Capítulo 2 - Você venceu, eu desisto!

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Verifiquei o relógio pela milésima vez sentada ali no banco do motorista da minivan e suspirei, eu tinha chego cedo de mais à escola das crianças por que estava morrendo de medo de me atrasar e agora estava ali em frente à escola há quase dez minutos e nada. Molly dormia tranquilamente em sua cadeirinha então eu nem podia tentar arrancar sorrisos da bebê para me distrair.

Ruth tinha chegado logo depois que eu comecei a limpar a cozinha. Eu me apresentei, mas ela não pareceu nem remotamente surpresa por haver uma babá nova, só disse seu nome, me deu um aceno e começou seu trabalho em silêncio. Nenhuma palavra, foi o que trocamos nas mais de três horas que passamos juntas. Eu já estava pra explodir de vontade de falar, nem que fosse sozinha. Só que decidi bancar a pessoa normal e ficar calada o que me custou vários monólogos com Molly, pelo menos ela parecia disposta a ter uma conversa comigo.

Verifiquei meu celular só para ter certeza de que não havia uma única mensagem ou ligação, meu circulo de amizades se resumia a Christina, e dona Shirley, a senhora de quase setenta anos que morava no andar de baixo lá no prédio. É, eu era um exemplo de pessoa bem relacionada. Não é que eu não tentasse, mas tendo vários empregos e não ficando muito tempo em nenhum deles eu meio que não tinha muito tempo pra sair, conhecer pessoas e ter relacionamentos de nenhum tipo.

- Será se sou muito patética, Molly? – perguntei a bebê que nem se mexeu, só continuou ressoando baixinho. Eu meio que sabia a resposta pra essa pergunta, mas gostava de fingir que era não. Até por que, eu não ligava a mínima para o fato de não ter um emprego incrível e muito menos um namorado. Enquanto eu conseguisse pagar minhas contas em dia, o resto eu via depois e, dependendo do que fosse, eu nem queria ver.

Quando o sinal estridente tocou eu me assustei, por que talvez eu tivesse começado a cochilar em cima do volante, levantei, ajeitei o cabelo e sai do carro para tentar ver Seth e Charlotte no mar de crianças saindo todas de uma vez do enorme prédio a minha frente. Reconheci os cabelos loiros da garotinha saltitando em volta do irmão antes mesmo de ver Seth e sua habitual cara feia. Quando me viu, sua revirada de olho foi o suficiente para eu ter certeza, como se eu não soubesse, que ele tinha odiado me ver ali.

- Livy! – Charlotte gritou animada quando me viu e eu sorri, Seth atrás dela deu um sorriso irônico.

- Você ainda está aqui?

- Para nossa infelicidade, estou. Vamos pra casa? – chamei abrindo a porta e eles entraram. Ajudei Charlotte com o cinto e Seth prendou o seu, dei uma última conferida em Molly que ainda dormia e fui para trás do volante.

- O que tem para o almoço, Livy? – Charlotte perguntou e dei de ombros arrancando com tudo e matando um grupo de estudantes de susto. Seth arregalou os olhos, mas Lottie não pareceu se importar.

- tentando matar a gente?

- Não estou tentando matar ninguém, Ok? E Charlotte eu não tenho ideia do que vai ser o almoço, a Ruth não me disse nada.

- Você pelo menos sabe dirigir?

- Sei Seth, sei, dá pra calar a boca? – perguntei irônica e me arrependi no mesmo instante. Por que com o sorriso divertido – e assustador -, que Seth abriu, eu sabia que no mínino ele diria tudo ao pai dele. Cada palavra que eu dissesse. Garotinho ridículo.

- Você não manda em mim. Você trabalha para o meu mai então eu mando em você.

- Só que não – murmurei, mas ele não ouviu então deixei por isso mesmo. Podiam ser só as meninas não é? Aí minha vida seria uma maravilha.

Quando estacionei em frente a casa, Seth abriu a porta e saiu quase correndo para dentro com Charlotte logo atrás, eles não pegaram nada, nem as mochilas, nem os casacos, até os sapatos de Charlotte estavam jogados no banco de trás.

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