Luke estacionou a moto, tirou o capacete e passou a mão pelo cabelo tentando deixá-lo menos bagunçado. Há duas semanas ele teria atravessado o estacionamento e sentado nas últimas cadeiras da sala de aula sem ninguém interrompê-lo, mas nos últimos dias tinha sido difícil fazer isso sem Katie aparecer no seu caminho. E lá estava ela de novo. A garota parou ao lado dele e deslizou a língua pelo lábio superior.
— Você tem me deixado curiosa.
— Curiosa? — Franziu o cenho. Ela se aproximou e escorregou a ponta do dedo indicador no guidão da moto. Ele observou o movimento até a mão dela cair em sua perna.
— Pra saber o motivo de você não ter me ligado... Você tem alguém? Você não gosta de garotas? Não me acha bonita? — Luke soltou uma risada contida ao ouvi-la.
— Não é nada disso.
— Então por quê? Espera... só não me diga que é por causa do Alef. Eu sei que vocês não se dão bem, então não faz sentido você não querer magoar os sentimentos dele. — Katie cruzou os braços. — A propósito, acho que aquele idiota não tem sentimentos. Espero que isso não seja alguma doença de família, ou é?
— Eu só não quero arranjar mais problemas, ok? — Disse, saindo de cima da moto. Ela se afastou, observando-o prender o capacete e ajeitar a mochila nas costas.
— Você gosta de alguém... é aquela garota que vive com você?
— Katie... não...
— Eu também não me importo. — Deu de ombros. — Não me olhe assim... é que... bem, não é todo dia que um cara me evita.
— Eu não estou te evitando...
— Ótimo. Nós vamos sair na sexta à noite. O que me diz? Você não tem cara de quem tem muitos compromissos... então sem desculpas.
— Assim você me ofende...
— É a falta de prática. Não costumo chamar muitos garotos para sair. — Sorriu. — Olha, nós podemos ir como amigos, ok? Mas ninguém precisa saber desse detalhe e isso pode te ajudar com a garota que você gosta. É bom mostrar que tem concorrência de vez em quando.
— Vou pensar...
— Quando você vai perceber que não tem escolha? — Katie riu da careta que ele fez e se aproximou, apoiando a mão no ombro dele. — me lembre de não usar salto. — disse, após concluir que ficaria maior que ele caso usasse.
Katherine deu um beijo em seu rosto e saiu rebolando pelo estacionamento, chamando atenção de todos os garotos por onde passava. Não dava pra negar. Ela era estupidamente bonita. Mas isso não mudava nada.
Luke fez o caminho até a sala onde aconteceria sua primeira aula. Todos dentro dela pareciam inquietos. Algo sobre terem esvaziado todos os pneus do carro do diretor Keegan. Porém essas pegadinhas não eram nenhuma novidade. No último ano alguns alunos estavam empenhados em pregar peças no diretor. Uma lista secreta chegou a circular, com pontuação e premiação, para cada item que fosse executado. Depois de montagens do diretor Keegan vestindo roupas íntimas feminina circularem o colégio inteiro, foi criado um grupo de combate ao bullying pelo presidente do grêmio. O que era uma grande piada, já que o presidente era ninguém menos que Alef Cohen. Entretanto ele parecia dedicado em se tornar o defensor dos oprimidos.
— Onde você estava? — Eve perguntou ao cruzar com Luke pelo corredor.
— Aula de geografia. Por quê?
— Nós tivemos uma reunião e o diretor vai dar vantagem para quem se empenhar mais em resolver o probleminha da lista.
— Ele sabe da lista?
— Acho que não, mas ele estava muito irritado.
— Eu também ficaria se encontrasse minha moto com os pneus vazios.
— A questão não é essa Luke... pensa comigo... Alef está na vantagem pois foi ele quem criou esse lance de combate ao bullying. É totalmente injusto.
— Diz isso para pro Keegan e sua lingerie rosa. — Ele riu, lembrando da imagem.
— Luke, me escuta! — Eve puxou o garoto pelo braço até uma parte do corredor menos movimentada. — Eu acho que sei quem começou com essa lista.
— Quem?
— Seu primo.
— Isso é loucura, Eve. Por que ele faria isso?
— Eu não sei, ok?! Mas quando entrei na sala, ele e os amigos estavam rindo e comentando sobre alguns dos desafios que fizeram ano passado e eles pararam assim que me viram. Estou te dizendo, o jeito como ele estava falando... parecia que ele tinha feito parte daquilo tudo... se pelo menos eu conseguisse provar...
— Eve, eu não gosto dele, ok? Mas isso já é demais. Alef não é idiota de participar de algo assim.
— Na verdade ele é bem inteligente... ele criou a lista e também o grupo que combate a lista, assim ele pode controlar as informações que chegam no diretor e garantir que ninguém vai descobrir! Droga! Ele é esperto de verdade!
— Eve, isso é loucura!
— Talvez seja... mas e se não for? Nós podemos tirar ele da jogada se conseguirmos provar que estou certa.
— Mas e se você não estiver e mais pessoas começarem a pensar a mesma coisa que você? Eve, isso pode acabar com ele!
— Essa é a intenção!
— Não, Eve! Ele pode ser expulso se você sair falando isso por aí!
— Eu tenho certeza que ele não pensaria duas vezes se fosse você.
— Talvez. — Deu de ombros. — Mas eu não sou ele e não concordo com isso.
— Tudo bem. — Cruzou os braços. — Você tem razão. É melhor deixar isso pra lá.
— Sim. É melhor.
Eveline atravessou o corredor ao lado dele até a próxima aula em silêncio. Ela tinha concordado que era melhor esquecer esse assunto, mas ambos sabiam que ela era teimosa demais para ter desistido assim tão fácil.
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Não Diga Que Me Ama
Teen FictionUm beijo inesperado pode mudar tudo; pode despertar sentimentos que sequer sabia-se da existência, como também destruir planos. E foi assim que uma talvez história de amor não teve seu início: um beijo que não deveria ter acontecido chegou antes de...