eu deslizava meus dedos pela playlist, senti um peso em meu ombro. Rapidamente olhei para o lado e a tal garota tinha pendido para cima de mim.
Não sabia o que fazer. Se acordava ela e pedia para se ajeitar em seu próprio lugar ou se colocaria seu cabelo - que agora estava cobrindo seu rosto - para trás de sua orelha e apreciaria mais a sua beleza. Ainda bem que não precisei fazer nenhuma das duas opções, já que ela acordou e me olhou meio assustada
— Dios mio, me desculpa. - se apressou em dizer - Acho que dormi demais - sua voz saiu rouca e pude sentir uma pontada no meu membro
— Fico feliz por ter contribuído com isso.
Ela ajeitava seus cabelos e fazia um coque mal feito e aquela cena ficou sexy demais. Realmente notei a beleza estonteante que aquela desconhecia levava na bagagem. Seus lábios carnudos e bem desenhados, seus olhos castanhos mais brilhantes que já vi na minha vida.
— Lauren. - estendo minha mão. — Lauren Jauregui.
A garota olhou para mim, depois para minha mão e voltou a me olhar de novo, soltando uma risada baixa, negando com a cabeça
— Sinto muito, mas eu namoro.
Ela pega sua mochila, coloca em seu ombro e sai do meu lado, pedindo parada, ainda com aquele sorriso no rosto, provavelmente pela cara de tacho que eu deveria estar agora.
— Eu só queria saber seu nome. Sabe, eu mereço por ter te oferecido um ombro amigo. - tentei mais uma vez
— Conheço pessoas como você, Laura. - pisca para mim e desce do ônibus seguindo seu caminho
Fico mais um tempo tentando processar o que acabou de acontecer. No fora que levei de uma garota sem precisar dar em cima dela diretamente.
— É Lauren - coloco minha cabeça na janela e grito para que ela escutasse
A maldita nem fez questão de me olhar.
Me ajeito na cadeira e percebo uma senhora de idade me olhando com cara de poucos amigos
— Você viu? - pergunto apontando para janela, com a testa franzida
A senhora apenas vira seu rosto e volta a fazer seu caça palavras.
Ótimo, ignorada por duas mulheres em menos de 5 minutos.
Eu sabia que essa ideia de andar de ônibus não era algo inteligente. O que tá acontecendo com essas mulheres? Parece que todas estão de mau humor e sempre te olhando torto.
Acho que elas odeiam isso aqui tanto quanto eu.
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ROAD LOVE
FanfictionLauren não fazia ideia de que é no ônibus onde conhecemos as melhores pessoas. Mas, por causa de uma aposta tem a oportunidade de desfrutar das maravilhas do destino. (Lauren g!p)