CAP17 - A briga

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Luke apertou o passo no corredor infinito entre seu quarto e a cozinha, enquanto colocava a mochila nas costas. Pegou a maçã em cima da mesa, beijou a testa de sua mãe, que estava preparando o café e mordiscou a fruta.

— Estou atrasado...

Falou, antes que Lucy dissesse qualquer coisa a respeito da noite anterior.

— Você não vai conseguir fugir pra sempre, mocinho... — Respondeu em alta voz, observando o garoto caminhar até a porta. — E nada de correr, ouviu bem?!

Luke ergueu uma das mãos, fazendo um sinal positivo e saiu em direção a garagem.

O dia estava tão ensolarado quanto o anterior. O céu azulado. Nenhum sinal de nuvens e, ainda assim, a temperatura estava agradável e o trânsito fluindo livremente.

A primeira aula passou um pouco rápido demais, talvez o atraso tenha ajudado. A segunda, ele sequer se lembra o que foi dado e a terceira se arrastou como uma lesma.

Era um dia livre. Sem Eveline ou Katherine em suas primeiras aulas e nem mesmo esbarrando com Sarah nos corredores. Um pouco entediante, mas nada impossível de aguentar.

Assim que o sinal tocou o garoto tirou o celular do bolso, na esperança de encontrar alguma mensagem de Eve sobre almoçarem juntos ou alguma informação que ele não fazia questão de saber sobre o grêmio, porém não encontrou nada.

Ele passou alguns segundos encarando o telefone, decidindo se ligava ou não para Eveline para perguntar onde ela estava, mas e se ela estivesse evitando ele? Talvez Sarah tenha dito alguma coisa... Não. Ela não disse, caso contrário teria algumas centenas de mensagens raivosas em seu telefone.

E se ele contasse? O quão ruim seria a reação dela? Talvez ele devesse considerar isso. Melhor que ela descubra por ele do que por um rompante de Sarah. Não... Não. É melhor deixar isso pra lá... Talvez ela nunca descubra. Talvez nem passe pela cabeça dela sobre o que sua irmã sente ou sobre o beijo ou sobre Sarah estar certa sobre ele... Era verdade... não era?! Ele estava ali só por causa da Eve ou não? A verdade é que ele nunca tinha parado pra pensar sobre isso.

Luke suspirou, enfiando o telefone dentro do bolso novamente e saiu pelos corredores em direção ao refeitório.

Talvez ele devesse considerar a ajuda da Kate. Ou talvez ele devesse esquecer isso tudo. Uma hora toda essa confusão vai precisar terminar, certo? Provavelmente em alguma manhã como essa ele irá encontrar Eve pelo corredor e será apenas um encontro como qualquer outro e logo em seguida ele terá uma conversa rápida com Katherine e não sentirá a menor necessidade de participar de um de seus planos mirabolantes de vingança em troca de dicas amorosas. E ainda, num desses esbarrões pelos corredores, ele vai conseguir resistir ser sugado para todo o drama que é estar perto da Sarah.

Talvez. Um dia. Por enquanto ainda há um longo caminho a percorrer.

O garoto acenou numa tentativa frustrada de atrair a atenção de Eveline do outro lado do refeitório. Ele pensou em chamá-la, mas seria uma perda de tempo já que as pessoas pareciam estar mais barulhentas que o normal.

Ele tentou chegar até ela, mas ficou preso no meio de uma pequena confusão que se formou no meio lugar.

— Licença... licença... — Luke resmungou algumas vezes, enquanto perdia de vista a menina, numa situação um tanto curiosa.

Eveline, com suas tranças desgrenhadas, e Zach atravessavam o refeitório em direção aos corredores numa espécie de perseguição. A garota tagarelava com suas gesticulações excessivas atrás dele. Ela parecia um pouco irritada, provavelmente por não estar conseguindo as respostas que queria.

O que ele tinha feito dessa vez? Era algo com Sarah? Era grave ao ponto de fazer Eve deixar sua apatia e o papo de "eles brigam e voltam o tempo todo" de lado e tirar satisfações? Ele não ia esperar para saber...

Luke deu meia volta tentando sair daquela pequena aglomeração que tinha se enfiado quando alguém berrou:

— Eu quero que você vá...

E todos ao redor começaram a gritar e a se agitar antes mesmo da frase terminar, deixando o lugar um pouco mais quente que o normal.

— Eu vou acabar com vocês!

A pessoa gritou novamente.

E dessa vez ele reconheceu aquela voz... aquela estridente e esganiçada voz.

Era Katherine. A garota estava aos berros enquanto era contida por alguns jogadores do time de futebol. E do outro lado, obviamente, estava Alef com a blusa coberta com suco de tomate e alguns arranhões no rosto, fazendo uma espécie de barreira para outra líder de torcida.

O garoto respirou fundo. Ele queria ir atrás da Eveline e descobrir o que estava acontecendo, mas aquela cena parecia mais urgente.

Dessas vezes ele ultrapassou as pessoas sem pedir licença. Apenas afastou todos que estavam em sua frente até chegar na ruiva.

Não foi uma tarefa fácil tirá-la de lá, apesar de ser esguia, ela era bem forte e só parou de gritar quando Alef e a garota loira agarrada em suas costas desapareceram de sua vista.

— O que foi isso? — Luke perguntou quando ela finalmente se acalmou.

— Aquela vadiazinha acha que é alguém só porque fez sexo com o Alef no banheiro do ginásio... como se ele fosse assumir ela... Rá! Eu duvido! Ele só está usando ela, mas se ela acha que pode ficar me provocando, ela está muito enganada! Eu vou transformar a vida dela num inferno e...

— Kate... respira... — Ele puxou o ar para dentro dos pulmões como se estivesse mostrando pra ela como se deve fazer. — Não vale a pena... Você só perdeu a razão com tudo isso. Eles conseguiram o que queriam.

— Se ele quer ganhar mais alguns arranhões naquele rostinho bonito... quem sou eu pra negar?

— Kate, você está de frente das líderes de torcida e se você continuar cedendo às provocações deles você pode perder isso... é uma opção deixar aquela garota no seu lugar?

— Oh, deus! Eu morro se isso acontecer!

— Eu não quero que você morra...

— Nem eu... — Suspirou, cruzando os braços.

— Então acho que você deve aguentar mais um pouco na próxima vez...

— Eu juro que se tiver próxima vez eu...

— Vai ter...

— Eu sei... é que... há uns dias atrás aquela vadia estava me seguindo para todos os lugares, fingindo ser minha amiga enquanto transava com o Alef... e tudo debaixo do meu nariz...

— Eu sinto muito por isso... eles não merecem você.

— Não, não merecem... obrigada.

— Eu sei que é uma pergunta um pouco idiota, mas... você está bem?

Katherine desarmou os braços, puxando o ar para responder aquela pergunta quando seu nome ecoou pelos corredores.

— Katherine Sanders e Courtney Eastwood comparecer imediatamente à diretoria.

— Vou ficar... — Ela respondeu, após seu nome soar pela terceira vez. — preciso ir... obrigada de novo. — Agradeceu com um sorriso amarelo antes de atender o chamado do diretor Keegan.

 — Agradeceu com um sorriso amarelo antes de atender o chamado do diretor Keegan

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Vim dizer uma coisinha: I'm Back!

Não Diga Que Me AmaOnde histórias criam vida. Descubra agora