Sem entender muito bem o que estava acontecendo, decidi sair depressa para que ele não me visse. Se aquilo não fosse real, lá fora, ao menos, eu poderia tomar ar e recuperar a consciência. Meus olhos não poderiam estar enganados, então, se fui em busca de paz não era ali que iria encontrar. Quis fugir do pecado e acabei por me deparar com o próprio diabo no meio do caminho.
Ah, Deus, por que está sendo tão irônico comigo? Por qual motivo mereço ser vítima de tanta tortura? – falei comigo mesma.
– Pensando alto, senhorita?
Virei rapidamente em direção à voz, envergonhada por terem me ouvido.
– Ah! Meu Deus! Você aqui? – ele perguntou tão pasmo quanto eu.
– Acho que está me confundindo. – respondi sem pensar, a coisa mais estúpida que eu poderia ter dito naquele momento.
– Eu não estou louco! – Justin riu da situação – Nós nos conhecemos, Anny.
Fiquei surpresa ao ouvi-lo dizer meu nome, mas completamente perturbada com o que estava acontecendo.
– Que diabos você está fazendo num lugar como esse? – exclamei irritada.
– Ei! Faça silêncio, estamos num local onde as pessoas estão conversando com Deus. – ele disse, em tom baixo, enquanto colocava sua mão sobre meu ombro, me levando para a sombra de uma árvore.
– Como ousa me abraçar? Está doido?
– Fale mais baixo, por favor, eu já disse. – Justin desfez o abraço – Me desculpe.
Trocamos olhares por alguns instantes, e admito que foi bom recordar o azul dos olhos deles.
– Ainda está brava comigo? – perguntou, quebrando o silêncio.
– Do que está falando? – insisti em desconversar. Em seguida, Justin virou os olhos fazendo cara de tédio. Na verdade, estava me repreendendo por mentir.
– O que você fez foi muito errado. – admiti
– Eu sei. – ele desviou o olhar, constrangido. – Por esse e outros motivos estou aqui.
– Jamais imaginei te encontrar num lugar como esse. Como você veio parar aqui? – indaguei.
– Eu posso te contar caso aceite falar comigo. Podemos conversar ou você ainda tem nojo de mim?
– Pode falar. – falei, forçando um sorriso.
Eu e Justin começamos a caminhar enquanto conversávamos, e por mais absurdo que possa parecer, naquele momento, eu desejei ouvi-lo. Além do mais não haveria problema algum em andarmos por ali juntos, já que o local era deserto o bastante para que um artista não chamasse atenção, mas movimentado o suficiente para que uma mulher não ficasse sozinha ao lado de um homem de caráter duvidoso. Inacreditavelmente ninguém o reconheceu, nem interrompeu nossa conversa, e eu pude aproveitar a nova oportunidade de estar ao lado de Justin. No fundo, tive raiva de mim mesma por não sentir mais raiva dele. Mas... Sentimentos são inevitáveis.
– Conheço esse lugar há muito tempo, desde a minha infância, mas raramente venho para cá. - ele me disse - Hoje vim para fugir de tudo. Aqui ninguém me reconhece e essa capela antiga me traz uma paz fora do comum. Eu sinto como se fosse.. só Deus e eu. E você?
Ouvi Justin tirar cada palavra da minha boca.
– Nossa! – sorri sem conter minha surpresa – Estou aqui exatamente pelo mesmo motivo. Tirando a parte de ser uma celebridade. – brinquei.
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A História de Anny Scrooballs [Concluído]
Chick-Lit🏆#1 - justintimberlake 26.06.2020, 28.06.2020 Nova Iorque, Duas amigas de infância. Diferenças que se completam. Uma jovem doce e tímida, batalhadora... Sedenta por aventura. Sua amiga é diferente: Baladeira, extrovertida, determinada e ousada. Seu...