Ouvi o toque do meu celular e, ao abrir os olhos, fui atingida pelo sol forte que atravessava a cortina. Minha visão demorou a desembaçar e, por pouco, não rejeitei a ligação achando que fosse o despertador.
– Alô? – a rouquidão da voz denunciava meu sono.
Do outro lado da linha estava Steve, meu chefe, informando que a escala do plantão havia sido alterada e que eu não precisaria ir para a agência naquele dia. Fiquei contente com a notícia, pois estava extremamente cansada. Deixei o telefone sobre o criado mudo e voltei para a cama na tentativa de continuar dormindo. Busquei uma posição bem confortável. No meu caso era de lado com as mãos entre os joelhos. Sempre foi, desde que me entendo por gente. Apesar da vontade, não consegui mais dormir. Minha cabeça pesava uma tonelada, efeito do estresse da noite anterior. Sem poder descansar, resolvi levantar e tomar um café forte. Apenas o aroma já me ajudava a despertar. Depois de comer, continuei lá, estática, sentada à mesa, viajando em pensamentos lentos e esperando meu corpo acordar. Eu gostava de morar sozinha, mas naquele dia, especificamente, me senti só. A casa era grande e vazia e só havia eu, imóvel, sentada naquela cozinha. Acho que o sentimento de solidão apareceu depois da briga com minha melhor amiga. Algum tempo depois, abri as janelas e pus-me a admirar a bela manhã ensolarada. Eu sempre gostei de dias assim. Nada melhor que isso para esquecer uma noite terrível. Também era uma ótima ocasião para uma boa faxina, era sábado e eu queria distrair-me da forte dor de cabeça. Ainda que trabalhasse a semana toda, mantinha minhas coisas em ordem. Sempre fui bastante organizada, diferentemente de Melissa que vivia me chamando de neurótica por isso. Assim que ajeitei o quarto, fui para a sala. Peguei a vassoura e ao levantar o tapete para limpar embaixo dele, dei de cara com o DVD. Provavelmente eu havia esquecido ali enquanto assistia Amizade Colorida antes de Melissa passar para me pegar.
Não era mais meu filme predileto. Talvez fosse, mas eu não sentia a mesma coisa agora. A simples imagem na capa me irritava profundamente. É como se aquele cara estivesse lá para me afrontar. Eu ainda não conseguia acreditar que tinha conhecido Justin. Uma celebridade de tão grande influência. Poderia ser até interessante se tudo não houvesse ocorrido da pior forma possível. Possuída pela ira, peguei o disco e o lancei contra a parede usando toda a força que tinha. Desisti da faxina, encostei a vassoura num canto e sentei no sofá refletindo novamente sobre o acontecido. Passei as mãos pelos cabelos e suspirei fundo olhando para a escrivaninha e então decidi ir até o computador para pesquisar sobre a vida de Justin.
Após vasculhar muitos resultados, notei que, aparentemente, o cantor era uma boa pessoa, não se envolvia em confusões e era um excelente profissional. Ele até me enganaria caso eu não tivesse sentido na pele, literalmente, a falta de caráter que possuía. A única coisa que me tranquilizava, era saber que aquele caso realmente havia ficado no anonimato. Eu não suportaria ver aquela situação cabulosa sendo exposta na mídia. Eram incalculáveis as consequências que aquilo traria tanto para ele como para Melissa e eu. Meu estômago embrulhava só de imaginar tal catástrofe.
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A História de Anny Scrooballs [Concluído]
ChickLit🏆#1 - justintimberlake 26.06.2020, 28.06.2020 Nova Iorque, Duas amigas de infância. Diferenças que se completam. Uma jovem doce e tímida, batalhadora... Sedenta por aventura. Sua amiga é diferente: Baladeira, extrovertida, determinada e ousada. Seu...