Capítulo 6: Celulares nunca funcionam quando mais precisamos

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Sem entender muito bem o que estava acontecendo, decidi sair depressa para que ele não me visse. Se aquilo não fosse real, lá fora, ao menos, eu poderia tomar ar e recuperar a consciência. Meus olhos não poderiam estar enganados, então, se fui em busca de paz não era ali que iria encontrar. Quis fugir do pecado e acabei por me deparar com o próprio diabo no meio do caminho.

Ah, Deus, por que está sendo tão irônico comigo? Por qual motivo mereço ser vítima de tanta tortura? – falei comigo mesma.

Pensando alto, senhorita?

Virei rapidamente em direção à voz, envergonhada por terem me ouvido.

Ah! Meu Deus! Você aqui? – ele perguntou tão pasmo quanto eu.

– Acho que está me confundindo. – respondi sem pensar, a coisa mais estúpida que eu poderia ter dito naquele momento.

Eu não estou louco! – Justin riu da situação – Nós nos conhecemos, Anny.

Fiquei surpresa ao ouvi-lo dizer meu nome, mas completamente perturbada com o que estava acontecendo.

Que diabos você está fazendo num lugar como esse? – exclamei irritada.

Ei! Faça silêncio, estamos num local onde as pessoas estão conversando com Deus. – ele disse, em tom baixo, enquanto colocava sua mão sobre meu ombro, me levando para a sombra de uma árvore.

Como ousa me abraçar? Está doido?

Fale mais baixo, por favor, eu já disse. – Justin desfez o abraço – Me desculpe.

Trocamos olhares por alguns instantes, e admito que foi bom recordar o azul dos olhos deles.

Ainda está brava comigo? – perguntou, quebrando o silêncio.

Do que está falando? – insisti em desconversar. Em seguida, Justin virou os olhos fazendo cara de tédio. Na verdade, estava me repreendendo por mentir.

O que você fez foi muito errado. – admiti

Eu sei. – ele desviou o olhar, constrangido. – Por esse e outros motivos estou aqui.

Jamais imaginei te encontrar num lugar como esse. Como você veio parar aqui? – indaguei.

Eu posso te contar caso aceite falar comigo. Podemos conversar ou você ainda tem nojo de mim?

Pode falar. – falei, forçando um sorriso.

Eu e Justin começamos a caminhar enquanto conversávamos, e por mais absurdo que possa parecer, naquele momento, eu desejei ouvi-lo. Além do mais não haveria problema algum em andarmos por ali juntos, já que o local era deserto o bastante para que um artista não chamasse atenção, mas movimentado o suficiente para que uma mulher não ficasse sozinha ao lado de um homem de caráter duvidoso. Inacreditavelmente ninguém o reconheceu, nem interrompeu nossa conversa, e eu pude aproveitar a nova oportunidade de estar ao lado de Justin. No fundo, tive raiva de mim mesma por não sentir mais raiva dele. Mas... Sentimentos são inevitáveis.

Conheço esse lugar há muito tempo, desde a minha infância, mas raramente venho para cá. - ele me disse - Hoje vim para fugir de tudo. Aqui ninguém me reconhece e essa capela antiga me traz uma paz fora do comum. Eu sinto como se fosse.. só Deus e eu. E você?

Ouvi Justin tirar cada palavra da minha boca.

Nossa! – sorri sem conter minha surpresa – Estou aqui exatamente pelo mesmo motivo. Tirando a parte de ser uma celebridade. – brinquei.

A História de Anny Scrooballs [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora