O celular de Sarah tocou outra vez. Era a última tentativa de Eveline para falar com ela, antes de descer para comer a pizza e inventar que sua irmã tinha caído no sono, como sempre fazia. E dava certo todas as vezes, pois seu pai não fazia questão de verificar se a garota estava realmente dizendo a verdade. Ele sempre fez o tipo desligado que não se importa com nada, o que deixava Susan louca, pois ela fazia questão de verificar cada passo que suas filhas davam.
A ligação caiu na caixa postal mais uma vez. Eve levantou e abriu a janela, caso Sarah quisesse fazer uma volta para casa um pouco mais arriscada. Ela olhou ao redor e torceu o nariz pra toda aquela desorganização. Suas mãos coçaram para colocar tudo no seu devido lugar. Mas ela não ia fazer isso. Não iria tornar aquela sexta à noite ainda pior... talvez apenas a cama. Eveline imaginou Sarah subindo pela janela e se jogando na cama toda bagunçada. Não custa nada, pensou, pegando a mochila dela e colocando todas as coisas para dentro, quando um papel branco caiu em cima do carpete. Um papel pequeno e retangular. Ela se abaixou para pegá-lo.
— A lista. — Resmungou ao ler o papel. — Por que a Sarah tem isso?
O pequeno papel em sua mão era o convite para algo relacionado a lista. Com o material duro e levemente rugoso. "A Lista" escrito em uma fonte diferenciada e na parte de trás coordenadas e um horário militar. Quem quer que estivesse organizando aquilo levava o trabalho muito a sério. Ela pegou o celular para descobrir a localização e quando aconteceria: Hoje; nove horas; no prédio abandonado do colégio.
Ela encarou o relógio marcando exatamente nove horas e treze minutos e saiu correndo pelas escadas até seu pai para avisar que Sarah estava dormindo e que ela faria o mesmo.
— Tem certeza? — Ele perguntou.
— Sim... Não estou me sentindo muito bem. — Passou a mão sobre a barriga.
— Parece que vou ter que comer tudo sozinho... que pena... — Ele fez uma careta, tentando mostrar que estava chateado, mas no fundo ela sabia que era apenas encenação. Quando ele voltou a atenção para a televisão ela subiu as escadas o mais rápido que conseguiu até seu quarto.
Ela não tinha certeza se era uma boa ideia, mas uma coisa era certa: aquela poderia ser a chance dela descobrir quem estava por trás da lista e conseguir uma vantagem sobre Alef ou até mesmo eliminá-lo da campanha
Eveline revirou seu armário atrás de algo para vestir. O que ela deveria usar? No convite não tinha nenhuma pista do que a aguardava, então decidiu ser o mais discreta possível. Ela pegou suas roupas menos chamativas e com menos cores possíveis: Uma calça jeans, blusa branca e uma jaqueta por cima. Ela calçou um tênis e foi para frente do espelho. Seu cabelo ondulado caia sobre seus ombros formando cachos desgrenhados. Ela fez uma careta. Seu cabelo tinha vida própria... o que ela poderia fazer? Enfiou o convite no bolso da jaqueta junto com o celular e olhou pela janela, avaliando se conseguiria descer sem acabar com todos os ossos quebrados.
Depois de quase dez minutos para conseguir sair de casa intacta, ela atravessou o bairro até a escola. O lugar estava com as luzes apagadas e o portão principal fechado. Então deu a volta, beirando o muro do colégio, até enxergar o prédio abandonado. Ela seguiu ressabiada até conseguir entrar por um buraco na grade e seguir a movimentação até a entrada do prédio onde uma pequena fila com quatro pessoas se formava em sua frente.
— Convite. — O garoto pediu, quando chegou a vez dela. Ele estava usando uma máscara preta apenas com os olhos castanhos aparecendo. Eveline um pouco desajeitada deixou o pequeno papel cair no chão. — Não temos a noite toda, princesa. — Ele disse quando ela se abaixou para pegar o papel.
— Aqui. — Entregou.
O garoto deu o convite para uma menina com o cabelo loiro usando a mesma máscara.
— Duzentos e vinte dois. — Ela falou, entregando uma máscara igual, só que da cor branca.
— Sarah Judd? — Ele perguntou.
— Isso. Sarah Judd. — Confirmou.
Quando pegou a máscara viu que o nome de sua irmã estava escrito na parte interna com uma letra preta da mesma fonte do convite.
— Celular. — O garoto estendeu uma caixa com vários telefones em sua direção, deixando visível um capacete de futebol americano tatuado em seu pulso. Eveline tirou o celular do bolso da jaqueta e colocou na caixa. — Divirta-se, princesa. — disse um pouco antes das portas se abrirem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não Diga Que Me Ama
Teen FictionUm beijo inesperado pode mudar tudo; pode despertar sentimentos que sequer sabia-se da existência, como também destruir planos. E foi assim que uma talvez história de amor não teve seu início: um beijo que não deveria ter acontecido chegou antes de...