Capítulo 9 - Telefonemas e piquenique.

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- Olha, Molly, não é você, sou eu, definitivamente sou eu, é só que... – suspirei em meio a meu monólogo com a bebê deitada comigo. Nós estávamos em minha cama olhando o teto branco sem absolutamente nada para fazer.

Hoje era sexta-feira e isso significava que Charlotte tinha balé, Seth judô e Molly e eu muito, muito tempo livre. Era um saco, por que os passeios ou os filmes com a bebêzinha não era nem de longe tão animados como os com outros dois. O humor ácido de Seth e a alegria de Lottie deixavam tudo mais animado.

Mas o pior não era nem ficar sozinha com Molly, eu estava apaixonada por essa bebêzinha, então isso era fácil, a pior parte mesmo era só que quando eu terminava junto com ela, eu me dava conta do quão sozinha eu era e me sentia. Eu não tinha uma "melhor amiga", nunca tive alguém que pudesse chamar assim, não tinha mais a minha mãe, nem meu pai uma vez que ele não fazia questão de me ter também. Então quando eu estava com Molly, sem Lottie fazendo perguntas aleatórias ou Seth me olhando feio e reclamando de tudo, eu pensava e acabava chegando a conclusões que meus outros empregos, muito mais corridos, não deixavam.

Meu celular vibrou perdido no colchão me assustando e eu o alcancei com o coração acelerado. Quando vi quem me ligava fiquei totalmente sem entender.

- Pai? – chamei assim que atendi só para ter certeza de que eu não tinha visto o nome na tela errado.

- Oi, Olivia – ele respondeu e eu me sentei na cama para prestar atenção à conversa, por que no mínimo era o fim do mundo para o meu pai me ligar uma semana depois de eu ter falado com ele. – Como está?

- Bem, estava aqui deitada. E o senhor?

- Estou muito bem também. Indo bem no novo emprego?

- Sim, até que não é tão ruim – respondi realmente perdida. O que ele queria comigo? Olhei para Molly que me encarava, segurei seu pé e fingi mordê-lo só para ouvi-la gargalhar. Esse som doce me ajudou a me acalmar.

- O que foi isso? – meu pai quis saber e dei de ombros mesmo que ele não pudesse me ver. Se ele tivesse se dado ao trabalho de perguntar no que era o novo emprego talvez poderia ter alguma uma ideia do que estava acontecendo.

- A bebêzinha que eu cuido.

- Como?

- Eu sou babá, pai. Mas por que me ligou? Não foi para saber do meu emprego, por que se fosse teria perguntado e não perguntou. Também não é pra saber se eu estou bem, com isso deixou de se importar a muito tempo. Então o que é?

- Olivia! – ele me repreendeu e eu respirei fundo para não dizer coisas das quais me arrependeria ou para não chorar, o que viesse primeiro. Era sempre assim, sempre que eu lhe atirava um par de verdades na cara ele me repreendia como se eu fosse uma garotinha fazendo algo de errado, como se eu tivesse o afastado por causa de alguém que não valia nada e não o contrário. – Já disse que...

- Que não é assim – o interrompi irônica. – Claro que não é, jamais seria não é mesmo? Mas por que ligou?

- Bem... – ele começou devagar e eu sabia que não ia gostar de suas próximas palavras fossem elas qual fossem. – Erika vai fazer aniversário no próximo mês e vamos dar uma festa.

- Que ótimo, pelo menos alguém tem festas nessa família. E o que tenho eu como isso?

- Olivia, por favor... – ele pediu como se minhas implicâncias fossem só isso, implicâncias, não verdades das quais ele não gosta nenhum pouco de falar. – Nós gostaríamos que viesse.

- Como é!? – perguntei realmente surpresa. Eu na festa da mulher dele? Em que tipo de mundo paralelo era esse em que ele vivia e achava que eu ia aceitar? – Eu? Na festa da Erika? E o que exatamente eu ia fazer lá?

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