Capítulo 35 - Irritação e morangos.

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Minha noite com Ethan no resort ia ficar marcada para sempre em minhas memórias e no meu coração. Foi a mais mágica, especial e intensa noite da minha vida. Mas nossa tarde do dia seguinte também foi maravilhosa assim como todas as noites que se seguiram após aquela.

Não dormimos mais separados depois daquela noite, mesmo aqui, quando voltamos para casa, meu quarto tinha apenas as roupas que eu não havia colocado no armário dele ainda, nada mais. Sorri me lembrando de como minha vida mudou nos últimos meses por causa dessa família que eu já considerava um pouco minha, e nas últimas semanas por causa de Ethan e do seu carinho.

Eu poderia chamar de amor, por que eu me sentia assim, eu o amava, inteira e completamente, mas não tinha tido ainda coragem para dizer isso a ele, mas Ethan também nunca disse a mim como se sentia, me amar? Eu não sabia se esse era o caso. E mesmo que fosse, mesmo que ele se sentisse como eu, eu queria o ouvir dizer, com todas as letras e olhando fundo nos meus olhos. Não aceitaria menos que isso.

- Mamãe! – Charlotte gritou me tirando dos meus pensamentos e quase me fazendo derrubar o copo que eu secava há mais de quinze minutos.

- Já vou! – gritei de volta depois de colocar o copo no armário e guardar o pano de prato. Segui para a sala sorrindo.

Quando nos voltamos do resort há algumas semanas atrás, eu achei que eles parariam de me chamar de mãe. Eu com certeza não queria que isso acontecesse, já havia me acostumado em ser a "mamãe" e simplesmente amava quando me chamavam assim. Mas para minha surpresa, Charlotte não pareceu nem tentar parar de me chamar assim, e Seth até tentou, mas sempre se confunde e na maioria das vezes eu ainda sou "mamãe".

- Mãe, manda a Charlotte parar de gritar – Seth reclamou assim que cheguei à sala, sentado no sofá levantando os olhos da revistinha que lia.

- Mamãe cadê o sapato da minha Barbie? – Charlotte perguntou ignorando totalmente o irmão.

- Lottie, não grita, você vai acordar a Molly e se você não sabe, mocinha, eu não tenho nem ideia, deve ter caído no seu quarto, vá guardar seus brinquedos que aposto que você vai achar.

- Mas eu não quero guardar – ela choramingou e eu sorri indo ver Molly que dormia em seu cercadinho depois de desistir de tentar sair.

- Mas precisa e eu não estou pedindo, estou mandando, vai logo – aponto para a escada e ela faz um bico enorme antes de começar a se arrastar escada a cima com a boneca loira nas mãos como se o mundo tivesse acabado. Ouço a risadinha de Seth e o olho. – Aproveite e vá você também.

- Quê!?

- Vai arrumar seu quarto Seth, está uma bagunça.

- Por quê? O que eu fiz?

- Não fez nada e eu estou mandando. Vai arrumar aquela bagunça, aposto que você vai encontrar a revistinha que perdeu.

- Não é revistinha, o nome é mangá, e foi a tia Bri que me deu.

- Então vá arrumar seus mangás.

- Mas eu...

- Agora – o corto. Ele faz cara feia, mas não discute, fica de pé e passa por mim sem dizer mais nada mostrando toda a sua indignação com o silêncio.

Sorrio me sentando no sofá e vendo-o subir as escadas. Muitos meses atrás eu nunca conseguiria isso de Seth, mandá-lo fazer alguma coisa e ele me obedecer com apenas uma palavra? Eu não faria nem se quisesse, mas agora gosto de ver que mesmo que não queira ele vai e faz, mesmo que não aceite ele não me responde. Só se cala e obedece. Isso por si só já é uma grande coisa, porém o que me deixa mais feliz é saber que agora ele com certeza é um pouco mais do garotinho de onze anos que devia ser.

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