Eveline estava sendo arrastada pela jaqueta para o centro do ginásio quando o alarme de incêndio foi acionado, jogando água em cima de todos que estavam ali. Ela aproveitou o tumulto e se soltou, deixando o casaco para trás na mão do garoto e correu para os corredores que mais pareciam um labirinto sem saída.
— Droga! Droga! Droga! — Resmungou, ao ver novamente a porta com o número três pendurado. Era a segunda vez que passava ali. Eveline já não sabia mais pra onde ir ou o que fazer quando Alef apareceu do outro lado do corredor com as roupas tão encharcadas quanto as dela e a franja loira caindo sobre a máscara preta que revelavam apenas seus olhos verdes e inquietos.
Ela ameaçou correr, fazendo-o parar abruptamente seus passos. O garoto olhou para os lados, pedindo, com as mãos, para que ela continuasse no mesmo lugar. Mas por que ela faria isso? Alef não era nenhum pouco confiável... então contou até três e correu o mais rápido que conseguiu para o outro lado.
Foi uma atitude arriscada para uma pessoa totalmente sedentária. Considerando que o único esforço físico que ela fazia era caminhar até o colégio todos os dias já que sua mãe tinha proibido de ir com Luke de moto com o argumento de que era ruim para a imagem da família. Afinal, o que os vizinhos iriam pensar? Deve ter sido esse o motivo dele ter conseguido alcançá-la tão rápido. Eveline mal tinha chegado no fim do corredor quando Alef segurou-a contra a parede.
— Eu disse para ficar parada! — Ele resmungou, mantendo a garota presa.
— É melhor você me soltar... — Disse ofegante. — Ou eu vou começar a gritar!
Alef inclinou a cabeça para baixo a fim de encará-la e com uma das mãos tirou a máscara de seu rosto exibindo um sorriso cínico.
— E você espera que alguém apareça pra te ajudar?
— Eu espero que... SOCORRO! — Eveline gritou o mais alto que podia, se debatendo nos braços dele.
— Ei! Ei! Fica quieta! — Ele tapou a boca dela e pressionou seu corpo nela, até que Eveline desistisse de fugir. — Eu não sei se você percebeu, mas eu sou a única pessoa nesse lugar disposta a te ajudar. Então se você quiser sair daqui vai ter que fazer o que eu mandar, entendeu? — Seus olhos verdes fitaram-na procurando uma resposta. A garota balançou a cabeça em concordância. — Eu vou te soltar. Não grite e não corra porque eu não vou atrás de você de novo. — Disse, tirando a mão da boca dela. — Posso confiar em você? — Ergueu uma das sobrancelhas.
— Pode. — Suspirou, sentindo o corpo dele se afastar aos poucos.
— Ótimo. Por aqui...
Ele saiu andando, deixando-a para trás com o corpo formigando pelo contato.
— Você vem ou não? — Perguntou, deslizando a mão pelo cabelo, formando um topete bagunçado.
— Sim... eu... eu... estou indo. — gaguejou, recuperando o passo. — Por que você está fazendo isso?
— Fazendo o que?
— Me ajudando. — Falou, observando-o. Ele continuou andando com sua postura impecável sem dizer uma palavra. — Não vai responder? Tudo bem. Estou acostumada.
— Você nem deveria estar aqui...
— Ninguém deveria. Você tem ideia do que pode acontecer se descobrirem?
— Não, mas se formos descobertos tenho ideia de quem pode ter nos entregado. — Ele a encarou.
Um silêncio pesado se formou ao redor deles até um confusão de vozes se aproximar.
— Tem alguém vindo...
— O que vamos fazer? — Eveline indagou com um certo desespero no seu tom.
— Aqui... — Alef abriu a primeira porta que viu. — Vamos... Evie, entra!
A garota obedeceu entrando na sala. Ele entrou logo em seguida, espiando pela fresta da porta.
— Eles estão vindo. — Fitou-a.
— O que eles vão fazer comigo? — Perguntou com os dedos entrelaçados na frente do corpo. Ela estava apavorada. O castigo de um invasor não devia ser algo agradável para que ele se esforçasse tanto em ajudá-la.
— Não vão fazer nada. — Alef se aproximou e antes que Eveline o contrariasse, ele a segurou pela nuca e a beijou.
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Não Diga Que Me Ama
Teen FictionUm beijo inesperado pode mudar tudo; pode despertar sentimentos que sequer sabia-se da existência, como também destruir planos. E foi assim que uma talvez história de amor não teve seu início: um beijo que não deveria ter acontecido chegou antes de...